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Playmoboys e OH! I KILL lançam “Clássicos Instantâneos” e reacendem o indie brasileiro

Quando a música decide nascer grande, ela não pede permissão, apenas acontece

Playmoboys e OH! I KILL lançam “Clássicos Instantâneos”
Imagem: Reprodução

Às vezes a música encontra um ponto de combustão tão raro que parece acender sozinha, como se já nascesse clássica. É disso que “Clássicos Instantâneos” tenta falar sem dizer, e faz sem prometer.



Existe uma certa coragem em batizar um álbum de Clássicos Instantâneos. É quase um pacto com o ouvinte, uma promessa que exige entrega, risco, vértice. Mas Playmoboys e OH! I KILL não são bandas que fogem do salto. No cenário independente brasileiro, elas sempre caminharam pela beira, aquele território onde o indie ganha corpo, o pop respira sem culpa e a sensibilidade encontra ruído.


Agora, unidas, entregam um álbum que não pede licença: ocupa.

São 10 faixas inéditas, construídas com a convicção de quem sabe o que está fazendo e, ao mesmo tempo, com o desassombro de quem ainda acredita na primeira faísca. Não à toa, Conrado Muylaert, líder da Playmoboys, define o trabalho como “o ponto alto da nossa discografia”. Antes de pisar no estúdio, havia um pacto interno: só gravar quando as músicas fossem realmente ótimas — não “boas”, não “ok”, não “funcionais”. Ótimas.


E essa ambição soa.


A estratégia de lançar cinco singles antecipados funcionou como um mapa: todos bateram em playlists relevantes do indie rock nacional, abrindo caminho para um lançamento que já chega quente, comentado, posicionado.


“Esse é nosso décimo álbum, certamente o melhor, e estamos ansiosos pelo feedback do público do rock alternativo BR.”, completa Muylaert — num tom que mistura maturidade e aquele velho brilho adolescente de quem ainda se emociona com o próprio barulho.


Um disco que abraça o indie, flerta com o synth-pop e deixa a MPB entrar pela porta da frente

“Clássicos Instantâneos” não vive preso a uma única estética. Ele respira múltiplas vertentes do indie, estende antenas para o synth, tangencia o pop e, sobretudo, traz uma influência generosa da Música Popular Brasileira, criando uma textura que amplia a paleta e dá corpo ao que poderia ser apenas mais um disco indie — mas não é.


Há um entendimento aqui de que a música brasileira contemporânea não precisa escolher um lado. Ela pode ser várias coisas ao mesmo tempo, desde que a sensibilidade carregue o fio que amarra tudo. E ele amarra.


A banda que dividiu o palco com os Libertines e nunca mais saiu da mira

A história recente da Playmoboys tem um capítulo que poucos grupos independentes no Brasil podem escrever: em 2013, tocaram com os Libertines. Não por coincidência, não por sorte. Carl Barât descobriu a balada “Baby, There’s No End.”, ficou obcecado, e fez o contato. Daí nasceu uma apresentação para pouco mais de cem pessoas em Campos dos Goytacazes, pequena em público, gigante em importância.


O encontro rendeu repercussão nacional e internacional, e o clipe da faixa explodiu no YouTube, passando de meio milhão de visualizações. Foi um daqueles momentos que mudam a biografia de uma banda.



E é bonito ver que, anos depois, ao invés de capitalizar nostalgia, eles escolhem olhar adiante.


“Clássicos Instantâneos” é um manifesto silencioso — e talvez seja esse o seu maior poder


Um disco que tenta ser clássico costuma falhar. Mas um disco que nasce da obsessão pelo próprio ofício — esse costuma encontrar seu caminho. Playmoboys e OH! I KILL parecem entender isso. Há aqui um desejo de permanência, mas também um entendimento de tempo, de contexto, de risco. É um álbum que respira como quem sabe o valor da própria construção.


Um álbum que se coloca, que não teme ser grande, que quer conversar com o futuro sem medo de ser cobrado. Clássicos Instantâneos pode até não nascer clássico para todo mundo. Mas nasce necessário, e, às vezes, é assim que os clássicos começam.



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