O ano teve ótimos álbuns.
Se os últimos anos foram sobre sobrevivência, então 2022 foi quando a música prosperou novamente. Eventos e festivais retornaram em grande parte do mundo, e a música foi mais uma vez experimentada como nossos criadores favoritos pretendiam que fosse: extremamente alta, próxima e pessoal.
Superestrelas como Beyoncé e Taylor Swift, que fizeram seus grandes retornos para a pista de dança, produzindo alguns dos seus esforços mais vigorosos. Wet Leg trouxe boas vibrações em sua estreia. Outros pareciam ter atingido seu auge criativo: Rosalía ultrapassou limites, Fontaines DC se tornou um clássico instantâneo e Arctic Monkeys seguiram o rumo de suas vidas.
Muitos dos nomes acima mencionados podem não estar presentes nesta pequena lista. Aqui classifiquei os discos que mais ouvi em 2022. Aqueles que sempre rodaram em meu Spotify enquanto produzia algum conteúdo para essa página.
Porém, prometo que nossa lista de melhores (em nossa humilde opinião ainda vai ser lançada). Enquanto isso confira sete discos para ouvir antes do ano acabar.
Björk- 'Fossora'
Como aconteceu conosco, o bloqueio obrigou Björk a permanecer em casa. Isso, aliado à perda de um dos pais e à realização de festas em sua residência para manter a sanidade, levou a polímata art-pop islandesa a fazer um álbum inspirado em raves que lidava com a família e a redescoberta de suas raízes. Ela criou um som e energia imponente, mas fresco, que fez de 'Fossora' seu melhor disco em uma década.
Ouça a faixa: 'Ancestress'
Warpaint- 'Radiate Like This'
Após uma pausa de seis anos, o quarteto de Los Angeles, Warpaint, lança o álbum 'Radiate Like This'. Não reinventa a roda, mas mantém a consistência criativa, com uma coleção de dez faixas que apresentam esforços espaciais e completos da banda ('Hard To Tell You') é uma prova do poder melódico da banda, ('Send Nudes') inspira com sua vibe delicada e convidativa para entrar no universo do quarteto. A espera de meia década valeu a pena.
Ouça a faixa: 'Stevie'
The Smile- 'A Light For Attracting Attention'
Demonstrando que projetos paralelos de celebridades não precisam ser equivalentes ao exagero, 'A Light For Attracting Attention' apresentou Thom Yorke e Jonny Greenwood, em cooperação com Tom Skinner, do Sons of Kemet, alguns de seus trabalhos mais interessantes fora do Radiohead até o presente. Sempre capaz de explorar o nosso medo coletivo, Yorke tratou de temas distópicos em uma sucessão de arranjos criativos que variaram entre jazz, prog, Afrobeat e pós-punk enérgico.
Ouça a faixa 'Open The Floodgates'
Big Thief- 'Dragon New Warm Mountain I Believe In You'
Nos quatro primeiros álbuns, Big Thief mergulhou no folk feliz e adocicado, no psych desbotado e no rock empoeirado. Seu quinto disco, um álbum duplo de 20 faixas tão maximalista e extenso quanto seu título, os viu expandir seus horizontes ainda mais. De folk hoedowns ('Spud Infinity') a solos de guitarra triturados ('Simulation Swarm') e além, 'Dragon…' estava longe de ser musicalmente ou tematicamente coerente, mas a força inquestionável de suas 20 faixas significava que não importava muito. Um trabalho no mínimo brilhante e emocionante de se ouvir. Com a incrível capacidade de te transportar para lugares imagináveis.
Ouça a faixa 'Certainty'
Fontaines D.C.- 'Skinty Fia'
Para aqueles que se sentiram profundamente comovidos com o segundo álbum da banda irlandesa, esse sentimento também é válido para o último álbum: 'Skinty Fia' terá pontos altos por anos, como o refrão indie-pop de Fontaines em 'Jackie Down The Line', o trip-hop da faixa-título, ou 'The Couple Across The Way', uma balada de partir o coração que Chatten tocou só com um acordeão.
O quinteto de Dublin inova em seu terceiro álbum, sendo uma aventura e, ao mesmo tempo, profundamente comovente.
Ouça a faixa 'Big Shot'
Arctic Monkeys - 'The Car'
A maravilha inquestionável da amizade de longa data dos Arctic Monkeys é que, para quem está de fora, não parece ter havido nenhuma alteração. Apesar de, nos últimos anos, a banda de Sheffield ter andado pelo deserto usando perucas de quatro partes, vivendo suas fantasias de estrela do rock da Costa Oeste e voando para uma odisseia na lua, eles mantiveram o sentimento por dentro.
Espírito coletivo que segue um processo colaborativo aberto: uma qualidade que tornou 'The Car' ilimitado e profundo. A banda, que demonstrava uma maravilhosa confiança discreta, começou a criação deste álbum tocando juntos em um antigo convento. Os seus experimentos com sintetizadores Moog e refrãos de piano em loop logo destacaram-se acima de arranjos tensos - um lembrete de que mesmo as músicas mais grandiosas não podem esconder o poder de sinergia.
'The Car' é repleto de emoção e toques selvagens, e amplo em seu escopo emocional também: peças orquestrais rodopiantes paralelas à deriva subconsciente do vocalista Alex Turner enquanto ele cantava sobre o isolamento e a fragilidade da juventude.
Uma genuína obra-prima que nos deixa sem ar e revela a curiosidade infinita de seus idealizadores.
Ouça a faixa 'There'd Better Be A Mirrorball'
Wilco - 'Cruel Country'
Poucas bandas de rock criaram um processo criativo estimulante com paixão e fervor quanto Wilco, de Chicago, banda liderada pelo carismático cantor e compositor: Jeff Tweedy. O grupo nasceu das cinzas do antigo projeto de Jeff, Uncle Tupelo, que ajudou a consagrar uma nova vertente americana, o Country Alternativo. Wilco, no início possuía muitas características do Tupelo, discos como ‘AM’ (1995) e ‘Being There’ (1996), beberam da fonte do Alt Country, gênero que foi ficando cada vez mais distante da banda com o passar dos anos, ‘Summerteeth’ de 1999, traçou um novo direcionamento para carreira do Wilco, que passou a se tornar uma banda de rock experimental, sempre cuidando para que seus discos entregassem algo de novo. O ápice criativo veio com o exuberante ‘yankee Hotel Foxtrot’ de 2002, e o Wilco começou a se destacar na cena alternativa com uma capacidade mutante de transitar por arranjos simples e experimentais.
Quase trinta anos depois, Wilco regressa em suas raízes do começo, com um disco mais simples e direto, mas com toda aquela habilidade de transformar um indivíduo. ‘Cruel Country’, 12º álbum de estúdio da banda, revisita essas origens de maneira cativante e nostálgica, um disco duplo, gravado ao vivo, uma verdadeira sessão Alt Country e Folk-Rock, com o poder absoluto do som acústico. Fãs da fase inicial do Wilco, vão se apaixonar fácil, fácil por ‘Cruel Country’. Mas, se engana, quem pensa, que o disco é apenas voltado para isso, podemos classificá-lo, como um disco Country, sem os habituais clichês do gênero, canções se aventurando pelo universo Folk e rock experimental, sem nenhum problema. (“I Am My Mother”), faixa que abre o disco deixa isso bem estabelecido, e caberia perfeitamente em um disco do Dylan, sem problema algum.
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