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Entrevista: Ana Luísa Ramos nos conta sobre suas influências e detalhes de produção do adorável 'Solaris'

"Eu cresci rodeada de música. Minha avó sempre escutou música erudita, e meu pai é grande fã de música brasileira."

A cantora Ana Luísa Ramos
Ana Luísa Ramos por Sarah Kierstead


Ana Luísa Ramos, cantora e compositora brasileira nascida em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, deu início à sua carreira musical ainda na infância, participando do Coral Infantil da Cia Minaz e, aos 14 anos, integrando a Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. Com uma trajetória internacional, já lançou mais de 15 álbuns e EPs, consolidando-se como uma artista de renome. Atualmente, mora no Canadá para conciliar sua rotina de shows entre Brasil e diversos países do mundo.


Em 2024, ela lançou "Solaris", seu novo e bonito disco de estúdio, que vem a ser seu terceiro disco solo. Ditas as apresentações, nosso redator Alexandre Tiago fez uma entrevista bem especial com a artista para falar de suas influências, suas referências e sobre o álbum.

 

Obrigado por concordar em realizar esta entrevista com o Teoria Cultural. Para começar, gostaria de fazer duas perguntas: como foi o processo utilizado para fazer as músicas do disco? Porque o nome “Solaris”?


Oi, Alexandre! Eu que agradeço o convite :)

A maior parte das músicas foram compostas sem ter um objetivo principal. Eu não planejava lançar um novo álbum solo, pois eu estava trabalhando na pós produção do “Our House From Here”, álbum do meu duo, o Ana & Eric, então era esse o foco musical naquele momento. Fora isso, minha filha tinha acabado de nascer, então a gente estava naquele momento de entrega total às necessidades que é ter um recém-nascido em casa. Mas foi um momento de muito amor, de muita alegria, que trouxe muita inspiração e compor novas músicas veio muito naturalmente, e quando percebi, elas falavam entre si, e assim nasceu o álbum.


Solaris” significa solar em latim, e eu queria um nome forte, que fosse numa língua neutra. O álbum é sobre as diferentes formas do amor e com o amor sendo vital na existência humana, assim como o sol, achei que seria simbólico ter esse nome.

 


Como se deu o processo de gravação, a parte de produção? Conta também sobre o projeto gráfico e o conceito da capa. Ficou uma arte bem bacana.


A gravação ocorreu entre o Canadá, Brasil e os EUA entre maio e setembro de 2023. Como o álbum foi inteiro arranjado pelo incrível Daniel Bondaczuk, estava tudo escrito, o que facilitou muito todo o processo. O Daniel, brasileiro e baseado em Nashville (EUA) também gravou os pianos. O contrabaixo, percussão/bateria, cordas, metais e backing vocals foram gravados no Brasil em diferentes estúdios, e os meus vocais e os violões foram gravados durante uma residência artística que fiz em Agosto de 2023.

 

Minha ideia inicial para a arte do álbum era de ser uma ilustração, mas quando eu vi as fotos que fiz com a Sarah Kierstead - que seriam a princípio apenas de divulgação -, eu instantaneamente quis que elas fossem capa do álbum e do single. Quem fez o design, foi o Thiago Dalleck, meu amigo de longa data e com que eu já fiz várias parcerias nos meus outros álbuns. Então eu já conhecia o trabalho dele e sabia que iria fluir muito bem!

 

Eu amaria cantar com muitos músicos e fazer parcerias! Eu não penso muito nisso no meu dia-a-dia, mas os primeiros nomes que me vem a cabeça são: Chico Buarque, Paul McCartney, Rodrigo Amarante, Mônica Salmaso.

Como iniciou sua carreira musical? Conte-nos sobre suas influências e referências culturais.


Eu comecei a cantar ainda criança, na minha cidade natal, Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, e nunca mais parei. Cantar era (e ainda é) algo muito natural para mim e nunca existiu um plano b. Sempre foi vital assim como respirar, sabe?


Eu cresci rodeada de música. Minha avó sempre escutou música erudita, e meu pai é grande fã de música brasileira. Também sou da geração da MTV, então tinha acesso a um grande leque de opções. Ao longo dos anos, fui conhecendo outros músicos, tendo diferentes experiências musicais e minha visão do mundo da música foi ficando cada vez mais rica e diversa.


Você sonha em cantar com alguma pessoa renomada da música? Se sim, quem seriam essas pessoas?


Eu amaria cantar com muitos músicos e fazer parcerias! Eu não penso muito nisso no meu dia-a-dia, mas os primeiros nomes que me vem a cabeça são: Chico Buarque, Paul McCartney, Rodrigo Amarante, Mônica Salmaso...

