'Olhar Pra Trás', álbum de estreia da banda curitibana terraplana, soa sedutor e inebriante
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'Olhar Pra Trás', álbum de estreia da banda curitibana terraplana, soa sedutor e inebriante

Cada faixa do trabalho parece ter sido pensada e planejada para intensificar a poderosa carga emocional e sentimentalismo que permeia por toda a obra.

Imagem Reprodução.


'Olhar Pra Trás', o debut da banda terraplana formada em Curitiba pelos amigos Stephani Heuczuk (voz, baixo), Vinícius Lourenço (voz, guitarra), Cassiano Kruchelski (voz, guitarra) e Wendeu Silverio (bateria), mergulha profundamente nas camadas inebriantes e sedutoras do Shoegaze com elementos agridoces e memoráveis do Dream Pop. São canções lindas e sentimentais que resvalam em memórias de tempos áridos e difíceis, os quais vivenciamos nos últimos três anos com toda aquela incerteza provocada pela pandemia da COVID-19.


O grupo fez bastante sucesso entre os fãs brasileiros de post-hardcore e shoegaze, ao ganhar destaque ao vencer um concurso organizado pela Groover Brasil, garantindo sua participação no Balaclava Fest, evento promovido pela Balaclava Records. Agora, eles lançaram seu primeiro álbum pelo selo paulistano de música independente. O trabalho foi produzido por Gustavo Schirmer (Terno Rei/Jovem Dionísio) e as faixas foram mixadas/masterizadas por Nico Braganholo.



O álbum apresenta nuances convidativas e recheadas de ótimas melodias e melancolia que já ficam soltas logo nos instantes iniciais da densa e atmosférica faixa-título ("Olhar Pra Trás"), uma canção embebida por guitarras distorcidas, efeitos e ruídos que se misturam nostalgicamente aos vocais melancólicos de Stephani, enquanto ela canta versos como: "Por que não se joga/Sem olhar pra trás/Sem se preocupar/Pra se deixar/Pra se deixar em paz". Logo surgem na cabeça a notável semelhança com bandas como My Bloody Valentine e Slowdive, porém, a terraplana consegue captar e absorver o necessário de suas influências para criar uma sonoridade autêntica e espontânea.


Cada faixa do trabalho parece ter sido pensada e planejada para intensificar a poderosa carga emocional e sentimentalismo que permeia por toda a obra.

Um ótimo exemplo disso, fica por conta da bonita e cintilante "Conversas", entre as oito faixa do disco é a canção que mais consegue transmitir o sentimento enternecedor e comovente entre fragmentos e camadas de guitarras profundas e saltitantes que criam uma ode imersiva ao lado dos vocais e a letra que cresce cada vez mais conforme a faixa avança: "Era difícil de entender/Eu já cansei de esperar/Você aprender com seus erros". Versos que fortalecem o carácter reflexivo de todo o contexto do disco, que apesar de ser curto consegue impactar e emocionar a cada canção.



'Olhar Pra Trás' pode soar e abusar de camadas densas e complexas, entretanto, em nenhum momento se deixa ser arrastado e cansativo. Canções como "Cais", que emula mesmo que distante a sonoridade da banda Baleia, consegue enaltecer com total magia a melancolia que impregna na sonoridade da terraplana. "Me Esquecer", pode muito bem ser a fusão entre o já mencionado My Blood Valentine com o Radiohead. Uma música que explora seus acordes de guitarras, que às vezes adotam uma abordagem agressiva, enquanto outras vezes alcançam uma vertente sublime.

Uma estreia marcante do quarteto curitibano, uma mistura singular de passado, presente e futuro, que explora o processo criativo e experimentalismo da banda dentro de um estúdio. Um verdadeiro salto estelar, com todos os ingredientes necessários para se fazer uma música pop daquelas que ficam por tempos rodando em sua cabeça. Um disco onde eles parecem ter se permitido explorar e experimentar diversas direções, ambientações e camadas, deixando um caminho aberto para novas possibilidades no futuro.

 

Olhar Pra Trás

terraplana


Lançamento: 1º março de 2023

Gênero: Shoegaze, Dream Pop

Ouça: "Cais", "Me Esquecer", "Conversas"

Humor: Agridoce, Melancólico, Atmosférico


 

NOTA DO CRÍTICO: 8,0

 

Ouça "Conversas":


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