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Irvine Welsh diz que nova sequência de Trainspotting é um antídoto contra um mundo tomado por ódio e veneno

Se Trainspotting foi um soco no estômago, talvez sua sequência seja o respiro — ainda que ácido — de que a literatura precisa agora

Irvine Welsh
O escritor escocês Irvine Welsh — Foto: Inga Kjer/Divulgação

O escritor escocês Irvine Welsh descreveu nesta sexta-feira (11) sua mais nova obra, Men in Love — sequência direta de Trainspotting — como um antídoto contra um mundo tomado por ódio e veneno. O livro será publicado em inglês no próximo dia 24 de julho e se passa na Escócia entre o final dos anos 1980 e o início dos 1990, retomando a história exatamente de onde o romance original parou.



Publicado há mais de trinta anos, Trainspotting apresentou ao mundo a gangue disfuncional formada por Mark Renton, Sick Boy, Spud e Begbie — quatro anti-heróis que enfrentavam o tédio e a desesperança das ruas de Edimburgo mergulhados em drogas e escapismo. A história ganhou o mundo em 1996 com a icônica adaptação cinematográfica dirigida por Danny Boyle, com Ewan McGregor no papel de Renton. Em 2017, veio a continuação, T2 Trainspotting, também dirigida por Boyle.


Desta vez, no entanto, Welsh quis mudar o tom.


“Vivemos em um mundo que parece cheio de ódio e veneno. É hora de eu me concentrar mais no amor, como uma espécie de antídoto contra tudo isso”, disse o autor em entrevista à BBC.


Ele também vê paralelos inquietantes entre os anos 90 e o presente. O fim da indústria pesada — como os estaleiros de Leith, em Edimburgo — nos anos 80 lançou uma geração no desemprego, redefinindo o que significava trabalhar.


“Agora todos estamos nessa situação. Não sabemos quanto tempo teremos trabalho remunerado, se é que o teremos, porque nossa economia, nossa sociedade, está em uma longa transformação revolucionária”, afirmou Welsh, acrescentando que enxerga tendências “muito distópicas” no mundo de hoje.

Crítico ferrenho da era digital, o autor também não poupou palavras sobre o impacto das tecnologias emergentes e das redes sociais na sociedade contemporânea.


“Por um lado, temos a inteligência artificial e, por outro, uma espécie de estupidez natural. Estamos nos tornando máquinas idiotizadas que recebem instruções”, disparou. “E quando as máquinas pensam por você, seu cérebro atrofia.”
O 'time' de "Trainspotting": Renton (Ewan McGregor), Spud (Ewen Bremner), Sick Boy (Jonny Lee Miller) Begbie (Robert Carlyle), na sequência, lançada em 2017 — Foto: Divulgação
O 'time' de "Trainspotting": Renton (Ewan McGregor), Spud (Ewen Bremner), Sick Boy (Jonny Lee Miller) Begbie (Robert Carlyle), na sequência, lançada em 2017 — Foto: Divulgação

Com Men in Love, Irvine Welsh quer reequilibrar a equação: explorar a força regeneradora do amor num cenário que, mais uma vez, parece prestes a ruir. Se Trainspotting foi um soco no estômago, talvez sua sequência seja o respiro — ainda que ácido — de que a literatura precisa agora.

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