Faixas "manipuladas" incluem versões aceleradas, desaceleradas ou "modificadas" de músicas.
Um fenômeno intrigante tem afetado as principais plataformas de streaming de música, revela um recente estudo. Mais de um milhão de faixas musicais, alteradas em velocidade ou em outras características, foram identificadas em serviços como Spotify, Apple Music e TIDAL, levantando questões significativas sobre direitos autorais e licenciamento legal.
A pesquisa, conduzida pela Pex, uma empresa especializada na análise de conteúdo protegido por direitos autorais, aponta para um vasto número de músicas que sofreram modificações como aceleração ou desaceleração. Exemplos notáveis incluem versões alteradas de grandes sucessos, como 'Bloody Mary' de Lady Gaga, que alcançou impressionantes 25 milhões de streams, e 'Heartbeat' de Childish Gambino, com 19 milhões de streams.
Essas mudanças, no entanto, não são apenas estéticas. Elas representam uma clara violação dos direitos autorais, pois são feitas sem a licença legal necessária. Isso significa que os criadores originais dessas obras não estão recebendo os royalties devidos pelas transmissões dessas músicas manipuladas.
Rasty Turek, CEO da Pex, em entrevista ao Music Business World, comentou sobre o fenômeno. "Existe um grande número de pessoas tentando desfrutar de conteúdo como este, incluindo mixagens Nightcore e similares. E há uma semente legítima para o movimento. Se as pessoas gostam desse tipo de música, elas deveriam ter acesso a ela”, afirmou ele. No entanto, Turek ressalta a importância da atribuição adequada: "Mas, ao mesmo tempo, deve ser exigida uma atribuição adequada. E isso depende muito mais das plataformas e serviços do que do artista essencialmente ir pescar.”
Este estudo joga luz sobre um aspecto preocupante do mundo digital e da música, destacando a necessidade de uma melhor regulamentação e conscientização sobre os direitos autorais no ambiente online. À medida que a tecnologia avança, fica claro que a legislação e as políticas das plataformas precisam evoluir para proteger tanto os criadores quanto os consumidores de conteúdo.
O Spotify tem enfrentado desafios significativos com a enorme quantidade de músicas disponibilizadas em sua plataforma, além de mudanças nas práticas de distribuição de royalties. Foi revelado recentemente que aproximadamente 25% das músicas em plataformas de streaming nunca foram ouvidas.
Essa situação levou a uma importante mudança de política por parte do Spotify. A empresa agora exige que as músicas alcancem pelo menos 1.000 streams antes que os artistas possam receber qualquer pagamento de royalties. Esta medida parece ser uma tentativa de gerenciar melhor a vasta biblioteca de conteúdo e assegurar uma distribuição mais justa dos rendimentos.
Paralelamente, a União Europeia tem pressionado por reformas no setor de streaming. Há um apelo crescente por maiores pagamentos de royalties para os artistas e uma melhor gestão dos metadados das músicas. O objetivo é aumentar a visibilidade das obras dos artistas nas plataformas, garantindo assim que sejam mais facilmente descobertas e reproduzidas. Esta iniciativa da UE destaca uma crescente preocupação com os direitos e a remuneração justa dos criadores de música na era digital.
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