top of page

Seis bandas que não quiseram ser gigantes — e viraram essenciais

 Não é só sobre música: é sobre identidade, invenção e permanência

TV on the Radio
TV on the Radio, foto de Sumner Dilworth

O indie rock não morreu — ele só mudou de roupa, trocou de cidade, afinou o som e ficou mais introspectivo. Depois da explosão dos anos 2000, com aquela geração que devolveu o rock pras ruas, o gênero ganhou novas formas, texturas e ambições. Essa lista não é sobre os nomes óbvios. É sobre bandas que construíram universos próprios, que desafiaram fórmulas, que continuaram criando com profundidade enquanto muita gente se repetia. Não é só sobre música: é sobre identidade, invenção e permanência. Se você quer entender por que o indie ainda importa, começa por aqui.



  1. Tame Impala — psicodelia pop em coma introspectivo

Tame Impala

Kevin Parker começou como um guitarrista psicodélico australiano e terminou como produtor pop de ponta. O Tame Impala é, na prática, um projeto solo — mas que redefiniu os contornos do indie nos anos 2010. Lonerism (2012) e Currents (2015) são discos que cruzam rock psicodélico, synthpop, R&B e até trap com uma fluidez absurda. O som é lisérgico, íntimo e dançante, tudo ao mesmo tempo. Parker levou o indie pro Coachella, pro estúdio com Rihanna, e pro topo de todas as playlists do mundo — sem nunca deixar de parecer um cara solitário trancado num quarto, experimentando timbres como quem procura a si mesmo.




  1. The National — a elegância do colapso emocional

The National
The National lança seu 10º álbum de estúdio 'Laugh Track' ( Graham MacIndoe )

O The National é aquele tipo de banda que chega devagar e, quando você vê, já virou trilha sonora da sua vida adulta. Com vocais graves e letras que soam como cartas nunca enviadas, Matt Berninger transformou angústia, ansiedade e amor em poesia urbana. Boxer (2007) e High Violet (2010) são dois álbuns que beiram o sublime — sofisticados, emocionais, cheios de silêncios que dizem mais do que mil guitarras.


O National não é de grandes viradas estilísticas, mas é de constância. Eles fazem música pra quem já não se deslumbra fácil, mas ainda sente tudo.




  1. Yeah Yeah Yeahs — grito cru, suor e glamour na mesma frase

Yeah Yeah Yeahs
Foto: Reprodução / Divulgação

Se o Strokes deu o pontapé no renascimento do rock nova-iorquino, o Yeah Yeah Yeahs deu a alma. Karen O é uma das frontwomen mais viscerais e magnéticas do século, misturando punk, glamour, grito e ternura numa mesma frase. Fever to Tell (2003) é cru, urgente, suado. Já It’s Blitz! (2009) levou a banda pra um lugar mais eletrônico e etéreo — e provou que o indie também pode dançar sem perder intensidade. O YYYs sempre foi sobre intensidade: o tipo de som que gruda na pele e deixa marca.




  1. TV on the Radio — arte, política e experimentação em combustão

TV on the Radio
Foto: Katherine Rose para o Observer

Pouco se fala sobre o impacto do TV on the Radio, mas a verdade é que a banda quebrou todas as caixinhas antes de todo mundo querer quebrar. Mistura de art rock, soul, punk, eletrônica e experimentalismo, o grupo do Brooklyn mostrou que o indie podia ser politizado, espiritual e inventivo sem soar pretensioso.


Return to Cookie Mountain (2006) e Dear Science (2008) são discos complexos, mas acessíveis — radiografias de um mundo em colapso embaladas com beleza. São visionários. E mereciam mais reconhecimento do que têm.





5. Spoon — precisão cirúrgica com alma de garagem

 Spoon
Imagem: Reprodução

Constantes, consistentes e subestimados: o Spoon é o tipo de banda que nunca explodiu no mainstream, mas sempre esteve ali, entregando discos impecáveis. Desde Girls Can Tell (2001) até Ga Ga Ga Ga Ga (2007), eles refinaram um indie rock econômico, cheio de groove, de pausas calculadas, de timbres pensados como se cada segundo importasse. Britt Daniel é um compositor que sabe ser pop sem ser óbvio, e isso é raro. O Spoon é o segredo bem guardado de quem realmente acompanha música.




  1. Grizzly Bear — beleza densa pra quem sabe escutar com o corpo inteiro

Grizzly Bear
Foto: Andreas Laszlo Konrath/New York Magazine

O Grizzly Bear é o tipo de banda que nunca quis ser óbvia — e por isso mesmo, criou uma sonoridade que desafia rótulos. Vindo do Brooklyn, assim como muita gente dos anos 2000, eles seguiram outro caminho: o da harmonia vocal minuciosa, dos arranjos de câmara, do indie barroco. Veckatimest (2009) é o ponto alto dessa busca — um disco sofisticado, cheio de camadas e beleza melancólica, que colocou a banda entre os grandes daquele momento.


Não é fácil de digerir, mas recompensa quem ouve com atenção. O Grizzly Bear faz música pra quem gosta de mergulhar — não de boiar.








1 Comment


André
Apr 22

Não quiseram fazer sucesso. Tá bom.


Rock devolvido as ruas? Todas essas bandas foram bancadas por gravadoras que investiram milhões.

Like
bottom of page