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Considerações Sobre a segunda temporada de Yellowjackets

*** ATENÇÃO, O TEXTO CONTÉM SPOILERS ***

Foto: Reprodução/Paramount+


O texto a seguir comenta sobre a segunda temporada de Yellowjackets. Num resumo em geral, analisamos pontos positivos e negativos, apontamos lacunas, destacamos os aspectos principais e também fazemos uma breve previsão do que pode acontecer numa terceira temporada.


Foi ao ar nesta sexta-feira (dia 26 de Maio), o nono e último episódio da segunda temporada de Yellowjackets. Série essa que teve uma interessante e convincente primeira temporada, trazendo muitos ganchos, combinando dois planos temporais (anos 90’s e atualidade), atada por um elenco feminino estelar que sintonizou perfeitamente as personagens tanto jovens como adultas.



Depois de uma primeira temporada devoradora de nossa atenção, era esperada uma segunda com algumas respostas ou mesmo capaz de criar mais dúvidas e teorias. Com uma boa opção de não revelar logo o futuro de algumas personagens da equipe que ficou na floresta após a queda do avião, o roteiro foi inteligente quando começa a apresentar suas novas personagens na forma adulta, caso de Van (Laura Ambrose) e Lottie (Simone Kessell).


A respeito das novas inserções na série, não podemos deixar de citar Walter Tattersall (Elijah Wood). Personagem misterioso que ficou bem encaixado na trama. Meticuloso e ainda não todo decifrado, o querido Walter não poupa esforços para seguir com seus métodos. De investigação a envenenamentos, ele é um perito no que faz.

Mesmo assim, é inaceitável como o roteiro deu ao personagem, no último episódio, toda uma facilidade para lidar com os dois policiais obstinados que infernizavam a vida da família de Shauna (Melanie Lynskey). A saber, os dois enganados (de forma medíocre) foram Kevin (Alex Wyndham) e Saracusa (John Reynolds). Pode ser até plausível que esses dois policiais saiam da trama, pois as passagens ligadas às investigações de ambos estavam bem monótonas e não acrescentaram muito tempero para a proposta da narrativa.



Também é questionável o triste fim de Natalie (Juliette Lewis). Isso numa cena que acabou muito aquém das grandes passagens cheias de tensão que o seriado já apresentou. Sim, era certo que esse nono episódio acabaria com uma das integrantes da equipe, porém a forma como isso se procede perde o impacto. Num ritual que traz de volta o jeito que as jovens tinham para escolher alguém a ser sacrificado, Natalie perde sua vida ao se valer como um escudo humano (quando quer defender uma das integrantes da seita de Lottie).



Claro que a personagem ainda deixa algumas hipóteses. Uma vez que ela teve chances de sair da seita de Lottie quando quisesse, a sua estadia era para esperar por algum momento de redenção? Agindo dessa forma, seria como ela tivesse dado seu pedido de desculpas quando deixou Javi (Luciano Leroux) morrer congelado na floresta? De qualquer forma, no período 90’s nossa querida Natalie jovem (Sophie Tatcher) passa a assumir a liderança do grupo depois que Lottie legou o cargo para ela. E temos então, a identidade da Antler Queen. Pelo jeito, mais atritos devem acontecer entre as sobreviventes.


O mais interessante foi que a série nunca deixou visível se estava seguindo por um lado mais humano/real ou então por um viés sobrenatural/surreal. Essa segunda temporada coloca as alucinações, visões, pensamentos e os atritos das jovens na floresta como consequências de uma fome intensa sobrecarregada com o frio ao redor, isso sem muitas perspectivas de conseguir resgate. Então, a nosso ver, existe muito mais um aspecto psicológico e traumático do que alguma entidade desconhecida por trás de alguns mistérios.


Foram cenas tensas e sensíveis que englobam desde a morte do bebê de Shauna até o choro de Travis pelo irmão congelado e sem vida que servirá de banquete ao grupo. Com certeza foram momentos onde o espectador pensou em toda a sua humanidade e se colocou no lugar do grupo. Embora saibamos que aconteceu um resgate (isso pensando numa trama condizente e sem apelar para um sentimento LOST de ser), é tortuoso presenciar a sobrevivência do grupo a cada episódio.


E sejamos sinceros, entretanto de forma infeliz. Nesta segunda temporada, a narrativa dos 90’s foi muito melhor que a atual (do grupo adulto). Os acontecimentos na floresta foram muito mais convincentes e atiçaram bastante nossa curiosidade e sentimentos: a gravidez de Shauna, o novo ritual que começava com a fatídica escolha das cartas de baralho, o abrigo encontrado pelo treinador Ben (Steven Krueger), os atritos dentro da cabana.

A parte atual, logo após a reunião do grupo no alojamento de Lottie, não causa tanto impacto. Uma Natalie adulta que tinha muito mais destaque na primeira temporada aqui ficou submissa e apagada. A história de Van pós-floresta precisa ser mais explorada. Muito centrado ao redor da seita de Lottie, o roteiro fez questão de jogar todos os personagens ali durante os episódios finais para desencadear eventos de respostas rápidas e arrastados, sem muito suspense e mistérios.




Um trunfo inabalável da produção: a trilha sonora que continuou perfeita. Muitas canções de peso marcarem presença em cenas marcantes. Uma variedade de grupos e artistas como Radiohead, L7, Echo And The Bunnymen, Nirvana, Tori Amos e Garbage. Até Alanis Morrissette se deu ao direito de regravar ‘No Return’, música tema da série, numa versão menos Rock e regada pela melancolia.


Entretanto, não é hora de ficarmos aflitos. Uma terceira temporada ainda reserva expectativas. Com a cabana em chamas, as jovens precisam encontrar outro abrigo. Ou então, seria uma oportunidade do resgate chegar? E como será o reinado de Natalie na floresta, agora escolhida pela idolatrada Lottie? Como o grupo ficará na época atual após a morte de Natalie? E Walter, teremos mais de seus feitos regados na mais pura psicopatia?


Lembrando que nem todas os sobreviventes tiveram seus destinos revelados a exemplo de Mari, Akilah e Melissa (e ainda temos o treinador Ben). Conseguiram escapar da floresta ou tiveram uma morte trágica? Então outras personagens no tempo atual poderiam surgir, acrescentando novos núcleos narrativos e mais carga dramática por tudo que passaram para sobreviver. Que os diretores estejam inspirados, reparem seus erros e voltem com a mesma criatividade narrativa que deu início a tudo.

 

Yellowjackets

Em andamento (2021- )


Criado por: Ashley Lyle, Bart Nickerson

Gênero: Drama, Suspense, Thriller, Terror

Duração: 2 temporadas

País: EUA


 


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