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Crítica, melancolia e irreverência se reúnem em A Situação, novo disco do Sara Não Tem Nome

Atualizado: 10 de fev. de 2023

Primeiro registro de músicas inéditas da artista belo-horizontina após um hiato de oito anos.

(foto: Randolpho Lamonier e Victor Galvão/Divulgação)


Sara Não Tem Nome é o projeto musical da cantora mineira Sara Alves Braga. Mas a artista, formada em Artes Visuais, é inquieta e também trabalha em outros campos artísticos. Dirigiu filmes e fez alguns trabalhos de fotografia. Na música, apareceu em 2015 com o disco “Ômega III”. Agora chega ao segundo álbum intitulado “A Situação” que não deixa de ser um trabalho bem centrado nos últimos acontecimentos que marcaram o país.


Sara é mais uma artista que explora bastante os arranjos e as letras de suas músicas. Os dois precisam andar juntos em suas composições. Outro disco que chega e que nos obriga a ouvir inúmeras vezes, perceber gradativamente os detalhes, entrar em sintonia com canções que muitas vezes não soam tão acessíveis assim à primeira audição.



Boa parte do disco é envolta por uma nuvem de melancolia. Porém são belos arranjos e a astúcia da cantora que não deixam um sabor tão amargo assim, esse é o diferencial que se sobressai. ‘Ponto Final’ apresenta um toque orquestrado/fúnebre, casa com o propósito da letra. Os violinos de ‘Vazio’ complementam a carga emocional imposta pela letra e o piano pungente de ‘Volta’ acentua o lirismo de Sara numa canção com bastante pesar.

Entretanto, a cantora também busca canções mais alegres. Sem papas na língua e deixando aflorar uma típica veia cômica e lúdica, ela passa sua mensagem mesmo que de forma descontraída e nos alerta sobre nosso comodismo, a exemplo da faixa ‘Incomoda’: ‘Passou da hora de mudar/ tirar a bunda do lugar’. Ou então, o ouvinte pode ser tomado de surpresa por ‘Pare’, uma marcha carnavalesca moderna e esfuziante, com certo teor de crítica e alerta.


Em ‘Revés, Volte 4 Casas’, ela faz ironias com a carga financeira do cidadão brasileiro citando boletos bancários e compras no crediário. Detalhe para o timbre de voz agudo que ficou bem ao estilo de Tetê Espíndola. Falando em algumas semelhanças, os sopros, instrumentos em demasia no álbum, criam panoramas sonoros climáticos, caso de ‘Dejà Vú que até remete a algo de Beirut.



A urgente ‘Agora’ pega um viés Rock com um instrumental mais denso, carregada de efeitos e gritos que ficam ecoando insistentemente. ‘Cidadão de Bens’ com sua batida cadenciada é quase um Trip-Hop moderno, com letra bem ácida e realista. Sara Não Tem Nome está na lista dos nomes da música brasileira que precisamos prestar atenção, que precisamos ouvir para não termos ‘mais um dia de robô’, como é citado pela própria cantora irreverente em ‘Parque Industrial’.

 

A Situação

Sara Não Tem Nome


Gênero: Art Pop

Lançamento: 13 de janeiro de 2023

Ouça: "Ponto Final", "Pare", "Cidadão de Bens"

Humor: Realista, Provocativo, Melódico


 

NOTA DO CRÍTICO: 7,5

 

Veja o vídeo oficial de ‘Pare’:




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