 

Anteriormente a este disco, eu ouvi seus trabalhos com Eric Taylor Escudero. Como aconteceu essa forte relação, tanto profissional quanto pessoal, entre vocês dois?


Aconteceu de uma forma muito natural. A gente sempre conversou muito sobre música, livros, filmes, nossas visões de mundo. Então acabou sendo muito natural que a gente fizesse música junto também. Eu comecei a cantar no projeto solo dele em 2012 e apenas anos depois que o duo começou oficialmente.


As faixas de "Solaris" são todas muito bonitas, seja na parte sonora como na parte lírica. Em "Clareia", você fez em homenagem à sua filha Clara. Que importância ela tem na sua carreira musical e na sua vida?


Ah, muito obrigada!

A Clara se tornou nossa grande companheira de música. Ela já participou da gravação de dois álbuns e já fez várias turnês com a gente. E eu não consigo imaginar minha vida sem ela!

 


"Clouds" tem uma sonoridade que transita entre MPB, Jazz e Bossa Nova, com uma letra que mostra a importância de viver o tempo presente e contemplar as coisas boas da vida. Enquanto "No Meu Lar" faz uma devoção ao lar que cada um de nós temos. Elas são faixas que se interligam? No que você se inspirou para fazê-las?


Sabe que a “No Meu Lar” é a única música que já estava pronta há anos? Eu escrevi ela antes de me mudar para o Canadá, e foi feita enquanto eu me despedia do apartamento que morava, mas deixei no meu gravador de voz no celular adormecida e nunca mais ouvi. Foi feita música e letra tudo de uma vez. Já a “Clouds” eu escrevi durante uma turnê que estávamos fazendo no Brasil no início de 2023. Acho que ambas falam da ideia de lar, que é físico, mas também bastante emocional, interno. Do nosso lar sermos nós mesmos, e como o ambiente que estamos nos afeta e vice-versa.

 


"Prologue" é uma faixa totalmente instrumental e nela dá para sentir que você ficou bem emocionada com ela. Como você descreve essa canção?


Prologue” foi escrita para ser a música de abertura do álbum. Eu queria uma canção que tivesse “cara” de abertura. Que fosse como o despertar de um novo dia, leve, que abrisse espaço para o novo. E tendo o vocalize, não usando palavras, diz muito também, deixa espaço para a interpretação de cada um.

 

"Solaris" tem faixas em inglês e em português. Por qual idioma você se sente mais à vontade de cantar e compor?


Depende muito. Não é algo que penso antes de escrever, mas sinto muito que às vezes flui mais em uma ou outra língua. Quando vou pensando nas palavras, elas já vem prontas.

 

Como tem sido a recepção do disco? Pensa em fazer uma turnê de shows?


Tem sido muito legal! É um momento muito especial, de bastante vulnerabilidade também, pois abre espaço para tudo, o que é bom e o que não é tão bom, mas acho que as pessoas são sempre muito gentis comigo e com o meu trabalho.

E sim, já tenho feito shows aqui no Canadá e no final do ano planejo ir para o Brasil!

 

O que os fãs podem esperar daqui para a frente na carreira de Ana Luísa Ramos?


Vou continuar na divulgação do álbum, comecei recentemente a lançar mini-vídeos falando de cada música e no segundo semestre vou lançar um mini-doc sobre a gravação do álbum. E shows e mais shows :)

 


Mais uma vez, agradecemos pela conversa, pela atenção e cordialidade. Parabéns, Ana Luísa, pelo disco "Solaris". Obrigado e seja sempre bem-vinda ao Teoria Cultural! Para encerrar, um bate-pronto rápido, curto e grosso. Vamos lá? Indique 1 livro, 1 filme, 1 disco e 1 série que você ama.


Eu que agradeço o carinho, atenção e por todo o trabalho que vocês fazem!

1 livro - Anna Karenina (Tolstói)

1 filme - Orgulho e Preconceito (Joe Wright)

1 disco - Terra Brasilis (Antonio Carlos Jobim)

1 série - Gilmore Girls (gosto desde adolescente)

 

 Algum recado que você gostaria de deixar para os leitores do TC?


Gostaria de pedir para que sempre ajudem a divulgar o trabalho de vocês e dos artistas que gostam. Seja curtindo, comentando, compartilhando. Indo aos shows, comprando cd e vinil, quando possível. O trabalho que todos os envolvidos nas artes fazem é de formiguinha, então cada detalhe conta!

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