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Foto do escritorTiago Meneses

Ill Considered – Precipice: atmosfera agradável, melodias delicadas e ritmos bem elaborados

"Precipice" explora harmonias não convencionais, ritmos complexos e improvisações intensas, criando paisagens sonoras que capturam a essência do jazz moderno enquanto se aventuram em terrenos experimentais

Ill Considered
Foto: Lisa Wormsley


Ill Considered é uma banda que surgiu em 2017, quando Emre Ramazanoglu (bateria) e Idris Rahman (saxofone) resolveram iniciar um projeto musical comnenfoque na experimentação e improvisação. Eles tinham o desejo de explorar novos caminhos criativos, adotando uma formação instrumental que abrange bateria, saxofone e baixo, esse último ficando a cargo de Jean-Marie Brichard. A primeira sessão de jam que a banda realizou foi registrada e, logo em seguida, mixada e masterizada em um intervalo de 24 horas, resultando na produção do álbum de estreia do grupo.


A abordagem independente de produção no estilo "faça você mesmo" mostrou-se extremamente eficiente para a banda. Nos três anos seguintes ao seu início, trabalharam de forma autônoma na criação de diversos álbuns. No total, eles lançaram nove álbuns, sendo que alguns foram gravados ao vivo em performances enérgicas, enquanto outros foram registrados em estúdio. A combinação de sua abordagem improvisada e a sua dedicação à produção ágil e independente consolidou a posição do Ill Considered como uma presença marcante no cenário do jazz instrumental contemporâneo.



Essa metodologia de trabalho, marcada por experimentações ousadas e uma busca constante por novos sons e técnicas, definiu não apenas a identidade artística do grupo, mas também serviu como um catalisador para sua evolução contínua. O grupo vem construindo um legado que é marcado por uma discografia rica em variedade e profundidade, além de desafiadora. Sua mais nova obra a ser exposta em sua vitrine musical, também é uma sequencia natural de um rio agitado, mas que sabe exatamente para onde está indo.


Precipice é um álbum que incorpora elementos do jazz estilo livre, conhecido como free jazz, com influências de músicas de vanguarda. Essa fusão oferece uma experiência sonora poderosa. As composições do álbum exploram harmonias não convencionais, ritmos complexos e improvisações intensas, criando paisagens sonoras que capturam a essência do jazz moderno, enquanto se aventuram em terrenos experimentais. Ramazanoglu, Rahman e Brichard proporcionam ao ouvinte uma dinâmica envolvente, entregando peças que são um verdadeiro deleite para quem aprecia músicas feitas com liberdade criativa.


Ainda que o trio tenha sido conhecido por sua ousadia e experimentalismo em álbuns anteriores, não é justo usar isso para diminuir a grandiosidade do novo trabalho. Idris Rahman é um saxofonista incrível e está à frente da sonoridade do disco, liderando com performances marcantes que equilibram ataques energéticos com notas espaçadas, sempre executadas com um forte senso de direção e propósito. Esse equilíbrio entre intensidade e calma permite que o álbum entregue uma experiência auditiva rica e multifacetada.



Enquanto isso, Jean-Marie Brichard e Emre Ramazanoglu entregam uma seção rítmica firme e cuidadosamente trabalhada. Brichard, no baixo, e Ramazanoglu, na bateria, demonstram uma incrível sincronia enquanto executam linhas rítmicas sólidas e dinâmicas em performances que se complementam muito bem. Os dois trazem uma combinação de energia e estabilidade ao disco, sustentando as melodias com firmeza. As linhas de baixo adicionam profundidade ao som, enquanto os ritmos de bateria de Ramazanoglu marcam o tempo com clareza e precisão, monde ambos estabelecem uma estrutura musical robusta que mantém o disco interessante do início ao fim, proporcionando uma experiência sonora valiosa.


Embora o álbum apresente uma quantidade menor de explosões sonoras e passagens instrumentais intensas do que eu normalmente costumo preferir em trabalhos dessa natureza, sua música é uma experiência auditiva excepcional. Precipice proporciona uma atmosfera agradável, que pode ser apreciada de várias maneiras distintas. Quando tocado em segundo plano, o álbum cria um ambiente sonoro suave e harmonioso, ideal para momentos de relaxamento ou atividades cotidianas. Suas melodias tornam-se uma trilha sonora agradável que acompanha suavemente o ambiente, proporcionando uma sensação de serenidade.



Em contrapartida, caso o ouvinte queira imergir dentro do álbum e abraçar toda a sua profundidade e complexidade, os arranjos intricados e as harmonias cuidadosamente construídas o convidam para uma viagem sônica profunda. Essa versatilidade é o mais interessante, pois atende a diferentes estados de espírito e preferências, agradando tanto a quem busca uma experiência tranquila quanto a quem deseja uma imersão mais profunda na música.

 

Precipice

Ill Considered


Ano: 2024

Gênero: Free Jazz, Música de Vanguarda

Ouça: "Vespa Crabro", "Linus with the Sick Burn", "Katabatic", "Solenopsis"

Pra quem curte: Shabaka And The Ancestors, Jaimie Branch





 

NOTA DO CRÍTICO: 8,5

 

Ouça " Linus with the Sick Burn"



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