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Margaux coloca a Inteligência Artificial como vilã num filme irregular e arrastado

Margaux (2022), do diretor americano Steven C. Miller, é mais uma película que traz a IA como centro de sua trama.

Foto: Moviemeter


Embora seja um dos assuntos mais comentados recentemente pela internet, a Inteligência Artificial (IA) nunca deixou de nos acompanhar. Para o Cinema, vários foram os filmes que a colocaram como tema principal. Muitas vezes vista como algo que se rebela contra os próprios humanos. De máquina que poderia nos auxiliar, passa a ser uma ameaça mortal e, inclusive, consegue expressar até sentimentos humanos. Como exemplo, podemos citar Geração Proteus (1977) e Tau (2018).


Margaux (2022), do diretor americano Steven C. Miller, é mais uma película que traz a IA como centro de sua trama. E, a exemplo de Tau, novamente estamos diante de uma casa que é toda automatizada, Inteligente e independente. A residência é capaz de fazer a própria refeição seguindo o gosto pessoal do morador até conversar sobre assuntos do cotidiano com a pessoa. Entretanto, as coisas saem erradas (como sugerem os minutos iniciais que acabam até sendo melhores que o filme inteiro).



Mal sabem Drew (Jedidiah Goodacre) e seus amigos o que lhes espera ao entrar na casa. Para comemorar a formatura, resolvem ir passar um final de semana numa casa alugada. Imponente e majestosa, Margaux recebe seus convidados dando-lhes boas vindas e, inclusive, conversando com eles numa linguagem bem jovem e adequada ao grupo. Ganhando as atenções da turma, a AI da casa vai contando orgulhosamente sobre suas qualidades e serviços.



Sem mudar os velhos clichês e estereótipos que costumam figurar nos filmes de Terror com jovens, aqui o déjà-vu é inevitável. O solitário que prefere se divertir usando drogas, a patricinha, o casal enamorado feliz da vida e o cara bonito cobiçado pelas mulheres da escola (por sorte, aqui ele é mais racional e consegue ser menos antipático).



Não poderia faltar a garota nerd sensata e mais precavida cujo desenvolvimento chega mais pela metade do filme. Hannah (Madison Pettis) é o equilíbrio da batalha, e isso já é provado desde a chegada dos amigos na casa, onde a estudante de computação não cede facilmente aos pedidos e conversas de Margaux, desconfiando de algo estranho.

Apresentados aos compartimentos e às facilidades da casa, o grupo se instala. A casa faz questão de apresentar seus truques e convencer os visitantes sobre seu poder. Aos poucos, vai mostrando sua dominância que implica desde os tons de conversas mais agressivos até a tentáculos robóticos que surpreendem o grupo.


A mistura de Gore e Slasher, alguns sustos repentinos e elementos de humor negro que fazem jus a alguns personagens e suas índoles não surpreendem o bastante na trama. O filme acaba se arrastando na segunda metade. Em meio a uma previsibilidade, o espectador acostumado a esse tipo de filme sabe quem pode sobreviver e qual a melhor forma de vencer ou sobrepujar o inimigo.



Entre mortes que buscam valorizar a inteligência e a estratégia da IA criativa e outras que só reiteram a estupidez de certos personagens, a trama insossa é preenchida com muitas cenas de ação e segue determinada a misturar os dois planos (físico e virtual) para tentar convencer o espectador de que o roteiro pode viajar um pouco e recorrer a mortes e muitas lutas.



Uma das habilidades de Margaux é criar seres e objetos em 3D com a máxima perfeição. A partir disso, o diretor usa e abusa das cenas de terror e de ação desenfreada (com direito a porradaria e golpes de artes marciais).


A história até tenta embutir suas críticas e fazer analogias com o mundo atual, entretanto aqui a função acaba escorregadia e sem encaixe adequado. A busca pelo maior número de seguidores possíveis na internet, a demasiada exposição nas redes sociais, a tecnologia que pode escravizar e a obsessão do homem pela máquina.

O erro maior do filme de Miller é não explorar o potencial da casa (mesmo assim ela é ainda o charme da narrativa). Toda sua arquitetura, seus cômodos e seus perigos. Para isso, bastava criar mais camadas de Suspense. Por exemplo, não seria nada mal colocar outras seções na casa como um porão oculto e mesmo seu jardim. Talvez não seria tão desastroso e prepararia melhor o espectador para um final de maior impacto.



Falando no final, claro, era de se esperar aquela brecha para uma continuação e certamente o destino de alguns personagens renderá indagações por parte do público. Embora esquecível, Margaux acaba até apresentando mais propostas novas para um tipo de vilão que ocupará seu lugar frequentemente nas telas de Cinema. Assustador, embora nada distante da realidade.

 

Margaux


Ano: 2022

Gênero: Terror, Ficção Científica

Direção: Steven C. Miller

Roteiro: Christopher Beyrooty, Nick Waters, Chris Sivertson

Duração: 1h 45 min

 

NOTA DO CRÍTICO: 4,5

 

Trailer:



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