Oito músicas do Iron Maiden que todo fã precisa revisitar
- Marcello Almeida
- há 5 dias
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Entre riffs imortais e histórias sombrias, o Maiden escreveu capítulos eternos no heavy metal

O Iron Maiden não é apenas uma banda. É um movimento cultural que atravessou gerações, levando com suas guitarras gêmeas, seus refrões épicos e sua estética inconfundível um sentimento de pertencimento a milhões de pessoas ao redor do mundo. Desde os anos 80, o grupo inglês construiu uma narrativa própria dentro do heavy metal: heróica, sombria, literária e visceral. Suas músicas são mais do que canções — são capítulos de uma história maior, que mistura mitologia, literatura, cinema e crítica social, sempre com a assinatura inconfundível de Steve Harris e companhia.
Escolher oito grandes músicas do Iron Maiden é, de certa forma, um exercício ingrato. A discografia da banda é um labirinto de clássicos, cada um com sua identidade e força própria. Mas aqui buscamos aquelas faixas que não apenas marcaram o tempo de sua época, mas continuam reverberando como hinos em estádios, bares e nos fones de ouvido de quem ainda encontra no metal um lugar de intensidade e verdade.
1. “Phantom of the Opera” (1980)

Lançada no primeiro disco da banda, ainda com Paul Di’Anno nos vocais, Phantom of the Opera já deixava claro que o Iron Maiden não seria apenas mais uma banda da NWOBHM. Complexa, veloz e cheia de mudanças de andamento, a música foi uma das primeiras a mostrar o gosto de Steve Harris por narrativas literárias e longas estruturas musicais. Inspirada no romance de Gaston Leroux, ela traz o clima sombrio que se tornaria marca registrada.
Até hoje é lembrada como uma das melhores faixas da fase inicial, símbolo da ousadia de um grupo que ainda estava abrindo espaço, mas já soava maior que o próprio tempo.
2. “The Number of the Beast” (1982)

Talvez a música mais polêmica da carreira da banda. Quando foi lançada como faixa-título do terceiro disco, The Number of the Beast fez o Maiden estourar definitivamente — e ao mesmo tempo enfrentar acusações de satanismo, censuras e protestos religiosos. O que muitos ignoravam era que a letra vinha de um pesadelo de Steve Harris e também de referências ao Apocalipse bíblico e ao poema de Robert Burns.
Com a entrada de Bruce Dickinson, a faixa virou um marco: teatral, explosiva e com um refrão que ecoa até hoje em arenas lotadas.
3. “Hallowed Be Thy Name” (1982)

No mesmo álbum, Hallowed Be Thy Name levou a narrativa lírica da banda a outro patamar. A história de um homem caminhando para sua execução é contada com dramaticidade crescente, unindo metal pesado, progressividade e espiritualidade. Não por acaso, a música se tornou uma das mais cultuadas pelos fãs e praticamente obrigatória em todos os setlists.
É o Maiden mostrando que podia ser épico sem soar pretensioso, com Bruce no auge da interpretação e a banda inteira criando uma atmosfera quase cinematográfica.
4. “The Trooper” (1983)

Baseada no poema de Alfred, Lord Tennyson, a faixa traz a famosa Carga da Brigada Ligeira durante a Guerra da Crimeia. Aqui, o Maiden uniu história, literatura e riffs de aço em uma canção que virou um dos símbolos absolutos da banda. O cavaleiro Eddie com a bandeira britânica estampada na capa do single ajudou a consolidar a iconografia do grupo.
Musicalmente, é puro ataque: cavalga nas guitarras de Murray e Smith e mostra a força do baixo de Steve Harris. Até hoje, um dos momentos mais explosivos em qualquer show.
5. “Aces High” (1984)

A abertura de Powerslave é uma das maiores introduções da história do metal. Aces High retrata o heroísmo e a tensão dos pilotos da RAF durante a Segunda Guerra Mundial, especialmente na Batalha da Grã-Bretanha. É a síntese da energia da banda: veloz, agressiva, mas ao mesmo tempo grandiosa e melódica.
Nos palcos, a música sempre ganha ainda mais força com a introdução de Churchill ecoando nos alto-falantes. Uma verdadeira aula de como transformar história em catarse musical.
6. “Powerslave” (1984)

Se Aces High abre o disco com fúria, a faixa-título Powerslave mergulha no misticismo egípcio. Com um dos riffs mais marcantes da banda, a canção é um tratado sobre poder, morte e eternidade. Bruce Dickinson canta na pele de um faraó, e a atmosfera criada pela banda se tornou um marco estético.
Não por acaso, a turnê “World Slavery Tour” — que levou o Maiden a todos os cantos do planeta — consolidou o grupo como uma das maiores bandas do mundo.
7. “Wasted Years” (1986)

Em Somewhere in Time, o Iron Maiden trouxe guitarras sintetizadas e uma sonoridade mais futurista. Wasted Years, composta por Adrian Smith, é a joia do disco e uma das músicas mais emocionais do catálogo da banda. Diferente das narrativas históricas e literárias, aqui o foco é mais pessoal: o peso da estrada, a saudade de casa e a reflexão sobre o tempo que escorre.
É uma das faixas em que fãs se reconhecem, porque traz humanidade em meio à grandiosidade épica do Maiden.
8. “Fear of the Dark” (1992)

Fechamos com um hino absoluto. A faixa-título do disco de 1992 é uma das mais amadas pelo público, especialmente pela catarse coletiva em shows, quando milhares de vozes cantam o refrão em uníssono. A letra sobre os medos noturnos dialoga com arquétipos universais, enquanto a música alterna momentos suaves e explosões poderosas.
Mesmo em uma fase de transição, com o metal enfrentando mudanças nos anos 90, o Iron Maiden provou que ainda sabia escrever clássicos capazes de atravessar décadas.
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