Michael Douglas confirma pausa na carreira: “Não queria ser um desses que morrem no set”
- Marcello Almeida
- há 4 dias
- 2 min de leitura
Se esta for realmente sua despedida das telas, é uma saída em grande estilo — com consciência, dignidade e a mesma lucidez que sempre trouxe aos seus personagens

Aos 80 anos, o astro Michael Douglas, ícone de Hollywood em filmes como Wall Street – Poder e Cobiça (1987) e Instinto Selvagem (1992), anunciou uma pausa indefinida em sua carreira como ator. A revelação foi feita durante sua participação no Festival de Cinema de Karlovy Vary, na Tchéquia.
“Eu não trabalho desde 2022 de propósito, porque percebi que precisava parar”, afirmou o ator. “Trabalhei intensamente por quase 60 anos e não queria ser um desses que morrem no set. Não tenho intenção de voltar. Digo que não estou aposentado porque, se algo realmente especial aparecer, eu posso reconsiderar — mas fora isso, não.”
Douglas também refletiu sobre os desafios de saúde que enfrentou, especialmente o câncer na garganta em estágio quatro, diagnosticado em 2010 — experiência que foi determinante para sua decisão de frear o ritmo.
“Um câncer em estágio quatro não é exatamente uma diversão, mas também não há muitas opções, né? Fiz o tratamento com quimio e radioterapia, e tive sorte. A cirurgia removeria parte da minha mandíbula e me impediria de falar, o que, como ator, seria um fim.”
Além das questões pessoais, o ator aproveitou o palco do festival para manifestar sua preocupação com os rumos políticos dos Estados Unidos e do mundo. Douglas fez um alerta claro sobre os riscos à democracia.
“A democracia é preciosa. É frágil. Está sempre em risco e precisa ser defendida todos os dias. Acho que os Estados Unidos estão flertando com a autocracia, e isso é um sinal de alerta para todos nós.”
Ele também elogiou o povo tcheco por sua luta histórica por liberdade, destacando o valor simbólico de estar num país que resistiu a regimes autoritários para se tornar um exemplo de reconstrução democrática.
Com duas estatuetas do Oscar — Melhor Ator por Wall Street e Melhor Filme como produtor de Um Estranho no Ninho —, Michael Douglas deixa um legado monumental. Mas não é apenas por seus papéis icônicos que ele será lembrado: também é embaixador da ONU para a paz e defensor incansável de causas sociais e políticas, incluindo o desarmamento nuclear e os direitos humanos.
Se esta for realmente sua despedida das telas, é uma saída em grande estilo — com consciência, dignidade e a mesma lucidez que sempre trouxe aos seus personagens.
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