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Durval Discos é um filme que tem música brasileira, loja de discos e lados humanos bem apresentado

O vinil tem 2 dois lados, um é chamado lado A que pode ser definido como o mais comercial e o outro é o lado B que é o alternativo ou o autêntico do artista. E isso pode ser bem associado à produção brasileira ao mostrar bem seus contrapontos comportamentais.

Foto divulgação.


Você, que está lendo esse texto, conhece ou já foi em alguma loja de discos? As lojas de discos são lugares culturais tão mágicos e bonitos quanto os cinemas e as bibliotecas, por promoverem culturas, conhecimentos e saberes infinitos. Elas oferecem LPs e também CDs de música, para oferecer aos seus clientes nomes musicais das mais diversas origens e dos mais diversos gêneros, com o intuito de aumentar seu gosto musical e também a chance de ouvir músicas e de conhecer pessoas que amam cultura pop. Esse ponto cultural era bem comum nos anos 1960, 1970, 1980, 1990 e 2000 no Brasil. A partir dos anos 2010, tornou-se um lugar raro de encontrar, pois muitos desses lugares acabaram fechando ou falindo. E hoje, em pleno 2023, mesmo com o retorno do disco de vinil, existem poucas lojas que vendem o material.


Porém, mesmo quando estavam em alta, algumas dessas lojas se recusavam a acompanhar as evoluções tecnológicas, vendendo apenas LPs em vez de também vender CDs. E é através desse cenário que conhecemos “Durval Discos”, um filme brasileiro que retrata a música brasileira dos Anos 1970, exalta as lojas de discos e reflete sobre os aspectos humanos da vida com bastante precisão.



O filme é de 2002 e se passa no ano de 1995. Nele, conhecemos Durval (Ary França), um homem solteiro que é dono da Durval Discos, uma loja de discos que só vende LPs. Ele mora com sua mãe, a dona Carmita (Etty Fraser). Devido ao cansaço dela com os afazeres domésticos, eles contratam uma mulher chamada Célia (Letícia Sabatella) para fazer o serviço. Poucos dias depois, ela desaparece e deixa para trás uma menina de 5 anos chamada Kiki (Isabela Guasco), para cuidar dela. Eles acolhem a criança até descobrirem uma surpresa que causa um verdadeiro rebuliço em suas vidas.


Além de Ary França, Etty Fraser, Letícia Sabatella e Isabela Guasco ele tem no elenco as presenças de Marisa Orth, André Abujamra, Marcelo Mansfield, Theo Werneck e Rita Lee.


O vinil tem 2 dois lados, um é chamado lado A que pode ser definido como o mais comercial e o outro é o lado B que é o alternativo ou o autêntico do artista. E isso pode ser bem associado à produção brasileira onde temos a primeira parte exaltando bem a importância de uma loja de discos, mostrando uma família se ajustando para ser feliz, audição de músicas mais alegres e vivências incríveis dos seus personagens. Já a segunda mostra um lado mais sombrio, personagens com pressão psicológica bem forte, audição de músicas mais tensas e comportamentos que são bem angustiantes.


Tudo isso é muito bem feito por Anna Muylaert que fez um roteiro extremante interativo, dinâmico e teatral fez uma direção imersiva que se conecta bem com aquele período ao mesmo tempo que sabe fazer um chacoalho de emoções que trazem verdadeiras ondas cerebrais de lembranças de coisas para amadurecermos juntos com a história, seu enredo e seus respectivos personagens.



Ary França faz aqui um de seus melhores personagens. Com um jeito que mistura de pessoa rabugenta, desesperada e contida, ele sabe interpretar um Durval que demonstra bem seu amor pela música, é observador e nervoso com as mudanças que ocorrem em sua vida, sendo cauteloso com as pessoas ao seu redor, ao trazer uma personalidade forte e versátil para o papel.


Outros destaques no elenco estão para André Abujamra, que colabora de forma excelente na trilha sonora e traz uma atuação cômica com o personagem Fat Marley. Rita Lee faz uma atuação memorável como Tia Julieta, Marisa Orth traz uma Elizabeth cativante, Etty Fraser traz uma Carmita que sabe ser simples e complexa em suas emoções, Letícia Sabatella apresenta uma atuação rápida e muito boa como Célia, e Isabela Guasco faz uma Kiki que esbanja doçura infantil.



Outro ponto que merece destaque é o uso das músicas ao longo dos 96 minutos da película. A grande maioria delas é da MPB e pertence à década de 1970. A escolha das canções foi muito boa, pois elas souberam ser bem inseridas em cada uma de suas cenas, deixando um sorriso aberto para quem gosta ao ouvir essas canções e despertando curiosidade nos ouvidos daqueles que não conhecem esse período da música brasileira, que era cheio de ótimos discos e artistas cujas músicas são verdadeiras poesias líricas, acompanhadas por sons simplesmente incríveis. Isso proporciona uma oportunidade de ouvir, gostar e se aprofundar ainda mais nesse universo musical.




"Durval Discos" é um filme brasileiro que merece ser assistido, visto e divulgado, pois apresenta várias coisas interessantes e excelentes, como a importância das lojas de discos, a riqueza musical da música brasileira e as dualidades da vida. Ele mostra um verdadeiro contraste perfeito entre momentos felizes e caóticos, com atuações incríveis de um esplêndido elenco de atores. A direção soa interativa, o roteiro é bem teatral e a história é empolgante.

 

Durval Discos



Lançamento: 2002

Gênero: Drama, Comédia

Elenco: Ary França, André Abujamra, Marisa Orth, Rita Lee, Theo Werneck, Letícia Sabatella, Etty Fraser, Isabela Guasco

Direção: Anna Muylaert

Roteiro: Anna Muylaert

Trilha sonora: André Abujamra

Duração: 96 minutos


 

Nota do crítico: 9,0

 

Onde assistir:




 

Trailer:




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