Biomutant mescla erros e acertos em seu mundo aberto pós-apocalítico
- Eduardo Salvalaio
- há 1 dia
- 4 min de leitura
Os cenários se dividem entre lugares arrasados e outros que trazem vida e beleza diante do personagem

Cenários pós-apocalípticos passaram a ser um potencial não apenas para o Cinema, como também para a indústria de jogos. O apelo pela sobrevivência, a exploração por recursos, ambiente hostil, a busca por um resquício de esperança mesmo num mundo devastado. Como exemplo podemos incluir The Last of Us, Fallout, Horizon Zero Dawn, Days Gone, entre outros.
Biomutant é um jogo que chega inspirado nesse cenário, porém aqui os personagens são animais mutantes. O jogo foi criado pela sueca Experiment 101, uma pequena empresa fundada por ex-funcionários da Avalanche Studios (responsável pela série Just Cause). A publicação do jogo ficou por conta da THQ Nordic.
Como outras produções desse gênero, Biomutant fará o jogador explorar um imenso mundo aberto com muitas ruínas, casas e veículos abandonados, túneis, minas. Com perigos constantes, aqui também precisamos ter cuidado com lugares que aumentaram a radiação ou mesmo a temperatura.
Após criarmos as características e distribuir atributos como força, vitalidade e carisma para o nosso personagem (comum em muitos jogos do gênero), partimos logo para a ação. Aqui, o combate também oferece tanto usar armas de fogo (rifles, pistolas) como o tradicional corpo a corpo (espadas e facas). Com um simples botão, podemos trocar nosso jeito de jogar.
Conforme avançamos, ganhamos mais combos que são adicionados aos combates. Executando uma sequência de botões, os movimentos ganham mais intensidade e os danos contra os inimigos podem ser ainda maiores.
A velha esquiva não poderia ficar de fora, inclusive com o movimento acontecendo em slow-motion quando executamos a manobra de forma perfeita. Ainda contamos com habilidades especiais para cada arma e também para melhorar certas habilidades de ações como, por exemplo, causar dano maior ou mesmo recarregar mais rápido a arma.
O enredo principal gira em torno da Árvore da Vida. Ela tornou-se poluída devido aos desastres naturais que ocorreram. Para piorar, algumas criaturas estão roendo as raízes dessa árvore e cabe ao nosso personagem eliminar essa ameaça. Devemos percorrer o mapa atrás de missões e de outros NPC’s para que possamos encontrar essas criaturas.

Junto com essa caça, também temos à disposição missões de invasão de postos avançados (influência de Just Cause e Far Cry?). São missões importantes para conseguir aliados (ou para causar mais fúria nos rivais) e também para obter itens variados e valiosos, além de desbravar mais o mapa.
O jogo tem seu toque RPG, apesar de não muito complexo. O diferencial aqui é a possibilidade de melhorarmos trajes e armas a partir de materiais que encontramos espalhados nos cenários. Com espaços para aprimoramentos (add-ons), podemos fazer combinações diversas e poderosas, algumas inclusive adicionando mais elementos destrutivos como fogo e veneno.
São muitos equipamentos e itens disponíveis. Cada um tem suas peculiaridades, então, espere passar um bom tempo testando a melhor opção para combates mais extremos que virão pela frente. Quanto mais raros os materiais, melhores serão nossos equipamentos (armas e trajes).
Logo, é preciso vasculhar muitas latas de lixo, armários, recintos e caixas. Alguns objetos como micro-ondas e lavadoras também escondem itens preciosos, contudo precisam ser abertos conforme alguns puzzles que precisam ser decifrados (mas eles não exigem muito do jogador e quase não mudam).
Para o aspecto de desenvolvimento do personagem, ainda temos a possibilidade de seguir por um caminho bom ou mau (a questão do karma que também vimos lá em Fallout). Essas escolhas influenciam nas habilidades que podemos adquirir, no seguimento da história e no poder de persuasão em alguns diálogos.
Infelizmente, Biomutant apresenta cenários repetitivos, sobretudo o interior dos postos. Os recintos que entramos, as trincheiras que guarnecem o lugar, a arquitetura, praticamente são sempre idênticos, o que tira bastante o fator surpresa para o jogador. Embora seja prazeroso no início sair em busca de materiais, itens de cura e equipamentos melhores, não há tanto incentivo depois de certo tempo, ao contrário do que acontece em jogos como Fallout 3.
Os cenários se dividem entre lugares arrasados e outros que trazem vida e beleza diante do personagem. Existe todo um cuidado em realçar a vegetação, bem como destacar uma natureza viva com rios e cachoeiras, certamente para passar algo que nos transmita aquela sensação de um mundo ainda habitável.

Por outro lado, também existem lugares mais precários (zonas mortas) onde as condições de oxigênio são praticamente escassas. Tais ambientes precisam de uma estratégia maior do jogador. Importante ele melhorar sua resistência para atravessar lugares perigosos, inclusive contamos até com a ajuda de um robô que nos transporta e nos protege durante a travessia nessas regiões.
As quedas de frames acontecem, seja explorando o ambiente, seja nos combates. Em certos momentos, partes do cenário não renderizaram prontamente, isso acaba prejudicando talvez quem deseja encontrar mais itens ou lugares para explorar. Por sorte, o mapa, apesar de muitas informações, não é difícil de visualizar, indicando para onde precisamos ir e com diversos pontos de viagem rápidos para auxiliar na exploração. A versão testada foi a de PS4.
Outro aspecto do gráfico, sobretudo se pensarmos na questão dos combates, é trazer algo cartunesco para a ação, como utilização de onomatopeias e até mesmo da expressão zangada dos inimigos quando estão recebendo danos.
Um problema que ocorreu em algumas situações foi o inimigo ficar distante de nosso personagem e o HP dele voltar a ficar cheio depois que estava quase no final, de forma inexplicável.
Infelizmente, o jogo fechou em alguns momentos (aquela tela azul que costuma perturbar o jogador). Por sorte, o autosave nos coloca num lugar próximo e, sendo assim, não perdemos tanto do que jogamos. Também podemos fazer saves manuais (5 slots). Entretanto, é irritante ter que entrar novamente no aplicativo e recarregar o jogo.
Aguardado como um grande jogo, Biomutant traz uma mescla de alguns erros como a repetição extrema de cenários e ambientes junto a acertos como o uso de mecânicas atraentes (a criação e o aprimoramento de equipamentos e trajes). Se pensarmos que a empresa na época tinha apenas 18 funcionários, ainda é um grande feito.
Trailer do jogo:
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