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Poesia e reflexão em "Dolores, minha composição"


Entre música ao vivo, muito sorriso, algumas tristezas, diálogo com o público, entre o bar e a casa, cantando e contando. Assim acontece a peça Dolores, minha composição.

imagem Divulgação.



Adiléia Silva da Rocha, ficou conhecida como Dolores Duran e tem uma história de vida comum a muitas brasileiras pobres e trabalhadoras. Mas a atriz Rosana Maris nos conta em cena que escolheu enfatizar as partes alegres da vida da cantora. E a partir dessa escolha, temos uma experiência leve e feliz sem deixar de causar reflexões.


No palco com os músicos Marcelo Farias, Pedro Macedo, Rodrigo Sanches a atriz esbanja carisma, simpatia, uma atuação marcante e uma voz inigualável, que parece fluir naturalmente junto aos seus gestos e falas. Rosana Maris faz história ao contar essa história. Ainda somos, infelizmente, uma sociedade marcada pela ausência de pessoas pretas como protagonistas. Vivenciar o momento em que uma mulher preta concebe uma obra de arte neste nível, é um privilégio.



A poesia se faz presente em toda a peça. Além das músicas, no texto lindamente escrito, na suavidade dos movimentos da atriz e na sua interação com o cenário. Com direção de Luiz Fernando Marques (Lubi), a concepção cênica vai na contramão do exagero tecnológico que muitas vezes o teatro contemporâneo tem insistido em mostrar: é simples, bonito e cumpri funções além das estéticas. Enquanto conta pequenos momentos da vida da cantora, a atriz dialoga com objetos presentes em um dos únicos móveis presentes no cenário. Eles se revelam ao abrir uma gaveta, puxar uma portinha ou levantar um pequeno pano. Luzes, máquina de costura, maquiagens e outros acessórios se costuram às palavras, expressões e músicas no decorrer dessa experiência cênica tão gostosa de assistir.


“Dolores, minha composição” é dessas peças que a gente não vê o tempo passar, que nos envolve, que aguça a curiosidade em saber mais sobre a cantora e assistir mais trabalhos da atriz. E ainda nos coloca em reflexão sobre o quão pouco conhecemos sobre a vida de mulheres que compõem a trajetória da música brasileira.



Vida longa a “Dolores, minha composição”


Ficha técnica:

Concepção e Dramaturgia – Rosana Maris

Direção e Cenografia: Luiz Fernando Marques (Lubi)

Direção Musical – Fernanda Maia

Atriz – Rosana Maris

Preparação da Atriz – Denise Weinberg

Figurinos – Yakini Rodrigues

Preparação Vocal – Gilberto Chaves

Orientação Corporal – Janette Santiago

Músicos – Marcelo Farias, Pedro Macedo, Rodrigo Sanches

Lighting Design – Wagner Pinto

Assistência de Direção – Gabi Costa

Design de Som – João Baracho

Voz em off – Rodrigo Mercadante

Visagismo (Cabelo e Maquiagem) – Dicko Lorenzo

Design Gráfico – Fabio Viana

Direção de Produção – Daniel Palmeira


Serviço:

Dolores, minha composição [com interpretação em Libras]

quinta 23 de março a domingo 16 de abril de 2023

quinta a sábado, às 20h; domingos e feriado (7/4), às 19h

[duração aproximada: 90 minutos]

Sala Itaú Cultural – 224 lugares

Retirada de ingressos pelo site: itaucultural

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