Corpos que falam: Bienal Sesc de Dança celebra 10 anos em Campinas com 80 atrações de 18 países

Poliana Piteri
há 23 horas
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Um encontro de linguagens, ritmos e identidades ocupa a cidade até 5 de outubro.

De 25 de setembro a 5 de outubro, Campinas se transforma em palco vivo da 14ª Bienal Sesc de Dança, que celebra uma década de história na cidade. São cerca de 80 atrações, reunindo artistas de 18 países e 10 estados brasileiros, em espetáculos, performances, instalações, música e ações formativas. Mais do que um festival, trata-se de um espaço de criação coletiva, onde a dança é território de diversidade, encontro e invenção.

Realizado pelo Sesc São Paulo, em parceria com a Prefeitura de Campinas e a Unicamp, o evento reafirma seu papel de laboratório cultural: experimenta o convívio entre tradição e vanguarda, coloca em diálogo artistas consagrados e novas vozes, mistura corpos urbanos, populares, experimentais e comunitários. A cada edição, a Bienal expande fronteiras, desafiando a separação entre quem dança e quem observa.

A abertura ficou a cargo do Balé Folclórico da Bahia, com O Balé que Você Não Vê, espetáculo que revela os bastidores de uma das companhias mais importantes do país. Entre memórias afro-baianas e coreografias contemporâneas, a montagem reafirma a dança como herança viva e, ao mesmo tempo, campo de invenção.

Mas a Bienal vai além do palco. Performances de rua, atividades para crianças, oficinas e conferências habitam teatros, praças e espaços públicos. Pela primeira vez, o festival traz um projeto educativo voltado à mediação em dança, abrindo novas formas de acesso, reflexão e acessibilidade. Recursos como tradução em Libras, audiodescrição e visitas táteis ampliam a experiência, fazendo da arte um território de inclusão.

Mais do que um recorte da produção atual, a curadoria de 2025 reflete sobre identidade, memória e futuro. Do hip-hop ao ballroom, da resistência colonial a cosmologias não ocidentais, a programação mostra a dança como corpo político, ferramenta de preservação e reinvenção. Artistas da África, Europa, Américas e Ásia se encontram em Campinas para lembrar que cada gesto é também uma narrativa.

No fim, a Bienal reafirma o que a dança sempre foi: uma linguagem que antecede as palavras, um chamado à convivência e à imaginação. Porque quando os corpos se movem juntos, o mundo inteiro se move com eles.