Mesmo fiel à franquia, Star Wars Jedi: Survivor falha em transmitir a experiência completa de ser um Jedi
- Eduardo Salvalaio
- 20 de jun.
- 4 min de leitura
Para quem gosta de fugir das missões principais, o jogo também oferece caçadas extras e inimigos lendários, mas precisam ser encontrados em diversos lugares dos planetas

O imenso universo Star Wars é um dos mais queridos no mundo. Um nome que rendeu muitas produções cinematográficas e que chega cercado de um forte marketing que é capaz de vender desde brinquedos até roupas. Um fenômeno cultural cultuado por inúmeros fãs, atravessando décadas e cada vez mais se expandindo. Mesmo quem seja alheio a Star Wars, ao menos conhece algum personagem ou sabe citar o nome de algum filme da franquia.
Star Wars também sempre teve uma forte presença em jogos. Seja na divertida franquia Lego (que resgatam tão bem as características dos filmes), seja nos realistas jogos feitos pela produtora Lucas Arts, a série abraçou desde consoles de diversas plataformas até celulares e agrada de uma forma geral desde a criança até o adulto.
Star Wars Jedi: Survivor (2023) foi desenvolvido pela Respawn Entertainment (responsável por Titanfall) e publicado pela Electronic Arts. O jogo é uma sequência do anterior Star Wars Jedi: Fallen Order (2019). O jogador viverá o personagem Cal Kestis, um jovem cavaleiro Jedi que, junto com seus amigos, lutará contra forças tirânicas do Império Galáctico. Espere passear por alguns planetas e sentir toda uma atmosfera que traz muitos dos filmes da franquia.
Infelizmente, o jogo pode ser dividido entre pontos positivos brilhantes e pontos negativos que podem nos tirar o sossego. A primeira coisa a se destacar é o extenso mundo a disposição onde, a cada missão alcançada da história, acessamos mais regiões. Sim, é um universo rico composto por planetas com mapas gigantescos onde passaremos por combates, puzzles, plataformas e explorações.

Em contrapartida, o mapa possui muitos lugares gigantes onde geralmente nada acontece. Apesar da riqueza de detalhes como rios, rochas, grutas, vegetação, muitos lugares acabam nem oferecendo ao jogador uma maior interação. Exemplo é conseguir acessar um recinto escondido para, algumas vezes, nem oferecer uma caixa com itens para abrir.
O sabre de luz, um dos elementos principais da série, pode ganhar várias nuances cosméticas, existe até uma bancada que nos permite mudar a aparência da arma. Conforme avançamos, nos são oferecidas novas posturas de usar o sabre nas lutas, o que confere outras formas de combater e de usar as habilidades que conquistamos.
Cabe ao jogador escolher sua postura preferida. Podemos usar até duas durante a jornada e podem ser trocadas nos pontos de meditação. Esses pontos estão espalhados pelos cenários servindo como lugares para salvar, adicionar atributos (perks) e habilidades (como novos poderes, mais sangue e golpes extras).
Os combates trazem o uso do sabre com golpes fortes, fracos, além das tradicionais esquiva e defesa. Também temos os poderes de telecinese (como conhecemos tão bem). Dessa forma, conseguimos variar nas lutas e se sair bem em lugares com muitos inimigos. Podemos levitar um grupo de robôs e derrubá-los instantaneamente com um golpe poderoso. Mesmo assim, alguns inimigos necessitam de uma estratégia maior, pois são resistentes aos golpes e às nossas habilidades, além de possuírem muita defesa e sangue.
Para quem gosta de fugir das missões principais, o jogo também oferece caçadas extras e inimigos lendários, mas precisam ser encontrados em diversos lugares dos planetas. Para quem gosta de desafios, existem fendas que possibilitam testes que envolvem desde agilidade, habilidade em combates e reflexos.
Também coletamos plantas e peixes para a Cantina que é uma espécie de refúgio para Cal. Ali, podemos recrutar vários NPS’s, trocar itens e receber tarefas extras.
Eis então que nos chega outro problema do jogo. A Cantina, como um lugar seguro que seria ideal para relaxar e fugir um pouco da Ação, acaba nos estressando. Os loadings para abrir algumas portas são irritantes, além de travamentos e congelamentos que costumam ocorrer.
O personagem, em alguns momentos, parece se arrastar pelos cenários, uma constante queda de frames que tira a fluidez da jogabilidade (pense como tudo estivesse ocorrendo em câmera lenta). Para isso, foi preciso sair do jogo e carregá-lo novamente.

Pior foi o aplicativo fechar abruptamente quando entramos numa sala onde nos é permitido disputar um jogo que acontece num holograma. Esse fechamento pode comprometer a integridade do salvamento. Por sorte, isso não aconteceu. E um jogo desse tamanho também precisa ter a opção de saves manuais. E não tem.
Hologramas também contornam os mapas do jogo. Porém, apesar de bonitos visualmente e combinando com a atmosfera da franquia, os mapas atrapalham o jogador, de uma forma geral. Quando o número de ícones aumenta (devido a missões, tarefas e outros objetivos que surgem), o excesso de informações pode confundir o jogador.
O sistema de navegação não é eficiente, fácil ficar vagando pelo cenário tentando encontrar um ponto de acesso para chegar a um determinado lugar da missão. O jogador mais acostumado aos mapas estáticos/2D pode ficar atordoado devido a um mapa 3D que depende muito da nossa sensação de elevação, rotação e posicionamento.
Imagina então para quem pretende sair à caça dos coletáveis e de outras missões e tarefas? Interessante também seria uma bússola de orientação (um recurso antigo que ainda nos salva). Mesmo com patches após dois anos de seu lançamento, o jogo continua precisando de retoques. Lembrando que a versão testada foi a de PS4.
Não podemos esquecer da presença do simpático robozinho BD-1. Ele ajudará Cal em vários aspectos, sobretudo para abrir portas, escanear objetos e inimigos e até mesmo resolver puzzles. Quanto aos quebra-cabeças, eles poderiam ser mais variados e quase sempre são iguais (muitos consistem de passar uma esfera de energia de um lugar para outro).
Star Wars Jedi: Survivor é um jogo que captura bem a essência da franquia. Planetas, robôs, naves, criaturas, personagens, design, combates e a questão tirânica do Império nos passam uma impressão agradável desse universo tão abrangente. Apesar disso, certas falhas e deficiências nos levam a pensar que aqui nunca seremos um Jedi completo em toda sua competência e eficiência.
Trailer do jogo:
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