BlackBerry é uma agradável jornada pela ascensão e queda de um Smartphone que foi símbolo de poder
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BlackBerry é uma agradável jornada pela ascensão e queda de um Smartphone que foi símbolo de poder

Com uma abordagem pragmática, porém emocionante, dos eventos, "BlackBerry" se destaca como uma adição revigorante ao gênero de biografias.

Imagem: Reprodução.


Com uma narrativa inteligente e apurada, sem se esquecer do bom humor 'BlackBerry', do diretor e co-roteirista Matt Johnson (Os Sujos, 2013; Operação Avalanche, 2016) explora de maneira eficaz a ascensão e queda do primeiro Smartphone que, no seu auge, chegou a conquistar 45% do mercado de celulares. Além disso, Johnson é pontual em destacar como a velocidade dos avanços tecnológicos também podem acabar influenciando em decisões erradas.


A história de 'BlackBerry' começa com o jovem entusiasta Mike Lazaridis ( muito bem interpretado por Jay Baruchel, em seu papel mais notável) e seu amigo Doug (Johnson) na busca de tentar vender seu produto, batizado de Pocket Link. Embora sejam socialmente desajeitados, eles estão muito bem sintonizados com a evolução do mercado, reconhecendo que a tecnologia está abrindo portas para a convergência de telefones celulares, pagers e até mesmo computadores acoplados em um único dispositivo. Mike também possui uma compreensão mais profunda sobre como aproveitar a tecnologia existente para tornar essa visão uma realidade para empresas que lutam para integrar tais máquinas em suas redes.



A história dos dois jovens começa a mudar quando eles conhecem o frenético e maluco Jim Balsillie, aqui interpretado pelo ótimo Glen Howerton (que rouba a cena do filme sempre que está em ação). Se Mike é o cérebro, Jim é como se fosse o condutor e a força para a coisa andar. O que vemos a seguir é uma sequência de ações e decisões que contribuíram para que o BlackBerry desaparecesse de maneira catastrófica com a chega do iPhone.



O filme se destaca entre outros do gênero pela riqueza de detalhes tecnológicos, mantendo-se fiel ao seu enredo, sem tentar ampliar ou codificar seu material para atrair um público maior. A história é muito boa e muito bem conduzida, os diálogos são inteligentes, repletos de sacadas de humor e uma certa aura nostálgica e divertida. As atuações se tornam o prisma do filme, e sua trilha sonora ajuda a contextualizar uma época que não volta mais. Entre as músicas que embalam essa jornada pelo sucesso estão "Love Will Tear Us Apart" do Joy Division, "Hello Operator" do White Stripes, "Honey" do Moby, "Someday" do The Strokes e outras.




Neste ponto, é interessante notar como uma pequena empresa de Nerds saiu do buraco e se tornou uma grande corporação, até o seu declínio com a chegada da tecnologia touch e as inúmeras decisões erradas tomadas por Jim. O longa mostra muito bem essa tendência acelerada dos avanços tecnológicos e como eles podem te massacrar se você não estiver apto ou preparado para nova era. Foi assim com o VHS, com a chegada do DVD; o mesmo também foi esquecido pelo mundo digital com a chegada dos streamings, que praticamente varreram as locadoras de vídeo do mapa. Hoje temos música, filmes e séries, tudo na palma da nossa mão, através de um celular, sob o conceito que começou ali com o BlackBerry.


Ainda que você não seja um expert em tecnologia, você vai amar esse filme. Johnson consegue situar tudo em um contexto genuinamente cativante. Com ambições para a grandiosidade que não se concretizam, ele, no entanto, desvenda uma parcela essencial da história da tecnologia, ao mesmo tempo que proporciona diversão ao combinar habilmente nuances sérias e cômicas. Nas etapas finais, o filme desafia as regras deste jogo de negócios tecnológicos, deixando um gosto agridoce. A atuação, direção, edição, trilha sonora e encenação são todas executadas com maestria.

 

BlackBerry

BlackBerry


Ano: 2023

País: Canadá

Direção: Matt Johnson

Roteiro: Matt Johnson, Matthew Miller

Elenco: Jay Baruchel, Matt Johnson, Rich Sommer, Glenn Howerton

Duração: 121 min


 

NOTA DO CRÍTICO: 8,5

 

Trailer:
















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