“Bugonia”, parceria de Yorgos Lanthimos e Emma Stone, estreia nos cinemas brasileiros
- Marcello Almeida
- há 20 horas
- 2 min de leitura
O diretor tem reforçado seu status como um dos nomes mais instigantes do cinema contemporâneo

Bugonia, novo longa de Yorgos Lanthimos, estreou nos cinemas brasileiros na última quinta-feira (27), marcando mais uma colaboração entre o diretor grego e a atriz Emma Stone — que também assina a produção. A obra adapta o cult sul-coreano Save the Green Planet! (2003), com roteiro de Will Tracy, e mistura comédia sombria, paranoia conspiratória e ficção científica.
Na trama, Emma interpreta Michelle Fuller, poderosa CEO sequestrada por dois homens — vividos por Jesse Plemons e Aidan Delbis — que acreditam firmemente que ela é uma alienígena infiltrada na Terra. Mantida refém após ser rendida em sua própria mansão, Michelle se torna alvo do desejo dos sequestradores de arrancar uma “verdade” que justificaria sua missão de salvar o planeta.
A partir daí, o filme provoca o espectador a questionar a própria realidade dos personagens: Michelle seria mesmo um ser extraterrestre ou tudo não passa de um delírio compartilhado pelos primos sequestradores, cuja história com a empresa da executiva adiciona camadas de tensão ao enredo?
Com humor sarcástico e terror psicológico, Bugonia explora o medo do desconhecido e aprofunda temas recorrentes da filmografia de Lanthimos, o desconforto, o absurdo e a estranheza como ferramentas para discutir a condição humana. O diretor tem reforçado seu status como um dos nomes mais instigantes do cinema contemporâneo, após o sucesso de Pobres Criaturas (2023) e Tipos de Gentileza (2024).
Cotado para o Oscar 2026, o longa aposta em diálogos afiados, ritmo ágil e uma abordagem autoral que se destaca entre as produções da temporada. Emma Stone, novamente favorita na disputa de Melhor Atriz, alterna vulnerabilidade e manipulação ao interpretar uma personagem que transita entre a submissão aparente e a tentativa constante de retomar o controle da situação — nuances que intensificam a atmosfera de paranoia do filme.
Diferente dos dramas tradicionais e das biografias que costumam dominar o circuito de prêmios, Bugonia abraça a fantasia e o delírio como espelhos distorcidos da realidade. Lanthimos constrói uma narrativa em que a suposta ameaça alienígena parece menos perturbadora do que a capacidade humana de criar seus próprios monstros.
No fim, a sensação é de que o verdadeiro ficcional não está nas criaturas evocadas, mas na crença de que ainda somos capazes de controlar a colmeia caótica que chamamos de mundo.











