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Gris é um belo jogo retratando a jornada do ser humano tentando superar medos, traumas e depressão.

Foto do escritor: Eduardo SalvalaioEduardo Salvalaio


Existe um (péssimo) estigma por parte de muitos jogadores que produções indies nunca chegarão ao nível de uma produção Triple A. Por conta disso, há sempre uma antipatia pré-estabelecida erroneamente de que tais jogos nunca merecem uma conferida ou uma chance. Em diversos sites e analisando alguns comentários do Youtube, observamos o tanto de preconceito que os jogos indies ainda recebem.


Gris chega como uma (ótima) contradição, alertando que jogos indies merecem uma chance, o que já havia acontecido a Rime, Sea Of Solitude, Rain, Brothers: A Tale Of Two Sons, entre outros. Nas mãos do estúdio espanhol Nomada, Gris chegou sem estardalhaço e acabou surpreendendo até a própria produtora. No Twitter, os responsáveis pelo estúdio agradecem a todos os jogadores relatando que não esperavam a alta venda do jogo e que ele causasse tanta emoção.


Gris é o tipo de jogo que nos coloca prontamente na narrativa. Pouquíssimas informações na tela, nada de textos e os tutoriais são escassos, oferecendo ao jogador apenas qual botão utilizar depois de ganhar uma nova habilidade. Cheio de sequências de plataforma e de exploração, o jogo exige a busca de estrelas que lhe ajudarão a preencher caminhos ou pontes para seguir adiante. Também existem coletáveis, os ‘mementos’, e encontrando todos, garantimos uma cena final extra, bem bonita.

Você pode cair de alturas gigantes, você não morre. A questão aqui não é fazer o jogador desanimar ou ter muitas dificuldades, mas sim, de fazê-lo sentir cúmplice da personagem em sua odisseia. O jogo está longe de ser frustrante, entretanto exige que o senso de observação do jogador seja apurado.

Nada de tiros, poderes especiais, sangue ou violência. Gris pretende dialogar com Filosofia e Psicologia, faz de cada cena uma representação da existência humana ou de nossa reflexão perante os problemas ao nosso redor.




Durante o jogo existe a opção de encontrar lugares secretos ou realizar algumas ações que se definem como representações dos sentimentos humanos, entre eles: negação, raiva, depressão e aceitação. Apesar disso, estamos longe de nos sentir melancólicos, devido ao belo colorido e a vivacidade dos cenários, muito bem representados por um desenho feito à mão, com toque de aquarela, em muitas ocasiões até lembrando um belíssimo desenho animado. Tão bom de contemplar como de jogar. O capítulo em que nossa pequena e frágil protagonista se vê diante de uma tempestade pode estar entre as melhores passagens vistas nos jogos deste século.


Caso tenha terminado e deixado alguma coisa de lado, o jogo permite acessar capítulos e vasculhar tudo novamente. Gris trabalha com tudo aquilo que deve permanecer na história dos jogos e videogames: orgulho de comprar um jogo, fazer o jogador pensar em prol de uma experiência não monótona e sim prazerosa repleta de descobertas, transformar o jogo numa espécie de arte que dialoga com o ser humano e o mundo ao seu redor. Não importa que seja jogo Triple A ou Indie.

 

SAIBA MAIS SOBRE O JOGO AQUI:


 

ASSISTA AO TRAILER DO JOGO:


 

Texto original pulicado aqui:

 

SOBRE EDUARDO SALVALAIO

Um cara da área Civil mas que nos momentos de folga tem um tempo para a escrita. Fã da arte de um modo geral, acha que com ela podemos tirar um pouco os dissabores da vida. Livros, discos, filmes, jogos: um arsenal do qual não abre mão.



 




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