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Dave Abbruzzese fala sobre rumores de retorno ao Pearl Jam: “Não tenho mágoas, mas não vejo isso acontecendo”

O coração bate forte, mas às vezes não no mesmo ritmo

Dave Abbruzzese
Foto: Ralph Notaro/Getty Images

O passado bateu à porta — e Dave Abbruzzese respondeu com franqueza, gratidão e um certo peso no peito. Após o anúncio da saída de Matt Cameron do Pearl Jam, baterista que segurava as baquetas da banda há quase três décadas, os fãs e a imprensa começaram a especular: quem vai assumir agora? E um nome voltou a ecoar com força — o de Dave, o cara que ajudou a moldar os discos Vs. e Vitalogy, aquele que colocou fogo no palco do MTV Unplugged e saiu pela porta dos fundos em 1994.



O burburinho ganhou tanta força que o próprio Dave resolveu quebrar o silêncio. Em um desabafo longo e honesto publicado no Facebook, ele falou sobre o passado, sobre as feridas, sobre os anos de estrada — e sobre a distância irreversível entre ele e o Pearl Jam.


“Desde que saiu a notícia de que o Matt Cameron deixou a bateria do Pearl Jam, tenho recebido uma enxurrada de mensagens, comentários, e até pedidos para eu ligar pra banda e tentar uma reconciliação. Achei que era hora de dizer algo. Pra começar, não tenho nada a reconciliar com eles. A minha saída, e tudo o que veio depois, não foi algo só meu — teve muita coisa causada pela antiga gravadora e pela gestão da banda na época. Tirando uns comentários atravessados e algumas atitudes que nunca entendi, nunca guardei mágoa nem joguei a culpa nos caras da banda.”

Não há rancor, mas há feridas que não cicatrizaram. E há saudade de uma química que, segundo ele, ninguém conseguiu explicar por que foi desfeita.


“Tive o privilégio de tocar com gente incrível e viver momentos inesquecíveis nesses mais de 30 anos fora do Pearl Jam. Mas, sinceramente, até hoje não entendo o que foi tão grave a ponto de quebrar a conexão musical que tínhamos. E não tem muito o que eu possa fazer sobre isso. O tempo passou, me fez crescer como músico e como ser humano. Imagino que eles também tenham amadurecido. Mas o fato de nunca mais termos tido qualquer contato pessoal me mostra que a distância entre nós ficou grande demais pra pensar em reconexão. Isso me entristece.”

O texto segue como uma carta aberta aos fãs — os mesmos que, mesmo décadas depois, continuam pedindo seu retorno. E Dave, embora emocionado com o carinho, prefere não alimentar esperanças.



“Se um dia houvesse um contato, eu sei que teria muito a oferecer. A música ainda é uma paixão real, pulsante, e sigo dando o meu melhor em tudo o que faço. Mas, honestamente, não vejo isso acontecendo. Desejo tudo de bom ao Pearl Jam e à nova formação, seja ela qual for. Quem sabe um dia a gente se esbarre de novo por aí. Por enquanto, só peço uma coisa: parem de me mandar mensagens pedindo pra eu procurar os empresários deles. Eu entendo o carinho, fico lisonjeado, e confesso que também ficaria curioso com uma possível reunião… mas esse não é o caminho agora. Com muito amor e gratidão, Dave.”


Uma história sem ponto final — mas com muitas vírgulas


Dave Abbruzzese nunca deixou de ser uma peça essencial da fase mais explosiva do Pearl Jam. E talvez por isso tantos fãs ainda sonhem com um retorno improvável. Mas o próprio Dave parece já ter feito as pazes com a realidade: a banda seguiu, ele seguiu, e o tempo desenhou muros difíceis de escalar.


O lugar atrás da bateria do Pearl Jam está vago. Mas antes de preencher esse espaço com outro nome, talvez seja importante reconhecer o que Dave representou — e ainda representa — na construção de uma das bandas mais importantes da história do rock moderno.


O coração bate forte, mas às vezes não no mesmo ritmo.

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