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Hadsel é um refúgio seguro para o Beirut continuar com suas canções de belos arranjos

Beirut vai chegando a mais uma década de existência repetindo o espírito de criar boas melodias com arranjos requintados.

Beirut
Foto: Lina Gaisser


Zach Condon é um músico que, ao lado do Beirut, sua banda de apoio, lançou um grande disco quando tinha apenas 20 anos de idade. Hadsel é um pequeno território bucólico e isolado composto por quatro ilhas localizado na Noruega.


Essas duas curiosidades se juntam e começam a formar a história por trás de "Hadsel" (2023). Não apenas dar nome ao novo e sexto álbum do Beirut, mas também de ser uma forte inspiração para Zach. O músico encontrou nesse recanto geográfico um alento para seguir adiante e repensar na vida após passar por um momento delicado quando teve problemas em sua garganta.



Numa década (2000-2010) em que muitos grupos e projetos musicais chegariam para se tornar fortes no cenário musical, Beirut trouxe uma musicalidade diferenciada e ousada dentro do panorama indie que começava a mostrar seus grandes expoentes.


Reunindo Eletrônica, Folk e até a sonoridade musical dos Bálcãs, Zack junto a seu grupo provou que elementos tradicionais do Pop-Rock poderiam ser associados a contornos orquestrados. Entra no rol dos grandes artistas que redimensionam a música obscura que acontece em outros lugares do mundo para uma sonoridade mais abrangente e de fácil acesso para outros ouvintes.


O début "Gulag Orkestar" (2006) seguido por "The Flying Club Cup" (2007) convidavam o ouvinte a frequentar um universo de arranjos incrementado por uma variação de instrumentos (tuba, bombardino, acordeão, flugelhorn, ukulele, etc). Tudo sem soar complexo demais e capaz de conquistar quem busca novos horizontes sonoros.

Para o novo disco, o grupo continua extrapolando sua riqueza instrumental. Os costumeiros sopros e cordas, sempre eficientes, recebem adições de instrumentos raros a essa busca do Beirut em criar camadas e texturas a cada audição.



Utilizar um acessório retrô como uma Tape Machine 60’s ou mesmo um órgão de igreja datado do início do Século 19 é um recurso interessante e destaca a proeza de um artista e seu grupo que sabem conciliar passado e modernidade.


A inspiração que o cantor recebeu chega forte em faixas como ‘Arctic Forest’ e ‘Island Life’. Uma atmosfera fria, embora ainda convidativa, que traz sonoridade e percussões aquáticas, nos fazendo cúmplices desse isolamento de Zach. Uma carga sinestésica exata que nos joga perfeitamente em sua forma de compor, ainda mais acentuado com os vocais que crescem gradualmente.


A melancolia é reinante no álbum, mas nunca desanimando o ouvinte, pelo contrário, consegue ser capaz de deixá-lo curioso pela próxima faixa. Mesmo quando a Eletrônica ganha corpo, ela chega de forma introspectiva, caso de ‘The Tern’ que é criada com uma base percussiva contagiante.



Beirut vai chegando a mais uma década de existência repetindo o espírito de criar boas melodias com arranjos requintados. Em sua busca por cura e recuperação, é Zach Condon que nos receita o medicamento necessário para muitos momentos da vida: a música que conforta e que alimenta nossa vontade de sempre reverenciar essa arte.

 

Hadsel

Beirut


Ano: 2023

Gênero: Indie Rock, Indie Folk, Alternativo

Ouça: Arctic Forest, So Many Plans, The Tern

Humor: Agridoce, Gracioso, Melancólico

Pra quem Curte: Fleet Fox, Sufjan Stevens


 

NOTA DO CRÍTICO: 8,5

 

Veja o vídeo oficial de ‘So Many Plans’:




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