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Drácula - Última Viagem do Deméter reitera a história de Bram Stoker embora apresente suas falhas

Atualizado: 11 de set. de 2023

O filme está longe de ser perfeito, mas apresenta uma proposta diferente ao trazer um capítulo em especial de um livro que foi sucesso mundialmente.

Foto: Universal Studios


Drácula - Última Viagem do Deméter é um filme que traz uma abordagem interessante. Deseja mostrar uma parte da famosa história de Drácula de Bram Stoker, se inspirando assim num dos capítulos do notório e atemporal livro do escritor irlandês.


Stoker conseguiu criar uma das figuras mais imponentes da Literatura e do Cinema que acabou alcançando tremendo sucesso. Um personagem da ficção que o tempo não apaga e que passa por várias gerações. Por si só, o nome Drácula sempre atrai curiosidade. No cinema, várias foram as passagens da temível criatura, algumas vezes bem interpretada pelo memorável ator Christopher Lee.


A direção do filme ficou por conta de André Øvredal, bem conhecido por dirigir Histórias Assustadoras para Contar no Escuro (2019). O diretor articula sua história utilizando basicamente apenas um cenário: o navio. E faz disso um charme, convenhamos. A ambientação, o interior claustrofóbico, a sensação de pequenez diante da imensidão oceânica, solidão, o mar revolto, a proximidade de uma tempestade, a escuridão.



O elenco realmente é um destaque a parte. Liam Cunningham (Game Of Thrones, 2011-2018) e Corey Hawkins (Infiltrados Na Klan, 2018) são atores experientes e bem conhecidos na atualidade. Woody Norman que faz o papel do garoto Toby se junta a esse elenco e no meio de adultos também consegue se sobressair numa atuação que lhe garante um futuro promissor.



Escolhidos a dedo pelo Capitão Elliot (Liam Cunningham), a tripulação do Deméter é composta por homens leais, determinados a viajar e agora a motivação é maior pois as moedas de ouro extras para levar algumas caixas para a Inglaterra podem garantir até a aposentadoria para alguns. A tripulação da embarcação parte para seu destino sem saber o perigo do carregamento que transportam.

Entre eles se encontra Clemens (Corey Hawkins). Um médico negro que deseja navegar mais para descobrir o mundo e entender melhor os homens do que para alcançar riquezas. O roteiro aborda um pouco o racismo e aponta desde já a identidade de um dos personagens principais da película. Clemens precisa ser aceito pela tripulação e ganhar a confiança dela. Entretanto, o filme não faz disso uma alavanca para se sustentar e coloca o tema como uma parte dramática maior para o personagem.


Desde o início, o espectador sabe que o navio Deméter chega à costa inglesa sem algum sobrevivente. Então, a partir desse fato, é a hora dos roteiristas Bragi F. Schut (Samaritano, 2022) e Zak Olkewicz (Trem-Bala, 2022) usarem de criatividade para levar para as telas algo que ficou bem misterioso dentro do universo do livro. Conseguem, apesar de certa regularidade.


Embora saibamos da presença do vampiro a bordo da embarcação, o plano aqui é apresentar sustos (embora muitos previsíveis), descobertas, surpresas e desconfianças. Seja no interior do navio, em sombras que surgem no velame, na passagem do dia para a noite, na comida se esgotando ou na aflição gradativa dos personagens, o terror chega mais dessa forma do que propriamente na figura do Drácula.



Sabemos que a criatura tem vantagem sobre suas vítimas, contudo o filme opta por não seguir por um banho de sangue gratuito. Muitas vezes apenas insinua a presença do vampiro para elaborar ainda mais tensão na próxima cena noturna.


Outro aspecto interessante é trazer Drácula como um completo desconhecido. Suas fraquezas, origens e reais intenções são um total enigma entre a tripulação, de uma forma geral. Nessa dúvida, alguns homens se agarram a religiosidade, outros optam pelo desespero e desconfiança em relação aos próprios membros da equipe. E claro, não faltam as cenas dramáticas e dolorosas, bem como os personagens que se sacrificam em prol de outros.


Recurso importante para o gênero Terror, a trilha sonora orquestrada constante captura bem os momentos mais tensos do filme. Figurinos nos passam uma sensação da época, algo que nos transporta realmente para o Século 19. Quanto aos efeitos, cinéfilos mais exigentes podem reclamar e comparar com algo dentro do estilo Trash de ser.


Drácula - Última Viagem do Deméter está longe de ser perfeito, mas apresenta uma proposta diferente ao trazer um capítulo em especial de um livro que foi sucesso mundialmente. Se o espectador não se sentir tão confortável com o resultado final, ao menos desejará reler ou conhecer o livro de Bram Stoker.

 

Drácula: A Última Viagem do Deméter

The Last Voyage of the Demeter



Ano: 2023

País: EUA, Reino Unido, Malta, Itália, Alemanha

Direção: André Øvredal

Roteiro: Bragi F. Schut, Zak Olkewicz

Elenco: Corey Hawkins, Liam Cunnigham, David Dastmalchian, Aisling Franciosi

Duração: 118 min


 

NOTA DO CRÍTICO: 6,5

 

Trailer do filme:



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