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Crônica: A noite em que vi um show apoteótico da turnê 'Titãs Encontro' com direito a muitas emoções

Atualizado: 11 de fev.

Uma crônica especial que retrata uma mistura da minha afetividade como fã da banda Titãs com um relato emocionante do comovente show da turnê "Titãs Encontro" que constatei na cidade de Belo Horizonte.

Foto: Mayã Guimarães


Titãs é uma das minhas bandas favoritas. Se eu fizesse um livro falando da minha relação com as músicas do grupo, daria em uma aventura influenciada em “A Volta Ao Mundo em 80 Dias” com uma história repleta de elementos e lugares, ou um romance inspirado em “Cem Anos de Solidão” cujo enredo colocaria um dos protagonistas da história como membro de uma família contadora de histórias onde as músicas da banda fariam parte da narrativa daquele povo. Mas, achei mais justo escrever nesse pequeno e robusto texto, as minhas palavras de admiração que podem soar como versos ao vento que atravessam os dias e as noites com seus delírios musicais e poéticos em busca de olhos que leiam ele como olham com atenção para um lindo e grandioso menu de um restaurante que serve uma variedade enorme de comidas e bebidas para todos os gostos e preços.

Foto: Bob Wolfenson

Quando soube que iria para o show da turnê “Titãs Encontro”, eu estava terminando de ouvir um belíssimo “trabalho ao vivo de Bruce Springsteen e mais duas coletâneas, sendo uma da banda Dire Straits e a outra do conjunto The Corrs. Aquele dia eu estava mentalmente cansado por ter escrito uns textos e fisicamente exausto após uma manhã cheia de treinos na academia e ouvir músicas desses artistas estava me ajudando a descansar juntamente com as releituras que eu estava fazendo dos livros “Caprichos & Relaxos” de Paulo Leminski e “Cândido, ou o Otimismo” do Voltaire em um início de noite de um céu bem estrelado acompanhado de um refrescante chá de limão com gengibre.



Fiquei tão eufórico que logo fui para minha coleção de CDs guardar os três álbuns que eu estava ouvindo para poder procurar um dos Titãs para embalar aquela noite e os próximos dias. Nesse toque me deparo com o “Acústico MTV Titãs” que foi o primeiro álbum que comprei do conjunto. Me lembrei de ver lá o selo da loja e isso me fez lembrar que foi nesse lugar onde conheci pela primeira vez uma loja de discos. Eu era criança, o ano era 2002 e estava acompanhado da minha mãe vendo tudo aquilo de forma feliz e espantado como se tivesse pela primeira vez em um carrossel de parque de diversões com suas músicas encantadoras e decorações esdrúxulas.


Acabei comprando dois álbuns de dois artistas que sou fã até hoje, sendo que um deles foi do sambista carioca Zeca Pagodinho com um trabalho lançado naquele período e outro que foi o Acústico MTV dos paulistas Titãs. Quando minha mente voltou ao presente por relembrar esse fato, percebi que precisava passar um pano para logo em seguida pôr no meu aparelho de som com a alegria de ter sentido aquela lembrança de uma forma extremante viva.


Enquanto ouvia e me envolvia pelas canções, peguei os outros CDs que tenho e nisso foi relembrando mais coisas como primeiro beijo que dei na primeira namorada que tive, a primeira vez que vi o belo Farol da Barra na cidade de Salvador, a vez em que escorreguei de forma engraçada em um tobogã de um parque aquático em Caldas Novas, o momento em que ganhei de 7 × 5 em uma disputada partida de futebol de botão aos 10 anos, o instante em que caiu lágrima do olho ao olhar uma foto do meu avô materno após saber do seu falecimento, quando senti raiva por tirar nota baixa na época de escola e muitos outros momentos em que a música dos Titãs serviu como um heroísmo para os dias difíceis e glorificação para os dias alegres como verdadeiros heróis musicais da minha formação musical e também como membros da eclética trilha sonora da minha vida.



Só sei que nesse trajeto cultural se passou 2 meses e quando olho para o lado da cabeceira da cama eu faço um modesto olhar de alívio com uma forte palpitação de ansiedade para o despertador. O dia do show havia chegado.

Foto: Marcus Vieira /Estado de Minas - Diários Associados

Todos os músicos estavam lá: Arnaldo Antunes, Branco Mello, Sérgio Britto, Paulo Miklos, Nando Reis, Tony Bellotto e Charles Gavin. Marcelo Fromer, que morreu em 2001, foi muito bem representado por sua filha Alice Fromer que é uma cantora bem talentosa com uma postura de palco muito boa. Ela cantou 2 músicas, levou a plateia a se emocionar bastante, sendo a mais especial “Toda Cor” onde teve muitas imagens do falecido integrante nos telões. Todos eles estavam felizes por cada um deles estar ali para festejar a amizade entre eles e o público fez parte dessa bonita celebração.


Nesse dia acordei mais tarde, almocei um caprichado prato de galinhada com salada de alface e tomate como acompanhamento, na sobremesa comi um delicioso pudim de leite feito pelos meus pais e depois continuei ouvindo as músicas dos Titãs até a hora do show. O evento aconteceu no Expominas, um lugar gigantesco e bonito dentro da cidade de Belo Horizonte que me deixou confortável pela sua praticidade com o público e sua facilidade para poder demonstrar meu conforto por estar lá naquela noite que teve no céu uma bonita lua crescente no céu, a alma com sentimento de satisfação, na mente as músicas com as letras decoradas, no bolso um bombom de chocolate do Caribe e uns trocados para tomar uma cerveja e comer um hot dog ou uma fatia de pizza caso sentisse fome, na boca um sorriso que esbanjava felicidade por estar naquele evento e uma tranquilidade nos passos para ir até onde iria rolar a apresentação com direito a tiragem de muitas fotos pelo caminho.



Outros momentos marcantes tomaram conta do lugar quando o público ficou em êxtase com uma atualização da letra “Nome Aos Bois”, mesmo com a voz rouca Branco Mello fez uma bonita interpretação de “Tô Cansado”, apresentação bonita de “Epitáfio” em formato acústico com coral do emocionado público, uma explosão instrumental e vocal de “Lugar Nenhum” e “Comida” com direito a uma distorção visual de imagens em preto e branco como se saíssem da tela como um filme em 3D ou uma peça de teatro interativa e um show de imagens nas canções “O Pulso”, “Flores”, “Televisão” , “Homem Primata”, “Estado Violência”, “Jesus Não Tem Dentes No País dos Banguelas” e “Diversão” sendo essa última conduzida com direito a uma eletrizante entrada triunfal. Não senti as horas passarem em nenhum momento ao mesmo tempo que estava com lembranças e emoções sentidas em ao mesmo tempo.

Foto: Mayã Guimarães

Ao longo do show, com 32 músicas no repertório, os fãs aplaudiram os heróis e eles retribuíram com um carinho inestimável que fez esse rapaz voltar ao tempo de criança quando ouviu pela primeira vez os Titãs. Coloquei-os na categoria de super-heróis ao lado de nomes como Batman, Homem Aranha, Chun-Li, Mestre Yoda e Nelson Mandela. Ao chegar em casa, tive uma sensação ótima de ter mais um sonho realizado e de pensar que a vida até parece uma festa.

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