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Azul, um bonito álbum de Maria Luiza Jobim que traz poesia, polidez e mantém viva a obra de seu pai

“Azul” possui 10 faixas que são tão bonitas e maravilhosas quanto assistir a um pôr do sol à beira de uma piscina, ou desfrutar de fondue e vinho em uma noite fria.

Foto: Zabenzi/Divulgação.


Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, mais conhecido como Tom Jobim, é um dos mais amados e prestigiados nomes da música brasileira. Seu talento é grandioso, que pode ser resumido em discos excelentes, canções inesquecíveis, sons marcantes e parcerias memoráveis. Além disso, sua obra e influência deixou excelentes sucessores, sejam eles artistas que se inspiram em seu legado ou filhos que querem deixar sua obra ainda mais viva e relevante na história da música. E um dos seus filhos que faz muito bem esse trabalho é a talentosa cantora carioca Maria Luiza Jobim, que, neste ano de 2023, lançou "Azul", seu segundo álbum de estúdio. O disco é cheio de poesias e sons interessantes e cativantes.


Antes desse trabalho, Maria Luiza Jobim havia feito alguns trabalhos com música bastante chamativos e elogiados. Quando ela tinha 6 e 7 anos de idade, participou de "Antônio Brasileiro", o último álbum de estúdio de Tom Jobim, onde fez participações emocionantes nas faixas "Samba de Maria Luiza" e "Forever Green". Posteriormente, em 2006, registrou uma versão de "Wave" com seu sobrinho Daniel Jobim para a trilha sonora da novela "Páginas da Vida", do autor Manoel Carlos. Em 2019, ela lançou "Casa Branca", seu primeiro álbum de estúdio. Além disso, ela foi vocalista da banda indie carioca Baleia e já trabalhou com música eletrônica no duo Opala.



De acordo com a artista, em sua conta oficial no Instagram, o nome do álbum se chamar "Azul" se deve às lembranças e sentimentos que ela tem com a cor. Ao mesmo tempo, ela faz uma análise reflexiva e sentimental do tempo, das coisas, das emoções e das pessoas que, de certa forma, fizeram parte da sua vida, sem deixar de observar e sentir as vivências do presente. Isso faz desse registro um trabalho extremamente especial.


"Azul" possui 10 faixas que são tão bonitas e maravilhosas quanto ver um pôr do sol na beira de uma piscina, ou desfrutar de fondue e vinho em uma noite de frio. O trabalho foi todo feito em parcerias, com tudo bem produzido por Alberto Continentino e pela própria Maria Luiza Jobim.


"O Tempo" é a faixa que abre o disco, e nela somos transportados inicialmente para um som instrumental de violões totalmente hipnotizante, que nos faz lembrar de Baden Powell, João Gilberto e outros mestres que reinventaram o uso do violão na música. Com uma letra delirante, sensível e impactante sobre o tempo, a faixa fica ainda mais forte com a voz suave da cantora e um excelente piano, tornando-a uma ótima abertura.


"Samba do Soho" é uma regravação que ela faz de uma música clássica do disco "Passarim", que Tom Jobim lançou em 1987. Aqui, ela faz uma homenagem ao seu irmão, o músico Paulo Jobim, que faleceu em 4 de novembro de 2022 aos 72 anos, com maestria, afetividade e suavidade. Essa versão tem um som muito especial de ouvir, misturando muito bem no seu lírico a língua portuguesa com a língua inglesa


Adriana Calcanhotto e Arnaldo Antunes participantes de forma excelente nesse trabalho. A artista gaúcha compôs e também contribuiu com os vocais na faixa "Papais", que é uma delícia de se ouvir devido aos belos vocais das cantoras, ao uso harmonioso do bongô e ao uso habilidoso de piano e violão, enquanto somos convidados a sentir a leveza em uma letra descontraída, poética e agradável. Essa faixa se destaca como um dos grandes pontos altos desse álbum. Já o paulista, ex-integrante da banda Titãs, compôs e também participa dos vocais em "O Culpado é o Cupido". Essa música traz um som belamente reminiscente do jazz, enquanto apresenta um lírico repleto de súplicas e promessas amorosas de um amor não correspondido. Essa parceria é um encontro magistral entre duas gerações conectadas artisticamente.


"Ré" e "Ostra" têm letras fortes ao abordarem, respectivamente, o amor e o mar com profundidade, conferindo a essas canções uma fluidez que exalta vivências, amadurecimento e sensibilidade. Os instrumentais são muito bem executados, apresentando uma versão pop bem elaborada da Bossa Nova.


"Boca de Açaí" traz um som de MPB que faz lembrar do Rio de Janeiro, cidade natal da cantora. Com um som bem suingado e uma letra que traz belezas encantadoras, torna-se uma poesia sonora acolhedora e cativante, permitindo que possamos conhecer e desfrutar desse lugar com a mente aberta para sentir sua essência. "Nada SouSou", uma bela canção japonesa, conta com a participação especial da intérprete Lisa Ono, trazendo uma paisagem sonora encantadora que encerra o trabalho de forma primorosa. Essa música emociona, aquecendo o coração e sensibilizando os ouvidos.


'Azul' é um disco que mostra o quanto Maria Luiza Jobim merece ter seu talento reconhecido, ouvido e divulgado. Por trazer elementos que valorizam e exaltam o legado de Tom Jobim na música, são canções muito bem feitas, com melodias maravilhosas de uma sensibilidade visual e sonhadora para os ouvidos. Além disso, as participações especiais propõem grandeza para sua qualidade do disco e trazem para 2023 um trabalho extremamente bonito e aconchegante, pelo excelente uso de suas palavras e sonoridades.

 

Azul

Maria Luiza Jobim


Gênero: MPB, Bossa Nova, Jazz.

Lançamento: 23 de junho de 2023.

Ouça: "O Tempo", "Boca de Açaí", "Papais" e "O Culpado é o Cupido".



 

NOTA DO CRÍTICO: 8,0

 

Veja o clipe de "Boca de Açaí":



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