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Foto do escritorEduardo Salvalaio

Yellow House reúne o etéreo, o reflexivo e o melódico em Psalms Of Yellow House

A sonoridade do Yellow House é rica e detalhada, com camadas instrumentais criativas que se conectam bem aos vocais de Emile



Emile Van Dango é um cantor, compositor e produtor de Cidade do Cabo (África do Sul). O músico começou sua carreira tocando guitarra com o grupo indie The Plastics. Posteriormente, em 2016, adotou o projeto Yellow House. O título veio inspirado numa pintura com mesmo nome assinada por Van Gogh no ano de 1888.

 

Dois EP’s vieram no período de dois anos: "A Carnival of Fears" (2017) e "Sermon On Desire" (2018). Porém, foi em 2021 que o artista recebeu atenção de crítica e público. O début “Mania/Post Mania” foi nomeado como melhor álbum alternativo no Grammy Awards Sul-africano.

 

Para a composição do novo álbum, “Psalms Of Yellow House” (2024), Emile se isolou numa montanha a oeste da Cidade do Cabo e fez disso um lugar para reflexão onde ele repensou sobre sua vida em vários âmbitos: infância, crise espiritual, relacionamentos tensos. Inclusive o próprio Emile cita esse momento como um espaço para uma espécie de renascimento.

 

Esse isolamento fica bem refletido na letra de ‘Trouble Always Find Me’, um dos destaques do trabalho. O cantor relata os constantes problemas em sua vida e se sente culpado até em relação a sua religião: ‘Trouble always finds me / It knows when to call / I know God doesn't love me / The way he did before'.

 

A sonoridade do Yellow House é riquíssima. Cheia de detalhes, preenchida criativamente por instrumentais que se sobrepõe em camadas (piano, guitarra, órgão, sintetizadores) e tudo se conectando bem com os vocais de Emile.

 


O disco pode transitar tanto pelo etéreo aprazível do Dream Pop (a já citada Trouble Always Finds Me’) como pela poesia reflexiva e acústica do Folk (‘Comedown King’). O músico até arrisca um Soul junto ao Indie Rock em ‘Say You Will’ (com um vocal fantástico que irrompe logo nos segundos iniciais da canção).

 

Com melodia contagiante bem sustentada por um belo dedilhado de guitarra, ‘Milk & Honey’ traz semelhanças com a sonoridade do duo Beach House. Mesmo com seu clima melancólico, ‘Blowing Away’ também convence com um sintetizador soturno e vocais mais pungentes.

 

Claro que alguém pode reclamar porque esse é um disco que começa efusivo e radiante (com a certeira ‘Saviour Complex’), porém vai terminando de forma amarga e melancólica, como acontece na faixa ‘Don’t Cry (It’s Just Goodnight)' que fecha o trabalho. Talvez essa dualidade de sentimentos assuste certos ouvintes.

 

Também podemos pensar se esse não seria o caso de que o artista poderia ter encaixado mais faixas. Sim, porque o disco é bem curto com suas oito canções que não somam sequer 27 minutos.



Mas uma coisa é certa: como a Música de Emile casa bem com a Pintura. Não apenas o nome emprestado de uma grande obra do pintor holandês, mas as próprias capas que ornamentam os trabalhos do músico sul-africano. Você pode conferir acessando a página na Bandcamp. Tanto que não seria exagero eleger a arte da capa de "Psalms Of Yellow House" como uma das melhores de 2024.

 

Psalms Of Yellow House

Yellow House


Ano: 2024

Gênero: Indie Rock, Indie Pop, Dream Pop

Ouça: ‘Say You Will’, ‘Blowing Away’, ‘Milk & Honey’ 

Pra quem curte: Palace, Sophie May, Lucy Dacus

Humor: Agridoce, Melódico, Convidativo



 

NOTA DO CRÍTICO: 7,5

 

Ouça ‘Blowing Away’:









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