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Mad Men discute sobre relações de trabalho, consumismo e a influência da propaganda na sociedade

Mad Men é aquela série que mesmo longa nos leva a ver todos os episódios com prazer

Mad Men era como se chamavam os publicitários americanos nas décadas de 50/60. Em torno dessa expressão, Matthew Weiner, que trabalhou em alguns episódios de Sopranos, teve a ideia de criar uma série que descrevesse o universo da publicidade no passado. Contendo 92 episódios divididos em 7 temporadas, foi transmitida pela AMC durante 2007 a 2015. No Brasil, ficou conhecida como Mad Men: Inventando Verdades.

A série se passa nos anos 60 e traça a trajetória de uma agência de publicidade nova-iorquina liderada pelo grande Donald Draper (John Hamm). Publicitário de sucesso, homem charmoso de meia-idade galanteado pelas mulheres, preterido por outras empresas, exigente, enérgico, talentoso, venerado pelos colegas.

Em contrapartida, ele é um homem que prefere não falar de seu passado, porém nada parece ficar escondido e muitas verdades podem surgir. Claro que os episódios delineiam isso bem e entregam gradualmente uma trajetória repleta de reviravoltas e descobertas, usando sabiamente cliffhangers poderosos e uma crescente evolução do enredo e dos inúmeros personagens.

Ao tratar de uma agência, não poderíamos deixar de citar o ambiente profissional que geralmente acontece em meio a um cenário instável. Podemos esperar os diversos estereótipos, alguns bem conhecidos: bajulador, faz-tudo, invejoso, ganancioso. Temos passagens bem distintas que envolvem relacionamentos de amizade, traições, acordos, mentiras e suicídio (num dos episódios mais tristes do seriado).

Mad Men tem um elenco forte com grandes nomes, apesar de ter focado bastante em Draper. Muitos atores e atrizes que hoje fazem bastante sucesso: Jared Harris (Chernobyl), John Slattery (O Que Fazemos nas Sombras), Christina Hendricks (Good Girls), Kiernan Shipka (O Mundo Sombrio de Sabrina).

Outro destaque fica por conta de Peggy Olson, papel representado por Elisabeth Moss, que também estrelaria a famosa O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale). Peggy é aquela personagem feminina que se sobressai num ambiente dominado por homens sobretudo num cenário onde a mulher não conquistava o mesmo espaço.

Perfeito como Mad Men situa o espectador dentro do contexto que retrata (década de 60 e início dos 70). Representa fielmente a cultura e a sociedade americana do passado pautada bastante no American Way of Life. Acomoda bem as características e costumes da época que representa como hipervalorização da indústria do tabaco e do álcool, a publicidade com o poder de convencer o consumidor, o extremo consumismo como obtenção de status.

Também existiu todo um capricho em descrever as mudanças que aconteciam. Empresas fazendo fusão para evitar falências, a televisão fazendo parte cada vez mais da vida familiar, as inovações tecnológicas transformando a vida das pessoas.

Estrategicamente, os produtores se preocuparam em descrever momentos históricos lembrados até hoje como a morte de Marilyn Monroe, o assassinato do presidente John F. Kennedy, a Guerra do Vietnam, entre outros. Fatos históricos que são lembrados na série e que acabaram transtornando os personagens do seriado criando episódios bem melancólicos sem perder o charme.

A trilha sonora é variada, trazendo gêneros distintos em canções que continuam atemporais. Numa extensa seleção com mais de 100 canções, citamos: 'You Really Got Me' (The Kinks), 'Tomorrow Never Knows' (The Beatles), 'Walk On By' (Dionne Warwick), 'Don't Think Twice, It's All Right' (Bob Dylan), 'Água de Beber' (Astrud Gilberto e Tom Jobim), 'Try (Just A Little Bit Harder)' de Janis Joplin.

Mad Men é aquela série que mesmo longa nos leva a ver todos os episódios com prazer. Somos cúmplices dos personagens em suas trajetórias, muitas vezes felizes, outras mais amargas. Também acompanhamos a evolução de todo um contexto onde a publicidade teve fator determinante no modo de viver da sociedade (e você nem precisa saber nada em relação a essa área). Recomendada.