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Foto do escritorEduardo Salvalaio

MGMT e sua neopsicodelia criativa, ousada e dinâmica, fazem o diferencial em Loss Of Life

A ideia da dupla é tentar soar diferente em cada faixa, mesmo que a neopsicodelia guie a sonoridade de boa parte do disco


A década de 2000 trouxe muitas novidades para o cenário musical. Pegando apenas o lado dos EUA, poderíamos citar bandas como Yeasayer, Animal Collective e Gang Gang Dance. O MGMT, de Connecticut, chega nessa década trazendo o interessante début "Oracular Spectacular" (2008). O disco vinha cheio de hits certeiros que até hoje são atuais e lembrados pelos ouvintes, como 'Time To Pretend' (que voltou à moda surgindo na trilha sonora de Saltburn), ‘Kids’ e ‘Electric Feel’.

 

A dupla formada por Ben Goldwasser and Andrew Van Wyngarden's chegava com um som variando entre a Neopsicodelia e o Indie Eletrônico. Com letras carregadas de ironias e sarcasmo, citando as alegrias da juventude até o estilo de vida de famosos, a sonoridade do duo se inspirava em grupos como Flaming Lips, Sparks, Pink Floyd e  David Bowie.

 

O quinto disco da dupla, “Loss Of Life” (2024), acaba de ser lançado. Disco esse que vem cercado de fatos. Chega após 6 anos depois de “Little Dark Age” (2018), um longo hiato. Também marca o fim do contrato do MGMT com a gravadora Columbia (que já existia

desde o début). Agora eles fazem parte da Mom + Pop Music.

 O trabalho também teve muitos músicos envolvidos. Para a mixagem do disco, a dupla contou com a presença do companheiro de longa data, Dave Fridmann (Flaming Lips, Spoon). A produção esteve dividida entre o próprio MGMT, Daniel Lopatin (Oneohtrix Point Never) e  Patrick Wimberly (Chairlift). Na canção ‘Dancing In Babylon’, em toda uma irresistível nostalgia 80’s, com referências à bandas como Fletwood Mac, a dupla faz dueto certeiro com Christine and the Queens.

 

“Loss Of Life” é um trabalho que aproveita bastante os recursos de estúdio. Esse fato amplia a dinâmica do disco que apresenta uma dupla que reforça sua maturidade e criatividade, criando composições com mais detalhes, isso dentro de um cenário musical que nos obriga a múltiplas audições atentas de nossa parte (e não entenda isso como um mal, apesar desses tempos corridos).

A ideia da dupla é tentar soar diferente em cada faixa, mesmo que a Neopsicodelia guie a sonoridade de boa parte do disco. Exemplo é ‘People In The Streets’ que, embora comece lenta e melancólica, muda após alguns minutos trazendo um cenário sonoro caótico com um instrumental mais intenso, coro de vozes e explosão de sintetizadores e violinos.

 

É nessa canção citada anteriormente, que também observamos como a dupla cresceu em sua maturidade, com letras mais sinceras e humanas, que confrontam os próprios desafios da vida. O MGMT ressalta que a velhice e a morte atingem a todos, cedo ou tarde: Wheels left the ground / Hoping to fly past the road ahead / Components start breaking down / And sooner or later you're dead.’

 ‘Bubblegum Dog’ e seu clima 70’s também volta a reforçar como o Flaming Lips foi importante na construção da sonoridade do duo. ‘Nothing To Declare’ é uma belíssima balada que preza pela guitarra dedilhada e por um certo apelo Pop, e que ganha mais força quando escutamos a canção assistindo ao belo vídeo oficial que a acompanha.  


‘I Wish I Was Joking’ tem uma melodia conduzida por uma batida lenta e pela faixa-título repetida diversas vezes. No final, palmas, risos e tosses trazem um aspecto inesperado para a faixa (e uma lembrança de álbuns como "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" do The Beatles, de 1967)

 

Numa espécie de canção de ninar com toques psicodélicos, ‘Phradie’s’ entrega uma canção preenchida por sinos, assovios, sussurros, sintetizadores e guitarra acústica. Uma composição sombria, mas não menos interessante. Com vocais alterados por efeitos, sopros, batidas abafadas, ‘Loss of Life’ fecha bem o álbum trazendo muitas referências da Psicodelia 60’s.



 MGMT mostra que não foi apenas um modismo da década de 2000 e segue apostando em sua sonoridade, com muitas influências e sempre tentando se expandir, embora o princípio básico seja as características da Psicodelia. “Loss Of Life” é a dupla adquirindo personalidade e maturidade, revelando que a Neo-Psicodelia deles ainda tem muito por aprontar.

 

Loss Of Life

MGMT


Ano: 2024

Gênero: Indie, Neopsicodélico

Ouça:  “Nothing To Declare”, "People In The Streets"

Humor: melancólico, reflexivo

Pra quem curte: Flaming Lips, Sparks, Pink Floyd e Bowie.


 

Nota do Crítico: 8,0

 



 


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