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Hayley Williams desaparece pra aparecer

Cantora esconde novo álbum em tinta de cabelo e cria um dos lançamentos mais criativos dos últimos anos

Hayley Williams
Imagem: Reprodução

Em uma indústria onde tudo é calculado para agradar o algoritmo, Hayley Williams escolheu o silêncio — e, com ele, provocou o maior barulho.



Nada de streaming, buzzwords ou campanha multimilionária. O novo álbum da vocalista do Paramore foi lançado secretamente dentro de uma tinta de cabelo. Sim, literalmente.


O tom “Ego”, da marca vegana da própria Hayley, Good Dye Young, vinha com um código enviado por e-mail — e só pra quem comprou o produto. O código dava acesso a um site de visual retrô, com cara de blog dos anos 2000, onde era possível baixar uma pasta zipada com 17 faixas inéditas, vídeos caseiros, rascunhos manuscritos e até prints de um chat infantil. Uma cápsula do tempo emocional. Um diário sonoro, visual, íntimo.


Mas tudo durou pouco. Logo depois, o site foi retirado do ar. Quem tentou acessar depois, encontrou apenas uma frase: “Thank you for listening.”


Imagem: Reprodução
Imagem: Reprodução

Arte no lugar do hype


A ação foi tão direta quanto afetuosa. Apenas 2 mil unidades do produto foram vendidas — todas numeradas e assinadas — criando uma escassez calculada, quase uma crítica sutil à abundância sem alma do streaming. Enquanto todo mundo corre para vencer o algoritmo, Hayley simplesmente saiu da pista. E, nesse vácuo, criou algo maior: pertencimento.



É marketing? Sem dúvida. Mas também é gesto, conceito, arte. Um lançamento que subverte a lógica da música como commodity e a transforma em experiência sensorial, tátil, emocional.


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Sonoramente, o disco segue o caminho de seus trabalhos solo: introspecção, saúde mental, arranjos experimentais. Mas o principal não é o som, é o meio. Ao usar sua própria tinta como suporte físico, Hayley fez da beleza o canal, e da ausência, a mensagem.


Em vez de pagar para ser ouvida, ela apostou no mistério — e foi encontrada.

Um álbum que não quer viralizar, só tocar.

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