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Nasi explica o contexto da faixa 'Pobre Paulista' após polêmicas nas redes sociais envolvendo a letra da canção

Em entrevista à revista Fórum, o cantor saiu em defesa da música, composta por Edgard Scandurra

Edgard Scandurra e Nasi do Ira!
Foto por Carina Zaratin

No meio do fogo cruzado envolvendo cancelamentos de shows e manifestações políticas, Nasi, vocalista do IRA!, se viu mais uma vez diante da missão de contextualizar uma das músicas mais controversas da banda: “Pobre Paulista”, de 1984.



A faixa, que foi um dos primeiros hits do grupo paulistano, voltou ao centro de uma polêmica nas redes sociais. Usuários têm resgatado o trecho “Não quero ver mais essa gente feia / Não quero ver mais os ignorantes / Eu quero ver gente da minha terra / Eu quero ver gente do meu sangue” e sugerido, sem base clara, que a canção teria cunho xenofóbico, especificamente contra o povo nordestino.


As críticas ganharam volume depois que Nasi se posicionou contra a anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Desde então, a banda tem sido atacada por perfis conservadores.


Em entrevista à revista Fórum, o cantor saiu em defesa da música, composta por Edgard Scandurra. Ele explicou que a letra foi feita ainda na juventude do guitarrista, em um contexto político completamente diferente (Via Rolling Stone):


“O Edgard compôs ‘Pobre Paulista’ quando tinha 16 anos de idade. Eu conheci o Edgard na escola e nós nunca tivemos essa intenção. Como nós crescemos na ditadura, era muito comum você fazer metáforas para fugir da censura. E metáforas, às vezes, dão interpretações diferentes, e pessoas que eram detratoras resolveram falar que isso era para nordestino. Imagina! Temos um baita público no Nordeste, eu amo. Eu até brinco: ‘gente, sou mais baiano que paulista!’. Hoje eu pago dois IPTUs na Bahia. Acho que o Edgard quis dizer: ‘gente feia’ e ‘gente ignorante’ eram os reacionários do final dos anos 70. É gente que vai lá fazer o que fizeram no 8 de janeiro [em 2023], é gente que vai dar golpe. Isso que é gente feia e ignorante.”



Para evitar ruídos, o IRA! já havia optado por retirar a música do repertório dos shows. Nasi diz que não foi uma confissão de culpa, mas uma escolha prática:


“A polêmica ficou maior que a música, então a gente resolveu: ‘se alguma pessoa, por não entender a letra, porque viu fake news, porque houve um texto assim… se se incomoda com isso, paramos de tocar’. ‘Pobre Paulista’ não é maior que a banda, o IRA! tem uma dezena de sucessos. Então, não foi passar recibo. Foi só: ‘cara, vamos parar de tocar essa música e encerrar o assunto’.”


O próprio Edgard já havia comentado o tema em um podcast no ano passado, lembrando que a letra foi escrita quando ele ainda era adolescente, com o intuito de criticar figuras mais velhas e conservadoras da época.


Por enquanto, o IRA! segue firme na estrada — ainda que a estrada, em 2025, pareça mais cheia de pedras do que nunca.

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