top of page

Morre Joe Louis Walker, lenda do blues elétrico, aos 75 anos

Walker deixa um legado que vai muito além de suas gravações: ele foi uma ponte entre o tradicional e o moderno, entre a dor e a redenção, entre o som e a alma

O guitarrista de blues Joe Louis Walker.
O guitarrista de blues Joe Louis Walker. CRÉDITO: David Redfern/Redferns

O blues perdeu uma de suas figuras mais influentes. Joe Louis Walker, guitarrista, cantor e compositor consagrado por sua energia inconfundível e por transitar com maestria entre o gospel, o soul e o blues elétrico, morreu aos 75 anos no fim de abril, após complicações cardíacas. A informação foi confirmada pela Rolling Stone.



Walker faleceu cercado pela esposa, Robin, com quem era casado há 16 anos, e pelas filhas Leena e Bernice.


Nascido em São Francisco, Joe começou a tocar violão ainda criança e logo mergulhou na vibrante cena musical da Bay Area durante os anos 60. Com o boom do rock psicodélico e a ascensão do blues urbano, o jovem músico não demorou a dividir palco — e histórias — com lendas como Jimi Hendrix e Mike Bloomfield, com quem inclusive chegou a morar. Ainda nos anos iniciais da carreira, abriu shows para gigantes como Muddy Waters e Thelonious Monk, consolidando-se como um “músico dos músicos”, como era conhecido entre os pares. Aretha Franklin o batizou de “O Homem do Blues”.



Nos anos 70, após um período turbulento que incluiu uma passagem pela prisão, Walker reencontrou forças na música ao se juntar ao grupo gospel Spiritual Corinthians. Em 1985, uma performance no New Orleans Jazz and Heritage Festival reacendeu sua paixão pelo blues — momento que ele considerava um divisor de águas. “Sou uma alma inquieta com a música”, disse em entrevista à Premier Guitar, em 2023. “Quem ouvir meus mais de 30 álbuns vai me escutar fazendo de tudo.”


Essa inquietude artística o levou a trabalhar com nomes como Bonnie Raitt, Taj Mahal e Mark Knopfler, sempre deixando sua marca com solos viscerais e letras profundas. Seu álbum de 2015, Everybody Wants a Piece, lhe rendeu uma indicação ao Grammy de Melhor Álbum de Blues Contemporâneo em 2016. Já neste ano, Walker revisitou Cold Is The Night (1986), seu trabalho de estreia, com uma turnê comemorativa.


Ao longo de seis décadas de carreira, Joe Louis Walker foi introduzido ao Hall da Fama do Blues, recebeu o prêmio de Conjunto da Obra da Mississippi Valley Blues Society e foi nomeado USA Fellow pela United States Artists — reconhecimento merecido para alguém que nunca parou de expandir as fronteiras do blues.



Walker deixa um legado que vai muito além de suas gravações: ele foi uma ponte entre o tradicional e o moderno, entre a dor e a redenção, entre o som e a alma.


Descanse em blues, Joe.

Comments


bottom of page