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Brian Wilson foi embora, mas deixou o som do paraíso

Ele não compunha canções. Ele desenhava sonhos com acordes e ondas

Foto: Divulgação/Site do músico
Foto: Divulgação/Site do músico

Era mais que pop. Mais que praia, sol e garotas da Califórnia. Brian Wilson era um místico da melodia, um arquiteto da emoção, um construtor de catedrais invisíveis onde só o ouvido mais atento entrava. Hoje ele se foi — aos 82 anos — mas seus sons continuam vivos, mais vivos que nunca.


Porque tem música que é carne, que é sangue, que é espírito. Música que levanta da cadeira e abraça você. God Only Knows por exemplo — aquilo não é só uma canção: é um milagre comprimido em dois minutos e cinquenta.



Brian Wilson foi o maestro de um tempo que ninguém mais alcançou. Criador do Pet Sounds — esse molho sagrado que tempera tudo até hoje — ele atravessou as paredes do estúdio como um fantasma de si mesmo, assombrado e genial, ditando harmonias celestiais enquanto sua mente se despedaçava em silêncio.


Um homem em guerra com os próprios demônios, mas que fez da dor um telescópio apontado pro infinito.



Os Beach Boys eram a casca. Brian era a alma. Sem ele, o surf virava espuma. Era ele quem enxergava as cores escondidas nas notas, quem afinava sentimentos como se fossem instrumentos. Ouça Don’t Talk (Put Your Head on My Shoulder) com os olhos fechados — tem cordas ali que choram. Tem silêncio que canta.



Ele foi sol, foi sombra, foi gênio, foi trágico. Foi uma criança que nunca envelheceu direito, mas que entendeu o segredo de tudo antes de todo mundo. Ele ouviu o amanhã. E nos deu de presente.


Hoje o céu toca Caroline, No. Hoje os anjos cantam em falsete.


Obrigado, Brian.


Você nos ensinou que o paraíso tem som.



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