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Sem superar o filme de 1987, Predador: A Caçada convence em cenas de ação e na personagem principal

Atualizado: 19 de set. de 2022

Uma aventura científica onde a ação é propulsiva e repleta de sangue

Foto: Publicidade

Em 1987, quando nossas únicas opções de curtir filmes eram o cinema e as locadoras de fitas VHS, ficamos surpresos quando 'O Predador' chegou. Pessoas ficaram boquiabertas quando saíram do cinema depois de acompanhar a história de um alienígena que chegava na Terra em busca de presas para suas caçadas.


O espectador, nervoso na cadeira, assistiu a uma criatura com variados equipamentos que lutava em igualdade diante de um treinado grupo de fuzileiros em missão na América Central. O filme do diretor John McTiernam marcou muito pela sua originalidade, brutalidade e efeitos especiais avançados para a época numa película que reunia concisamente Suspense, Ação e Sci-fi. Até hoje é citado por muitos cinéfilos como um dos melhores filmes já realizados.


Problema é que as sequências ou filmes que vieram depois usando a ideia da criatura caçadora nunca obtiveram o mesmo sucesso. Caso da continuação lançada em 1990, 'O Predador – A Caçada Continua', que, mesmo alterando a trama para um cenário urbano e tendo Danny Glover como parte do elenco, acaba ficando muito aquém do primeiro filme e virou até motivos de risadas por parte de alguns espectadores. Nem mesmo ‘Predadores’ (2010), o terceiro filme, que tenta trazer menos truculência em prol de um personagem mais estratégico para enfrentar a criatura consegue se salvar.


O alienígena apareceu também em filmes com os temidos xenomorfos Aliens, essas loucuras que o cinema volta e meia proporciona de juntar dois ícones da Cultura Pop num filme só (a exemplo de ‘Freddy Vs Jason’ de 2003). Dessa forma, duas produções acabaram surgindo, sem muito impacto: 'Aliens Vs Predador 1' (2004) e 'Alien Vs Predador 2' (2007). E se alguém torce a cara para reboots no cinema, com certeza deve ter feito isso quando assistiram ao reboot em 2018. Mesmo com a presença do promissor ator mirim Jacob Tremblay, o longa não significou tanto e caiu no esquecimento.


O novo filme fica a cargo de Dan Trachtenberg ('Rua Cloverfield, 10') e acaba sendo o que mais se aproxima do original, de 35 anos atrás. Com toda visceralidade e um terreno selvagem apropriado para batalhas sangrentas, a criatura vê nesse espaço uma oportunidade para suas caçadas.

A narrativa se passa como um prelúdio dos outros filmes, o ano é 1719 e o cenário são as planícies de um território que viria a se tornar os EUA. Um lugar dominado pela natureza, por belas paisagens e ainda um tanto inabitado por humanos, mas é nele que encontramos Naru (Amber Midthunder), uma Comanche curandeira que, na verdade, almeja ser uma das melhores guerreiras de sua tribo.


Ao lado de sua cadela Sarii, a jovem tenta se impor aos outros guerreiros da tribo, inclusive perante seu irmão, um notável caçador. Inteligente, perceptiva e eficiente em rastrear pegadas, Naru sente que existe outra criatura no ambiente, muito mais perigosa e com mais instintos aguçados de caçador.


Claro que em sua primeira metade, o filme se preocupa em mostrar uma ambiciosa jovem e a determinação em revelar seu instinto caçador para a tribo. Não somente isso, a trama prepara o espectador e o faz ficar atento a vários elementos do cenário que servirão muito bem para o campo de batalha que virá pela frente. Elementos como armadilhas de ursos, areia movediça e vegetação farão a diferença para o combate.


A jovem, em meio a tantos outros predadores como lobos, ursos e leões da montanha, enfrentará um predador novo, diferente e desafiador, totalmente preparado para lutar com suas presas. Não somente usando seus dotes de curandeira com as plantas da região, Naru fará do ambiente estudado um diferencial para guerrear, isso envolve desde a agilidade na machadinha com corda que criou até nos movimentos acrobáticos em galhos de árvores.


Quanto ao alienígena Predador, essa velha criatura já conhecida dos espectadores, suas armas mortais continuam presentes. Existem algumas novas também. Mesmo no Século 18, o alienígena caçador ganha em tecnologia e é munido de mira laser, lança retrátil, computador de pulso, lâminas afiadas, visão infravermelha e sua notória camuflagem que lhe garante boa vantagem nas lutas.


O filme de 1987 focava mais no combate entre o personagem Dutch (Arnold Schwarzenegger) e a criatura. O embate entre ambos é antológico e perturbador, a rivalidade cresce a cada cena e o suspense é mais perturbador. Em 'Predador: A Caçada', esse suspense dá lugar a uma ação bem frenética com mais personagens em cena para criar um ritmo ágil e que não foca somente em Naru e no alienígena.

Embora o novo filme traga mais personagens, muitos surgindo depois de forma inesperada, fica a impressão de que esse número maior seja até mesmo para acrescentar a brutalidade e a matança desenfreada do Predador. Então, se no primeiro filme a equipe do Major Alan ganha mais realce e são personagens que acabam passando carisma apesar da truculência, esse agora perde por colocar personagens esquecíveis e tolos, em sua maioria, e que estão ali apenas para garantir a carnificina e aumentar as cenas de ação.


Os personagens em destaque então acabam voltados para Naru e a cadela Sarii que garantem belas cenas, como a do urso, por exemplo. A sintonia entre homem e animal funciona bem aqui, fato já presenciado em outros filmes como 'Amor E Monstros' entre o jovem Joel (Dylan O’Brien) e o cachorro Boy.


A narrativa ainda reserva um tempo para criticar a crueldade do homem que destrói os animais e a natureza a sua volta em busca do mero prazer. Como uma espécie de debate, algumas cenas revelam que também somos predadores e que muitas vezes não medimos esforços para acabar com outros seres em prol de nossos próprios egos.


Longe de ser um filme que se perde, sem querer inventar muitas teorias, com uma duração aceitável e confiante nas constantes cenas de combate entre caçador e suas presas, o filme abre ganchos oportunos para outras sequências (por favor, veja os créditos finais do filme). Também faz conexão com o passado da franquia ao revelar um objeto que já esteve presente em outro filme. E não se esquece da famosa frase que ficou marcada na mente do cinéfilo: ‘Se ele sangra, é porque morre’.

 

O Predador: A Caçada

Prey


Lançamento: 5 de agosto de 2022

Gênero: Ação, Aventura, Ficção Científica

Diretor: Dan Trachtenberg

Roteiro: Patrick Aison

Duração: 1h 39 min


 

NOTA DO CINÉFILO : 7,0

 

Trailer do filme:


 

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