Velvet Sundown: a banda que não existe, mas tem 750 mil ouvintes no Spotify
- Marcello Almeida

- 3 de jul.
- 2 min de leitura
“É marketing. É trolagem. É arte?” — projeto criado com IA levanta debate sobre autenticidade na era digital

A internet entrou em curto com o caso da The Velvet Sundown, banda fictícia que virou fenômeno real. Com mais de 750 mil ouvintes mensais no Spotify, o projeto — sem integrantes físicos, sem turnês, sem ensaios — levantou um mar de perguntas sobre o futuro da música. E agora, com uma matéria da Rolling Stone americana, tudo ficou ainda mais insano.
Andrew Frelo, porta-voz do projeto, não fugiu da polêmica. Confirmou à revista que boa parte das músicas da Velvet Sundown foi criada com inteligência artificial generativa, usando o recurso Persona da plataforma Suno — o mesmo usado por Timbaland com seu artista virtual TaTa.
“É marketing. É trolagem. As pessoas antes não se importavam com o que fazíamos. Agora estamos falando com a Rolling Stone”, declarou.
Frelo foi além e chamou a banda de uma “fraude artística”. Segundo ele, o impacto do falso hoje pode superar o do verdadeiro.
“Vivemos em um mundo onde as coisas falsas às vezes têm mais impacto do que as reais. Isso é uma bagunça, mas é a realidade. Devemos ignorar essa realidade ou mergulhar nela?”, questionou.
A referência ao coletivo Leeds 13, que escandalizou o Reino Unido ao forjar uma viagem com verba pública nos anos 90 como forma de crítica ao sensacionalismo da mídia, também foi direta. Para Frelo, a Velvet Sundown vive nesse limbo entre arte, provocação e metalinguagem.
Sobre as suspeitas de manipulação de playlists para inflar os números no Spotify, ele evitou dar uma resposta definitiva:
“Eu não quero dizer algo que não seja verdade.”
Entre fãs perplexos, músicos indignados e teóricos do caos digital, uma coisa é certa: a Velvet Sundown não existe de verdade — mas está tocando nas caixas de som de três quartos de milhão de pessoas. Se isso é música, performance ou só uma grande pegadinha, fica a critério de quem aperta o play.















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