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“Esperança como desobediência”: Shirley Manson fala sobre novo disco do Garbage, a Palestina e envelhecer com orgulho

Atualizado: 2 de jun.

Em entrevista intensa à NME, vocalista reflete sobre a política global, o caos contemporâneo e como a luz pode romper a escuridão

Shirley Manson, do Garbage, 2025.
Crédito: Joey Cultice

Shirley Manson não está aqui para nos confortar — mas para nos lembrar que ainda dá tempo. Em entrevista à NME, a vocalista do Garbage abriu o coração sobre o novo disco da banda, Let All That We Imagine Be The Light, e o peso de viver num mundo à beira do colapso.



A obra, lançada na última sexta-feira (30), recebeu nota máxima da publicação, que definiu: “Embora o mundo muitas vezes pareça um lugar escuro, há uma sensação de poder que pode ser alcançada ao deixar a luz entrar.”


Falando de Londres — “uma pausa breve no regime fascista dos EUA”, como ela mesma define —, Manson comentou sobre a escalada de tensão nos Estados Unidos e no restante do mundo, onde mora com seu marido e colaborador de banda, Billy Bush.


“Foi maravilhoso sair da loucura por um minuto”, disse ela. “Com certeza, posso dizer que as coisas vão piorar. É isso que é tão assustador. Estão apenas começando. É muito, muito sério, e não tenho certeza se todos entendem completamente o quão insano isso se tornou e como continuará a piorar.”



Essa consciência pesada, mas desperta, ecoa em cada faixa do novo álbum — o oitavo da carreira do Garbage. Com mais de 30 anos de estrada, a banda entrega agora uma das obras mais intensas e instigantes de sua discografia.


“Eu literalmente enlouqueceria se não tentasse empregar algum tipo de crença na capacidade da humanidade de virar o jogo”, contou Manson. “Embora, a cada dia em que me levanto e abro meu celular, tudo pareça cada vez mais desesperador, caótico e insano. Não parece estar melhorando.”


Apesar disso, Manson encontrou uma maneira de resistir ao niilismo — e transformá-lo em arte.


“Quando escrevemos este álbum no ano passado, eu estava totalmente investida na minha esperança como uma forma de resistência e desobediência.”


A cantora também falou sobre o envelhecimento na indústria da música, o machismo midiático que enfrentou ao longo das décadas, sua postura frente à crise na Palestina, e a importância de seguir criando com autenticidade.


Não preciso ser jovem, não preciso ser rápida, não preciso ser sexy, não preciso ser atraente, não preciso sorrir. Se me cancelarem, vocês me cancelam. Tive uma carreira incrível. Eu realmente não me importo. Se nos cancelarem, vou me sentir culpada por ter estragado tudo para a minha banda, mas prefiro ser fiel a quem eu sou como ser humano, a como fui criada por uma família da qual tenho muito orgulho.


Sobre a Palestina:


Há uma grande sensibilidade em relação a Israel, e com razão. O sofrimento que os judeus europeus suportaram durante a Segunda Guerra Mundial tem uma sensibilidade – especialmente no Reino Unido, onde nos foi incutido o desejo de lutar contra o antissemitismo, o que é absolutamente necessário. Mas, por favor, leiam um livro de história e tentem entender o que está acontecendo aqui.


Estou horrorizada por não haver ninguém defendendo os palestinos e não deveríamos dizer uma palavra em sua defesa. Parece loucura para mim, uma cegueira deliberada e escolhida.


“Eu acordo todas as manhãs muito angustiada, assim como muitos músicos, e todos nós estamos sendo punidos por isso.”


Shirley Manson, aos 57 anos, segue sendo uma força radical, irredutível e necessária — uma mulher que encara o abismo e ainda encontra força para gritar de volta.



Let All That We Imagine Be The Light já está disponível em todas as plataformas.


Leia a entrevista completa NME

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