Eduardo Salvalaio

26 de mar de 20223 min

Destroyer assegura sua experiência e sua forma de lidar com a música ao trazer outro álbum criativo.

Dan Bejar do Destroyer. Crédito: Imprensa

Destroyer é um projeto solo criado em 1995 pelo canadense Daniel Bejar (de Vancouver). O músico também faz parte do grupo The New Pornographers. O primeiro álbum do Destroyer, ‘We’ll Build Them A Golden Bridge’ saiu também em 1995, porém tudo de forma tímida e trazendo muito do Folk com pitadas de eletrônica.

Como acontece com todo músico inquieto e investigativo, a discografia do projeto foi aumentando, garantindo mais profundidade sonora ao se expandir em outros gêneros e experimentos musicais. De um começo centrado no universo Indie, Destroyer passou a atingir um status de Mainstream, atraindo atenção no cenário musical, sendo referência para vários artistas que estreiam hoje em dia.

O décimo terceiro álbum do projeto, Labyrinthitis, foi composto ainda em 2020, com a ajuda do parceiro John Collins, durante o isolamento. Porém, somente 1 ano depois é que a gravação do álbum começou a acontecer. Aqui, o trabalho passeia por grooves e experimentalismos, não se importa em abraçar o clima dançante da New Wave 80’s, não esquece da Modernidade apesar de ainda ter laços afetivos com a música do passado, funde Rock e Eletrônica em doses corretas, traz referências de personalidades do passado (Tintoretto) para a música mundial.

Por meio do Destroyer, Bejar se coloca como um dos músicos que representa esses tempos onde a música parece não ter mais fronteiras e também precisa se esquivar, frequentemente, de gêneros totalmente definidos.

Conforme admitiram, para esse trabalho, Bejar e Collins tiveram muita inspiração em bandas oitentistas importantes para a música que conhecemos hoje em dia. ‘It Takes A Thief’ e ‘Suffer’ com suas levadas eletrônicas agradáveis e grudentas remetem ao New Order. A estranha, porém bem vinda faixa ‘Labyrinthitis’, traz ruídos, samplers de vozes infantis, tudo em meio a um clima Ambient, o que poderia nos indicar a influência de Art Of Noise para o músico.

Existe também a hora de saudar, dignamente, os 70’s. ‘The States’ é uma faixa extensa que traz experimentalismos eletrônicos que beliscam influências do Kraut-Rock. ‘June’ carrega forte inspiração da Era Disco com seu ritmo funkeado e dançante com muitos samplers e vozes pela música.

Uma das características presentes na discografia do Destroyer é a criação de algumas faixas bem longas. Se lá em Destroyer’s Rubies (2008) existia a extensa e bela abertura de ‘Rubies’, em seu novo álbum, a cortesia fica por conta de ‘It’s In Your Heart Now’. Em seus 7 minutos, a faixa é uma prova dos exercícios criativos de Bejar: uma carga melancólica e poética de seus vocais junto a um arranjo belíssimo que fecha com guitarras marcantes.

‘Tintoretto, It’s For You’ traz uma sonoridade caótica onde fica exposta toda a exploração criativa e experimental do músico. Guiada por uma sonoridade que transita entre o Pós-Punk raivoso e uma Eletrônica estilhaçada, a canção é um dos destaques do álbum. ‘Eat The Wine, Drink The Bread’ traz um baixo acentuado, guitarra dedilhada e é uma das faixas com mais poder de conquistar o ouvinte, com toda sua carga Pop-Rock contagiante (não é á toa que foi um dos singles do disco).


Ficha Técnica:

DESTROYER

Labyrinthitis

Data de Lançamento: 25 de março de 2022

Gênero: Rock Alternativo, Indie Rock e Post-Punk Revival

Ouça: "It Takes A thief", "Suffer" e "Tintoretto, It's For You"

Para quem gosta de: Wolf Parede e The Walkmen


NOTA DO CRÍTICO: 8,0


Veja o clipe de "Tintoretto, It's For You"


Ouça o disco no Spotify:


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