Eduardo Salvalaio
- 31 de mai. de 2022
- 2 min para ler

Em Hyaline, Maria BC cativa com um disco que explora camadas vocais e cria arranjos melancólicos.

Foto: Sergio Gutierrez

Maria BC nasceu em Ohio, porém depois se mudou para Oakland (Califórnia). Atualmente vive num apartamento do Brooklyn onde gosta de passar seus momentos ao lado da música. Desde criança treinava técnicas vocais do seu jeito mezzo-soprano de cantar. Isso reflete bem a sua forma introspectiva, melancólica e reflexiva de compor, tudo bem próximo de uma música Ambient (como as próprias faixas ‘Hyaline’ e ‘Good Before’ sugerem).

O primeiro ensaio da cantora foi em 2021 através do lançamento do EP “Devil’s Rain”, inclusive com a faixa ‘Adelaide’ recebendo destaque e boas avaliações entre público e crítica (alguns ouvintes citaram a canção como uma das melhores do ano). O début “Hyaline” mostra que Maria é uma compositora de boas ideias que chegam através das técnicas ousadas de sua voz ou pelos arranjos, mesmo que muitas vezes buscando o minimalismo.

O single do álbum, ‘The Only Thing’, pode nos colocar em comparação com Cocteau Twins. Mas é mantendo contato com as outras faixas que percebemos como a artista vai procurando criar sua identidade e delinear suas características, fugindo um pouco de possíveis e únicas influências musicais.

A guitarra elétrica e seu dedilhado ganham presença em ‘Rerun’ e ‘The Big Train’. Em ‘Betelgeuse’, a cantora arrisca uma canção de vertente Rock, a guitarra e os vocais ganham um pouco mais de peso, contudo a canção no final opta pela quietude, até porque Maria prefere não fugir tanto de sua linha melancólica. O trabalho com as camadas vocais também merece atenção. Em ‘April’, um dos destaques do álbum, os vocais ecoam no cérebro do ouvinte em diversas estruturas que se multiplicam.

A eletrônica surge sutil e é um apoio que combina com os arranjos da cantora. Caso de ’ROF’ que através de ruídos e efeitos abre espaço para a chegada decisiva dos vocais de Maria. O clássico e o lírico que a artista cultiva ficam em máxima evidência com ‘Keepsakes’, uma faixa de cunho orquestrado.