Entrevista: Arturo e a Cidade Devastada expõe lirismo poético agridoce em canções bonitas feitas para acalentar a alma
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Entrevista: Arturo e a Cidade Devastada expõe lirismo poético agridoce em canções bonitas feitas para acalentar a alma

"Imagina o Thom Yorke na mesma mesa de bar que Milton Nascimento, Nick Cave, Chico Buarque e Patti Smith? Pois é."

Arturo e a Cidade Devastada
Imagem: Banda

"Arturo e a Cidade Devastada" emerge no cenário musical como uma brisa refrescante de originalidade e lirismo poético. A banda, nascida da visão artística e pessoal de Arturo, é uma fusão de talentos que se encontraram e se entrelaçaram em Teresina, desabrochando em uma colaboração que transcende as barreiras do convencional.


O som da banda é uma tapeçaria rica de influências, entrelaçando samba-rock, MPB e nuances de psicodelia. O EP de estreia, "A Pior Pessoa do Mundo", é um convite para uma jornada emocional, onde cada faixa é um capítulo que explora a complexidade dos sentimentos humanos. As músicas são contagiantes e nostálgicas, criando uma atmosfera que é simultaneamente acolhedora e provocativa.



As letras são um mosaico de emoções agridoces, capturando a essência da vida urbana com um lirismo que acalenta a alma. Seja abordando temas de amor, desilusão ou a vivência na cidade de Teresina, há uma sinceridade palpável que atravessa o trabalho da banda.


"Arturo e a Cidade Devastada" não é apenas uma banda, é um movimento artístico, refletindo um espírito de renovação e autenticidade. Eles representam uma nova voz na música brasileira, uma voz que fala diretamente ao coração e à consciência de uma geração que busca algo mais em sua música: um reflexo de suas próprias vidas, desejos e lutas.




 

Primeiramente, o Teoria Cultural agradece imensamente a oportunidade dessa entrevista. Para a gente começar, gostaria de saber como se deu a formação da banda?


Arturo: Opa, a gente que agradece. História meio longa mas tentarei resumir. Eu já conhecia o Gabriel Cr3spo de outros eventos em Teresina e nos reencontramos em 2021, quando saí de Parnaíba pra morar aqui. Falei pra ele sobre a ideia de gravar minhas composições, ele prontamente topou e ali iniciamos nossa parceria. O Bruno já tocava com o Gabriel e colou também. Nosso primeiro nome foi Quem matou Laura Palmer? e algumas pessoas passaram por essa ideia inicial. Em 2023, entramos em estúdio pra gravar nosso EP, com produção do genial Iago Guimarães, e até então tínhamos decidido que seria um projeto solo meu com um novo nome, Arturo e a Cidade Devastada, mas naturalmente foi se tornando uma banda depois que eu conheci a Clara num show do Cícero. A Clara trouxe a Andressa e o Gabriel e o Bruno trouxeram o Blau. E cá estamos,

camaradas :)


Um dos pontos que logo chamou a atenção entre a redação do TC foi o nome criativo e distinto da banda. Vocês poderiam nos contar um pouco sobre a inspiração para chegar ao nome Arturo e a Cidade Devastada?


Arturo: É a pergunta que mais nos fazem, inclusive. Mas, bom, sou uma pessoa não binária ainda em transição. Não que Arturo seja um nome social ou algo do tipo, mas é um nome artístico que me deixa livre para ser quem de fato sou. Ainda sofro com questões familiares e só pra você ter ideia, recentemente sofri com ataques irônicos e homofóbicos no twitter. Escolhi o nome em alusão ao livro Pergunte ao Pó, de John Fante, de certa forma me identifico com a confusão e com a utopia desregrada do Arturo Bandini.


E Cidade Devastada é uma referência a meu livro Meu nome agora é uma cidade devastada, onde falo da cidade como um espaço de afeto e horror. Se você conheceu um amor no ponto de ônibus, aquele lugar se devasta e você constrói o seu em cima. É desse lugar que falamos nas canções.


A sonoridade do EP ‘A Pior Pessoa do Mundo’ flerta com o samba-rock, MPB e psicodelia. Canções contagiantes, nostálgicas e viciantes, rsrss... Em quais artistas vocês se inspiram durante o processo de criação das faixas?


R: Arturo: Imagina o Thom Yorke na mesma mesa de bar que Milton Nascimento, Nick Cave, Chico Buarque e Patti Smith? Pois é.




A última canção do EP, ‘Valequemtem’, menciona a cidade de Teresina. Por sinal, uma linda canção que detalha com maestria e lirismo a boêmia do cotidiano da cidade. Aproveitando o gancho, como vocês avaliam a cena alternativa da cidade? O número de espaços destinados a shows do gênero tem sido satisfatório?


R: É interessante ouvir as pessoas cantando Valequemtem, especialmente no show de lançamento. É uma música densa e extensa, cheia de imagens de uma Teresina que sofre com seus abandonos simbólicos e berra que o Piauí vai destruir o mundo. Ao mesmo tempo, é a rotina de muitos de nós, que vivemos essas micro-violências todos os dias. E sobre a cena, ela é forte e preferimos abrir o leque e falar do Piauí. É um paradoxo histórico: muitos talentos e poucos locais com espaço para desenvolver uma cena autoral pulsante. Mas nomes como Artificial Complex, Narcoliricista, Florais da Terra Quente, Jaísa Caldas, Nós e Chico, La Folie, Acácias, Capitão Poeta, Tupi Machine e tantas outras, mostram uma renovação no cenário dos últimos 5 anos. A gente tá chegando agora, né? Espero que possamos contribuir muito ainda.


Como está sendo a aceitação do EP por parte do público dentro e fora do estado? Falando nisso, os fãs podem esperar um álbum cheio em breve? Vocês podem adiantar algo da agenda de shows e participações em festivais?


R: A recepção tem sido incrível, de verdade. O disco não tem nem 5 meses que foi lançado e já percebemos um público se formando através das muitas mensagens que recebemos e das músicas compartilhadas. Fizemos o show de lançamento e agora nos preparamos para os próximos shows, mas nosso foco é a gravação de um single pro início de 2024, que vai anunciar o próximo EP. E logo logo divulgaremos agenda.



Ainda sofro com questões familiares e só pra você ter ideia, recentemente sofri com ataques irônicos e homofóbicos no twitter. Escolhi o nome em alusão ao livro Pergunte ao Pó, de John Fante, de certa forma me identifico com a confusão e com a utopia desregrada do Arturo Bandini.

O que vocês preferem, mídia física ou streaming? O que pensam sobre esse avanço tecnológico dos streamings e toda aquela questão de as plataformas não valorizarem o artista? No cenário alternativo independente, os streamings podem ser uma alternativa favorável para divulgação do som, né?


R: Com certeza, streaming. Apesar da falta de regularização das plataformas em muitos sentidos, desde rede de desinformação em podcasts à remuneração dos artistas, é ainda a forma como os artistas conseguem encontrar novos públicos e fidelizar seu público atual.




Como vocês lidam com o carinho dos fãs?


R: Ah, tem sido massa a recepção, apesar de ainda estar tudo muito no início, já tivemos ótimas surpresas. Em nosso show de lançamento, por exemplo, as pessoas lotaram a casa pra nos ver e cantavam nossas músicas junto com a gente, foi louco. Algumas canções como Vem e Valequemtem a gente já consegue ver as pessoas cantarolando por aí.

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