Bono é ovacionado por 7 minutos em Cannes com filme intimista e político sobre sua própria história
- Marcello Almeida
- 19 de mai.
- 2 min de leitura
Atualizado: 19 de mai.
Quando a arte e a memória se tornam resistência, o palco é o mundo

No coração de Cannes, entre aplausos, memórias e política, Bono se despediu da plateia com sete minutos de ovação. Foi assim a estreia mundial de Bono: Stories Of Surrender, filme-concerto exibido fora da competição oficial do festival, nesta sexta-feira (16).
Com direção de Andrew Dominik (Blonde, One More Time With Feeling), o longa de 86 minutos mistura performances ao vivo e relatos pessoais retirados da autobiografia Surrender: 40 Songs, One Story (2022), revelando um Bono íntimo, vulnerável e ainda assim em estado de combustão criativa. O registro foi gravado durante sua aclamada temporada solo no Beacon Theatre, em Nova York, no ano passado.
No Grand Théâtre Lumière, o vocalista do U2 subiu ao palco visivelmente tocado com a recepção calorosa e, ao final da sessão, agradeceu a plateia e homenageou tanto o diretor Dominik quanto Steve Jobs, criador da Apple — plataforma responsável por levar Stories Of Surrender ao mundo todo via Apple TV+ no próximo dia 30 de maio.
Mas o momento mais marcante do discurso veio quando Bono invocou a essência política do festival:
“O festival foi criado para combater o fascismo. Slava Ucrânia.”
Fundado em 1939, o Festival de Cannes surgiu como resposta direta ao festival de Veneza, que à época havia sido cooptado por Mussolini e Hitler. A lembrança histórica, invocada por Bono, serviu como alerta e manifesto no meio da arte.
Um novo U2 a caminho
Durante sua passagem por Cannes, Bono também confirmou à Rolling Stone que o U2 está, sim, trabalhando em um novo álbum. Ainda sem título, o disco marcará um recomeço criativo para a banda após os projetos nostálgicos dos últimos anos.
“A nostalgia não deve ser tolerada por muito tempo, mas às vezes é preciso lidar com o passado para chegar ao futuro e ao presente”, disse o cantor.
“Voltar ao presente é o nosso desejo. Voltar a este momento em que estamos.”
Ele ainda completou:
“Tivemos que passar por algumas coisas e estamos do outro lado disso.”
Outro indício forte de que o U2 está pronto para recomeçar veio com a volta do baterista Larry Mullen Jr. ao estúdio. Fora da residência histórica da banda no Sphere de Las Vegas por motivos de saúde, Larry agora se junta a Bono, The Edge e Adam Clayton nas gravações do próximo projeto.
Com o futuro em vista e os olhos do mundo voltados para Cannes, Stories Of Surrender marca mais que um filme: é o fim de um ciclo — e o prelúdio de um novo.
Comments