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Hwang Bo-Reum traz afetos precisos no bonito romance “Bem-vindos à Livraria Hyunam-dong”



"⁠No fim das contas, só há apenas uma resposta: a que está no seu coração no momento. Afinal, não é isso que significa viver?" (Trecho do livro)

Foto: Seong Ji-min Clayhouse Inc.
Foto: Seong Ji-min Clayhouse Inc.


Em 2012, o mundo foi apresentado ao K-Pop por meio de “Gangnam Style”, de Psy, uma música que não apenas dominou as paradas musicais, mas também abriu as portas para a exportação da cultura sul-coreana. Desde então, conhecemos fenômenos como BTS, Blackpink, e o premiado filme Parasita. Na literatura, a Coreia do Sul também conquistou seu espaço, e uma obra que tem se destacado é o romance de estreia de Hwang Bo-Reum, “Bem-vindos à Livraria Hyunam-dong”.


A narrativa acompanha Yeongju, uma mulher desmotivada pela sucessão de frustrações em sua vida. Buscando escapar desse ciclo, ela decide realizar um antigo sonho: abrir sua própria livraria. Desde a infância, os livros foram seu refúgio, e a ideia de cercar-se deles parece ser a solução perfeita para preencher o vazio que sente. Contudo, Yeongju descobre que amar livros não é suficiente para administrar um negócio e encontra nos desafios diários da livraria uma oportunidade de autodescoberta e de reconstrução emocional.


A Livraria Hyunam-dong se torna mais do que um espaço comercial — transforma-se em um ponto de encontro para almas feridas que buscam cura e conexão. É nesse ambiente que clientes compartilham suas histórias e esperanças, enquanto Yeongju encontra um novo significado para sua existência, percebendo que encontrou, finalmente, o seu lugar no mundo.



“Bem-vindos à Livraria Hyunam-dong” faz parte do movimento literário conhecido como Literatura de Cura. Apesar de sua proposta reflexiva, não se trata de um livro de autoajuda. É um romance contemporâneo com uma narrativa simples e tocante, a obra oferece pausas necessárias para que o leitor reflita sobre o ritmo acelerado da vida moderna e valorize momentos de tranquilidade.


Através de citações e metáforas poderosas, Hwang Bo-Reum propõe uma forma de viver mais acolhedora, abraçando nossas fragilidades e sonhos. A autora desenha um retrato melancólico, porém esperançoso, da pressa humana, enquanto exalta o poder curativo dos livros não apenas como passatempo, mas como ferramentas para nos reconectarmos com nossa essência para podermos viver de forma plena a vida.


"⁠No fim das contas, só há apenas uma resposta: a que está no seu coração no momento. Afinal, não é isso que significa viver?" (Trecho do livro)

Yeongju, com sua vulnerabilidade e determinação, conduz o leitor por uma jornada de autodescoberta que se reflete em nós mesmos. A protagonista transforma a livraria em um local de conforto, onde cada cliente, incluindo o leitor, encontra empatia e respeito. A escolha de valorizar a leitura em um mundo cada vez mais caótico é uma lembrança importante: mesmo que o tempo para ler seja escasso, ele deve ser aproveitado como um momento de autocuidado e de conexão com nossas emoções.


Como disse o poeta Ferreira Gullar: “A arte existe porque a vida não basta”. Essa frase resume perfeitamente a essência do livro. Através da arte, em especial da literatura, Hwang Bo-Reum nos mostra que a vida pode ser mais leve, rica em emoções e repleta de possibilidades de cura e transformação.


“Bem-vindos à Livraria Hyunam-dong” é uma porta de entrada ideal para a literatura contemporânea da Coreia do Sul. Com personagens memoráveis e uma narrativa cativante, Hwang Bo-Reum se posiciona como uma autora promissora, despertando curiosidade por suas próximas obras e consolidando a literatura sul-coreana como uma referência global.


“Bem-vindos à Livraria Hyunam-dong”

Hwang Bo-Reum


País: Coreia do Sul

Ano: 2023

Páginas: 272

Gênero: Romance, Ficção

Editora: Intrínseca

Idioma: Português

NOTA DO CRÍTICO: 9,0

Sobre a autora:


Hwang Bo-reum é formada em ciência da computação e trabalhou como engenheira de software na LG Electronics. Bem-vindos à Livraria Hyunam-dong é seu primeiro romance e se transformou em um fenômeno, com 250 mil exemplares vendidos na Coreia do Sul em apenas um ano e direitos adquiridos em mais de vinte países.

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