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Prédio com segredos, herança do Terror B, gore, melancolia e reconciliação. Tudo se junta em Vênus

Vênus fica mais na herança do Terror B que não faz questão de se preocupar com efeitos grandiosos.

Foto: Sony Pictures International


O Cinema espanhol costuma deixar grandes obras no gênero terror. Entre vários filmes que poderiam ser citados aqui, fácil destacar A Espinha do Diabo (2001), Os Outros (2001) e O Labirinto do Fauno (2006). Mais do que apresentar o gênero em sua boa forma, tais películas também trazem suas críticas embutidas, muitas vezes até servem como uma forma de protesto contra governos autoritários e a própria crueldade humana.


O diretor Jaume Balagueró que tem em seu currículo filmes como [Rec] (2007) é também o responsável por Vênus. Inspirado pelo conto The Dreams In The Witch House do escritor H.P. Lovecraft, o diretor usa o interior de um prédio misterioso de Madri para criar sua narrativa. Vênus é o segundo filme da The Fear Collection, selo cinematográfico criado entre Sony Pictures e a espanhola Pokeepsie Films, em associação com a Amazon Prime Video.



No filme, acompanhamos a dançarina Lucía (Ester Espósito) que, certa noite, resolve fugir de seu trabalho. Seu ato gera consequências desastrosas e, dessa forma, a mulher acaba se refugiando no apartamento de sua irmã Rocio (Ángela Cremonte) junto a sua sobrinha Alba (Inés Fernández). Porém, o prédio não é um lugar tão seguro e esconde muitos segredos.


A característica maior do filme é dar exclusividade a um elenco feminino. Por exemplo, no prédio Vênus, existem apenas moradoras. Além disso, a própria personagem Lucía é mostrada como uma mulher que decide dar fim a um trabalho machista, pretende ganhar o perdão da irmã por ter desaparecido da vida dela e é capaz de adquirir uma resiliência decisiva para manter a dignidade e sua família num final explosivo.



Vênus também não pretende expor um Terror imediato, urgente. Vai dando pistas aos poucos, embora muitas vezes decida ir mais para um caminho de Ação do que propriamente de Terror. Todavia, os elementos típicos do gênero estão lá. Vizinhos estranhos, um prédio com uma história de mortes, pesadelos e alucinações de Lucía, água preta saindo da torneira, barulhos, a sombra que aparece repentinamente na cortina do banheiro.

Outros elementos entrarão em cena. Simbologias, alegorias e mitologias que o Cinema espanhol costuma colocar como ingredientes. Também junte a isso tudo textos proféticos assustadores e um eclipse lunar prestes a acontecer. Fora isso, o prédio é isolado do mundo exterior o que nos passa uma sensação de que um auxílio para os personagens certamente nunca chegará.




Entretanto, o diretor erra ao não explorar bastante outros pavimentos e o interior do prédio. Quando ele é determinado a fazer isso, o filme não causa tanto impacto ou é tarde demais, pois nesse momento o espectador já tem uma noção da verdadeira intenção de alguns personagens e o que o prédio realmente esconde.


Vênus acaba se tornando um filme que vai mesclando seus momentos. Puxa para a melancolia quando explora as tentativas de reconciliação das irmãs ou quando a garotinha Alba pede a sua tia Lucía que lhe ensine alguns passos de dança. Em outras partes, não tem medo de arriscar em algo mais gore ou com direito a sangue escorrendo e mutilações, tudo dentro de cenas frenéticas.


Em não se definir por completo, o filme de Balagueró acaba nos levando até o final. Não deixa de nos perturbar ao misturar o sobrenatural, o real, o onírico e até mesmo se valendo de exageros ao caracterizar a força de Lucía (a cena da morte no banheiro nos minutos finais também ficou desconexa).


Vênus fica mais na herança do Terror B que não faz questão de se preocupar com efeitos grandiosos. Funciona, embora com alguns erros e exageros, para os novos e velhos fãs do gênero.

 

Vênus

Vênus


Ano: 2022

Gênero: Terror

País: Espanha

Direção: Jaume Balagueró

Elenco: Ester Expósito, Ángela Cremonte, Inés Fernández, Federico Aguado, Fernando Valdivielso, Magüi Mira


 

NOTA DO CRÍTICO: 6,0

 

Trailer do filme:




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