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O Assassino do Calendário expõe falhas, mas alerta sobre violência doméstica e machismo


Esse é um filme que sabe trabalhar a psicologia de seus personagens

Crédito: Reprodução
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Em 2023, o jornalista e escritor alemão Sebastian Fitzek lançava seu livro Der Heimweg (Walk Me Home em inglês). A obra trazia uma interessante narrativa envolvida por um tenso thriller psicológico. Os livros de Fitzek venderam 12 milhões de cópias e foram traduzidos em 36 línguas ao redor do mundo.

 

Agora chega a hora da adaptação para o cinema. A direção ficou a cargo de Adolfo J. Kolmerer e o roteiro ficou sob os cuidados de Susanne Schneider e do próprio Fitzek. Ganhando o título de O Assassino do Calendário (The Calendar Killer, 2024), previamente o espectador precisa ter ciência que o assassino aqui, na trama, não é o assunto principal a ser tratado.

 

Jules (Sabin Tambrea) tem uma linha direta onde fala com mulheres e, dessa forma, consegue ajudá-las a ir para casa quando estão sozinhas. Jules é eficiente em sua tarefa e mostra isso logo nos primeiros minutos ao evitar que um grupo de homens ataque uma mulher na rua dando dicas a ela de como proceder durante a aproximação dos desconhecidos.


Numa noite, ele recebe a ligação de Klara (Luise Heyer), uma mulher desesperada que afirma ter recebido a mensagem de que ela e o marido serão mortos pelo assassino do calendário (um serial killer que vem amedrontando a cidade).

 

A partir de então, Jules passa a ter uma forte relação de amizade e solidariedade com a mulher. Após algumas ligações, descobre que existem muito mais problemas na vida de Klara. Claro que a figura misteriosa que assombra suas vítimas marcando a data que elas irão morrer é uma peça dentro de uma engrenagem que acaba amedrontando de outras formas.

 

Os outros ‘vilões’ aqui servem para incorporar uma sensação de tensão, agem para incomodar quando pensamos que eles existem ao nosso redor ou até mesmo em nossos lares. Machismo, violência doméstica, suicídio, o medo de viver nas grandes cidades. Sim, eles vão nos perturbar mais que o próprio assassino.

 


Quem aguarda muitos sustos, perseguições e uma carga intensa de suspense pode se decepcionar. Este é um filme que choca em cenas que intensificam os sofrimentos de Laura. Uma mulher cujo marido ciumento, possessivo e violento lhe tira toda a liberdade. Um homem que abusa de Laura ao fazê-la comer algo que não gosta num restaurante de luxo, além de obrigá-la a participar de um clube com libertinos mascarados. 


Imagem: Reprodução
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Com alguns flashbacks sensíveis, também descobrimos mais sobre a vida e o passado de Jules. Enquanto isso, o drama de Laura aumenta com um marido que não medirá esforços para tê-la do seu lado. A entrada de alguns personagens durante a trama causa mais mistérios quanto a identidade real do assassino, porém o mais precioso aqui é saber como será o destino dos personagens e como lidarão com seus traumas e problemas.

 

O drama aumenta conforme descobrimos mais sobre Laura e Jules. Um enredo priorizando a construção de ambos e a entrega de um final com revelações surpreendentes seguram o filme, mesmo que ele acabe caindo para um ritmo lento e se transforme num suspense com lacunas, que não fecha tão bem como prometia.


O Assassino do Calendário sabe trabalhar a psicologia de seus personagens. Fácil ser cúmplice dos sofrimentos de Laura, de sentir repulsa por muitas cenas em que ela sofre com a violência e ignorância do marido. Se o filme falha como um Suspense memorável e eficaz em muitos aspectos, ao menos se encaixa como um tapa de luva bem dado em muitos problemas dos tempos modernos dos quais não podemos esquecer.

Imagem: Reprodução
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O Assassino do Calendário


Ano: 2025

Gênero: Policial, Suspense

Direção: Adolfo J. Kolmerer

Roteiro: Susanne Schneider

Elenco: Sabin Tambrea, Luise Heyer e outros

País: Alemanha

Duração: 97 min

NOTA DO CRÍTICO: 6,5

Trailer:


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