O amadurecimento e a aptidão musical de Matt Berninger totalmente expostos em Get Sunk
- Eduardo Salvalaio
- 11 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de jun.
Matt Berninger é um dos grandes cantores e letristas destes tempos

O tempo passou e transformou o The National de mero coadjuvante indie para uma das bandas mais importantes da atualidade. Com méritos. Uma banda que conseguiu sua representatividade no cenário por conta da interessante e consolidada discografia que possui, bem como por meio dos seus talentosos integrantes, incluindo aí o líder e vocalista Matt Berninger que traz uma paixão intensa pela música.
Impossível não pensar na banda sem pensar em Matt. Como sempre aconteceu em outros casos como The Smiths e Morrissey, Echo And The Bunnymen e Ian McCullock. No caso de Matt, sua atividade em carreira solo vale mais como experiência do que uma separação de seu grupo até porque o The National continua firme e forte.
O artista sempre foi ativo. Colaborou em várias canções de outros grupos a exemplo de ‘Coming Down’ incluída no disco Only Run (2014) do Clap Your Hands Say Yeah e ‘My Enemy’ do Chvrches presente no álbum Love Is Dead (2019). Ainda fez parceria com Brent Knopf (Menomena, Ramona Falls) criando o projeto musical EL VY.
Em carreira solo, o primeiro trabalho foi lançado em 2020, intitulado Serpentine Prison. Agora o vocalista chega com Get Sunk. Sem escapar dos vocais típicos que o consagraram e sem se jogar por completo na melancolia e na amargura, as letras de Matt continuam trazendo todo um universo que se identifica com muitos ouvintes: depressão, solidão, relacionamentos amorosos, momentos difíceis, cotidiano.
‘Inland Ocean’ é uma cândida balada que abre bem o disco. ‘No Love’ traz o lirismo de Matt se juntando sabiamente a elementos como piano, harmonias vocais e batidas eletrônicas discretas que ganham intensidade conforme a faixa avança. ‘Bonnet Of Pins’, a mais densa do álbum, é um Rock que casa guitarras com sopros, além do vocalista mostrar seu dom de intercalar vocais suaves e enérgicos.
A presença de vocais femininos comprova que Berninger é eficiente em seus duetos. ‘Breaking Into Acting’ arrisca um Folk com a participação de Meg Duffy, cantora americana integrante do Hand Habbits que tem em seu currículo performances junto a bandas como Perfume Genius e The War On Drugs. ‘Silver Jeep’ com seu contorno jazzístico que envolve violinos, piano, sopros e até mesmo vozes infantis ao fundo, tem a parceria de Julia Laws (do projeto musical Ronboy).
‘Nowhere Special’ se destaca pela forma recitada de cantar do artista. Uma extensa letra onde, numa espécie de diário, o vocalista dialoga sobre diversos temas, de religião até esquizofrenia. A faixa nos lembra uma espécie de fusão entre Arab Strap e Tindersticks. Uma canção que praticamente foge dos padrões que conhecemos do The National. ‘Time Of Difficulty’ confere uma persona meio Bob Dylan a Matt numa canção com letra e melodia bem marcante.
Matt Berninger é um dos grandes cantores e letristas destes tempos. Junto a outros nomes como Damon Albarn e Jarvis Cocker, é um artista amadurecido, que permaneceu inquieto em suas atividades artísticas e que agora faz da música uma relação prazerosa e harmônica entre artista e ouvinte.
Veja o vídeo de ‘No Love’:
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