Eduardo Salvalaio
- 20 de jun.
- 3 min de leitura

Arcadian: Invasão Sombria mostra pai e filhos num cenário pós-apocalíptico cercado de criaturas mortais

Arcadian: Invasão Sombria foge um pouco de ser marcante como um filme pós-apocalíptico, mas oferece momentos divertidos

Filmes que trabalham com cenários pós-apocalípticos trazem muitos detalhes em sua trama. Busca por recursos escassos e por um abrigo, a luta para manter a integridade de nossa família, necessidade de adaptação ao novo cenário, risco de doenças e epidemias.

Claro que isso tudo envolve a questão da sobrevivência e são produções que, frequentemente, nos obrigam a refletir sobre o mundo que vivemos e de eventos futuros não tão difíceis de ocorrer.

A situação complica ainda mais quando os personagens estão diante de criaturas mortais e incógnitas do conhecimento humano. Como foi o caso de ‘Um Lugar Silencioso’ (2018) onde um mínimo de barulho despertava a atenção de seres ágeis e impiedosos para matar. Neste caso, o homem precisou estudar as fraquezas de seu inimigo e teve que aprender a conviver com o maior silêncio possível para continuar sobrevivendo.

Para o filme 'Arcadian: Invasão Sombria' (2024), o diretor Benjamin Brewer ('Camaleões', 2023) vem com a mesma ideia: trazer criaturas que agora infestam a Terra e que representam uma ameaça para os seres humanos que sobraram num mundo devastado e desolado.

Sem explicações e com um início já bem agitado, vemos Paul (Nicolas Cage) vivendo numa residência rural isolada com seus dois filhos, Joseph (Jaeden Martell) e Thomas (Maxwell Martell). Praticamente esse é o ambiente do filme, junto a alguns vizinhos que serão encaixados posteriormente na trama.

A vida da família é composta de regras. E elas precisam funcionar corretamente e em conjunto. Saem em busca de recursos, porém precisam se isolar na residência antes de escurecer. E apesar de portas e janelas reforçadas para evitar a entrada das criaturas, devem continuar atentos a qualquer barulho que aconteça do lado externo.

Embora tenha Cage no elenco, o destaque maior acaba ficando para os filhos de Paul. Embora gêmeos, o antagonismo da personalidade entre os dois sustenta o filme em cenas marcantes e cruciais. Joseph é articuloso, inventivo e calculista. Thomas, por sua vez, é aventureiro, ousado e rebelde. A velha rivalidade entre irmãos que já conhecemos tão bem em muitos filmes, aqui é importante para adicionar um toque mais dramático e emocional ao filme.

Diante do desconhecido, a família se isolou por muito tempo. Entretanto, após alguns contratempos, precisa mudar sua rotina, rever estratégias de sobrevivência e enfrentar seus próprios medos. A segurança torna-se abalada e a criatura apesenta uma constante evolução se tornando cada vez mais fortalecida e inteligente.

Infelizmente, o Suspense cai de ritmo quando as criaturas começam a ficar mais expostas diante do espectador. Interessante mostrar como elas mudam e até nos confundem sobre a real aparência que possuem (ou que desconfiávamos ter).

Contudo, não enfatizar mais detalhes sobre essa transformação e partir para uma Ação abrupta para obter um desfecho rápido e explosivo, tira o ambiente claustrofóbico e aterrorizante que soube comandar tão bem a primeira meia hora da produção.

Câmera tremida em algumas cenas, a presença da escuridão como elemento para dar mais angústia e até mesmo o uso de mortes impactantes são outros artifícios que, de uma forma geral, até se encaixam bem para um filme que acaba sendo regular em sua duração.

'Arcadian: Invasão Sombria' foge um pouco de sua proposta de ser marcante como um filme que explora a temática de um mundo pós-apocalíptico, porém garante momentos divertidos desencadeados por cenas explosivas entre a batalha do ser humano e o que ainda lhe é desconhecido dentro do que o Cinema de Ficção costuma realizar.