Prefeitura de SP censura show da banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo após manifestação pró-Palestina
- Marcello Almeida
- há 3 dias
- 2 min de leitura
Toda nossa solidariedade e respeito à banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo

Na cidade que já viu tanto, mais um episódio de censura envergonha a cultura brasileira. Na tarde desta sexta-feira (11), o show da banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo foi brutalmente interrompido pela Prefeitura de São Paulo durante a Semana do Rock, evento promovido pela própria Secretaria Municipal de Cultura, no centro da capital.
O motivo? Uma projeção com a bandeira da Palestina e de países do Sul Global. Um gesto simbólico, político e legítimo — que foi recebido com corte de som, apagão de telão, ameaça de multa e silenciamento.
“Ao projetar no nosso telão as bandeiras da Palestina e de outros países do Sul Global, tivemos nossa projeção cortada. Após isso, eu (Sophia) pedi pra que voltasse a projeção. A projeção não voltou. Depois de muita reclamação e de indignação por nossa parte e da plateia, ainda tivemos o som cortado pela Prefeitura de São Paulo”, escreveu a banda nas redes sociais.
O episódio aconteceu na Praça do Patriarca, durante uma apresentação gratuita e pública. Segundo o relato, a Prefeitura também ordenou que o grupo reduzisse seu repertório de sete músicas para apenas duas. Um gesto que escancara o desconforto do poder público com qualquer manifestação que fuja do protocolo domesticado.
“O que aconteceu hoje na dita ‘Semana do Rock’ não tem nada a ver com o que o rock significa. Rock é insubmissão, transgressão”, desabafou a banda. “Ficamos tristes porque nosso show é político desde sempre e estávamos emocionados de poder tocar pra vocês. O que aconteceu hoje é inadmissível para uma democracia.”
A nota finaliza com um pedido de desculpas ao público — e com firmeza nas posições que sempre guiaram o grupo:
“Continuamos firmes com nossas posições. E esperamos o apoio de vocês.”
Prefeitura tenta justificar, mas confirma censura
Em nota enviada ao portal Metrópoles, a Prefeitura de São Paulo afirmou que o painel foi desligado e o som reduzido “preventivamente”, sob a alegação de que as projeções e falas “feriram cláusulas contratuais com ofensas direcionadas a terceiros”.
O comunicado ainda tentou suavizar o ato, dizendo que “as manifestações são de responsabilidade exclusiva da artista e não representam o posicionamento institucional da Prefeitura, que reforça seu compromisso com a liberdade artística dentro dos parâmetros legais da administração pública”.
Na prática, cortou-se o som. Na prática, apagou-se a imagem. Na prática, impediu-se a arte.
O Teoria se posiciona: não há arte sem liberdade
O Teoria se posiciona frontalmente contra qualquer tipo de censura — ainda mais quando travestida de burocracia, contrato ou neutralidade covarde.
Não existe neutralidade diante da opressão. E não existe cultura viva sem liberdade. A arte tem o direito — e o dever — de incomodar. Quando uma banda sobe ao palco com coragem para se posicionar diante de uma tragédia humanitária global, ela não está cometendo um crime. Está fazendo história.
Toda nossa solidariedade e respeito à banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo. Um grupo que honra o nome que carrega, mas que mostrou que nada do que faz é perda de tempo — é atitude, é resistência, é arte viva.
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