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Foto do escritorTiago Meneses

Por meio de She Reaches Out to She Reaches Out to She, Chelsea Wolfe constrói um álbum repleto de emoções intensas

Wolfe conecta o passado do rock industrial ao mundo moderno, criando uma tapeçaria rica em sentimentos, com cada faixa adicionando complexidade e profundidade

Chealsea Wolfe
Foto: Ebru Yildiz


Sempre fui atraído por músicas que exploram temas sombrios, melancólicos e góticos, afinal, existe algo profundamente cativante nessas abordagens e que conseguem capturar a complexidade das emoções humanas e criar atmosferas intensas e envolventes de forma diferente. Dito isso, eu admirar o trabalho da Chelsea Wolfe acaba sendo algo natural, pois sua habilidade em mesclar elementos do rock, folk, eletrônica e música experimental dentro desse contexto muitas vezes taciturno é simplesmente brilhante.


Chelsea nasceu em 1983 na Califórnia e desde cedo demonstrou um enorme talento para a música. Ela começou sua carreira ainda jovem, inicialmente experimentando diferentes estilos e influências. Crescendo em Sacramento, Wolfe foi exposta a uma variedade de gêneros musicais que moldaram sua abordagem artística, na qual sempre demonstrou um maior interesse por sonoridades atmosféricas e intensamente emotivas.


She Reaches Out to She Reaches Out to She é o 7º disco da cantora – não levando em conta o anterior que foi em parceria com a Corverge - e está repleto de tudo o que faz o seu som tão fascinante, ou seja, um universo sonoro que combina a intensidade emocional e a profundidade lírica características de Wolfe, criando uma atmosfera quase hipnótica, além de todo o ar sombrio e arrepiante de cada uma de suas faixas, instrumentação densa, vozes etéreas e arranjos complexos que faz com que o todo se transforme em uma jornada emocionalmente carregada.


Whispers in the Echo Chamber é uma faixa imersa em uma atmosfera envolvente, transportando o ouvinte para um espaço sonoro denso e introspectivo, onde cada elemento é muito bem trabalhado para criar uma experiência auditiva bastante rica. House of Self-Undoing, dentro de uma instrumentação doom, Chelsea canta uma batalha interna de alguém que quer encontrar paz e libertação de seus próprios tormentos emocionais e mentais. Everything Turns Blue traz com ela um impulso mais eletrônico enquanto aborda um processo de luto e cura após um relacionamento.


Tunnel Lights entrega uma batida poderosa e arranjos taciturnos, destacando-se como uma faixa que combina força e sutileza, sempre dentro de uma batida pulsante e enérgica que impulsiona o ritmo desde o começo. The Liminal é uma balada gótica que se destaca pela sua capacidade de evocar emoções profundas e atmosferas envolventes, criando uma experiência sensorial intensa. Eyes Like Nightshade combina batidas eletrônicas pulsantes com uma atmosfera sombria, construindo uma paisagem sonora condizente com a narrativa que evoca imagens vívidas e sensações profundas de encontro e conexão emocional.



Salt é mais uma balada taciturna que se desenvolve em um clima gótico, mergulhando o ouvinte em uma atmosfera melancólica e densa enquanto aborda – entre outros -, a dor e a preservação das memórias. Unseen Worldins, enquanto trata da complexidade da mente humana, entrega uma instrumentação de atmosfera densa, pesada e extremamente sombria. Place in the Sun é uma peça poderosa e evocativa que combina produção de alta qualidade, uma atmosfera gótica e uma narrativa lírica sobre a busca por liberdade emocional e pessoal. Dusk é hipnótica e resume bem a essência do disco, uma peça sublime cheia de calor e paixão dentro de uma roupagem instrumentalmente taciturna, enquanto isso, fala sobre uma pessoa com disposição de enfrentar sacrifícios extremos para manter e proteger esse amor. Um excelente final de disco.


Por meio de She Reaches Out to She Reaches Out to She, Chelsea Wolfe construiu um álbum repleto de emoções intensas e vocais suaves e sentimentais. Um álbum que reflete alguém com a criatividade em plena ebulição. Wolfe consegue conectar muito bem o passado do rock industrial com o mundo moderno de mixagem, produção e feitiçarias eletrônicas, soando como uma tapeçaria rica de sentimentos e atmosferas, onde cada faixa traz uma nova camada de complexidade e profundidade emocional.



Os vocais guiam o ouvinte por um caminho de introspecção e intensidade, enquanto as texturas nas composições adicionam uma dimensão de força e poder em cada música. Em resumo, Chelsea Wolfe entregou um álbum que não só destaca sua habilidade como compositora e intérprete, mas também sua capacidade de inovar e evoluir dentro do seu estilo.

 

She Reaches Out to She Reaches Out to She

Chealsea Wolfe


Ano: 2024

Gênero: Dark Wave, Música Industrial, Neolfolk, Música Experimental

Ouça: "Whispers in the Echo Chamber", "Tunnel Lights", "Dusk"

Pra quem curte: Darkher, Marsa Nadler, Anna von Hausswolff


 

NOTA DO CRÍTICO: 9,0

 

Ouça "Dusk"


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