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Mesmo com regularidade, Wolfgang Flür faz de Times uma modelagem da Eletrônica construída desde o passado

Difícil não pensar em Kraftwerk, sobretudo ao escutar faixas como ‘Far Away’ e ‘Future’

Wolfgang Flür
Crédito: Markus Luigs

Wolfgang Flür foi integrante do Kraftwerk. Ele entrou para o grupo alemão em 1973 como percussionista e participou de discos importantes como Autobahn (1974) e The Man-Machine (1978). Nos anos 80, mesmo saindo em turnês com a banda, ele não esteve presente nos discos que vieram nessa década como Computer World (1981) e Electric Cafe (1986).




Durante a década 90’s, seu trabalho mais importante, embora obscuro até hoje, certamente foi o álbum Time Pie (1997) utilizando Yamo como nome de seu projeto musical solo. O disco foi produzido pela dupla alemã Andi Toma e Jan St. Werner do Mouse On Mars.

 

Em 1999, partiu para o lado da escrita e lançou o livro Kraftwerk: Ich war ein Roboter. O livro recebeu algumas revisões, sobretudo após uma ação judicial por parte de integrantes do Kraftwerk. Mesmo longe de holofotes, Flür nunca largou a música. Depois de 2000 atuou como DJ e realizou colaborações ao lado de artistas como Tiny Magnetic Pets e Scanner.

 

Difícil não pensar em Kraftwerk, sobretudo ao escutar faixas como ‘Far Away’ e ‘Future’. Mesmo assim, o músico abraça uma Eletrônica que ficou registrada através das décadas, entre o pioneirismo e o avanço do gênero. Muito do que se ouve em Times, acaba sendo um reflexo da música que Flür escutou em sua vida e das colaborações variadas que ele próprio recebeu neste álbum.

 


‘Hildebrandlied’ com sua melodia pegando carona no Industrial/EBM, conta com a colaboração do U96, grupo alemão que atuou bastante na Eurodance 90’s. Inclusive, o grupo participa de 3 faixas no disco. ‘Property’, um dos destaques do álbum, é conduzida por batidas pesadas, sobretudo com a colaboração de Anthony Rother (músico alemão que fez bastante sucesso entre 2000 e 2010).

 


‘Times’ encaixa um sensual R&B junto a uma eletrônica mais discreta. ‘Magazine’ tem aquele sabor Daft Punk de início de carreira. ‘Cinema’ pega influências do Electro-funk da cena 90’s de Detroit. Não é à toa que Juan Atkinks, um dos pioneiros do Techno de Detroit, está presente na faixa de abertura ‘Posh’. Como abertura, a canção poderia ser uma das melhores do disco, o que de fato não acontece seguindo por uma melodia não tanto convincente.

 

Outro que se faz presente no disco é Peter Hook (baixista do New Order). Ele contribui com ‘Über_All’ e ‘Monday To The Moon’, faixas que ganham um eletrônico mais encorpado e carregado de detalhes, canções que até nos fazem pensar no atemporal Technique (1989) do grupo de Manchester. Em ‘Global Youth’, Flür faz parceria com Boris Blank do duo Yello (e sim, você vai lembrar de algo da dupla).

 


Num disco longo com 13 faixas e 70 minutos, canções como ‘Sexersizer’ e ‘Planet Fever’ poderiam até ficar de fora, embora a segunda faixa citada trate de temas atuais como o aquecimento do planeta. Flür modela uma eletrônica construída desde o passado, embora o trabalho não consiga capturar a total criatividade e a experiência de um músico que, em certo dia, aportou num grupo que nos ensinou a gostar de Eletrônica..


Times

Wolfgang Flür


Ano: 2025

Gênero: New-Electro, Club/Dance, Pop/Rock

Ouça: ‘Far Away’, ‘Future’, ‘Times’

Pra quem curte: Memory Map, Acid Mothers Temple

Humor: Atmosférico, Enigmático, Hipnótico

NOTA DO CRÍTICO: 6,0


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