Convenções do Tempo: A maturidade lírica e emocional de Leandro Borges

'Convenções do Tempo' foi lançado em 2 de fevereiro de 2024.

Músico Leandro Borges — Imagem: Reprodução.

O músico carioca Leandro Borges é um dos grandes e excelentes nomes surgidos na música brasileira no final dos anos 2010. Em 2018, ele lançou seu disco de estreia 'Ambiguidades', que mistura muito bem MPB, Bossa Nova, Samba e Jazz, com letras que soam como crônicas literárias e cotidianas da cidade brasileira do Rio de Janeiro, com um mergulho profundo pelas suas visões e emoções de uma forma bastante íntima, acolhedora e receptiva.

Agora, 6 anos depois desse lançamento, ele apresenta seu mais novo material audiovisual, que consiste em ser 'Convenções do Tempo', um EP com apenas 4 músicas inéditas para aumentar o grandioso repertório do artista, que possui renomadas influências, uma musicalidade incrível e um talento magnífico, seja para cantar, tocar um instrumento ou mesmo para compor.

De acordo com o próprio músico, as faixas “denotam todo o meu aprendizado e amadurecimento desde aquele 2018, que marcou a minha vida para sempre, com o início de uma trajetória totalmente independente em termos de mercado, mas profusa em amor e parceiros incríveis, que fizeram acontecer esse novo marco na minha jornada, pois ninguém faz nada sozinho.”

A capa é um bonito desenho que une uma cidade que está repleta de cores escuras e de cabeça para baixo para simbolizar uma vibe mais pesada com uma árvore totalmente sem vida que contrasta com uma flor de cor bem vermelha envolta de um campo cheio de azul e branco para simbolizar paz e tranquilidade.

A primeira canção desse trabalho novo é a faixa título, cujo som do violão transporta inicialmente para sentir as referências de Baden Powell, João Gilberto e Raphael Rabello. Para logo em seguida, trazer uma mistura fina entre um Jazz refinado e uma letra inspirada nos cancioneiros dos ícones Paulinho da Viola, Caetano Veloso e Chico Buarque.

Essa composição leva o ouvinte a refletir, sensibilizar e sentir uma linda canção que fala sobre o tempo e suas respectivas transformações, o quanto isso é importante para recomeçar coisas, iniciar novos projetos, pensar em sonhos e até mesmo para analisar o que se tem, a fim de alcançar voos maiores. Tudo isso com uma sonoridade incrível que parece ter sido extraída de um rádio, para deixar o ouvido ainda mais grudado a fim de captar seus detalhes.

“Aquela Flor” é um Samba bem suave que traz um lírico bem melancólico para retratar um fim de relacionamento amoroso, ao retratar toda a sua dor e seu sofrimento para mostrar que ainda ama a pessoa e tentar reconquistá-la. Mas, se não acontecer, irá fazer de tudo para esquecer dela, não importa o tempo que passe, trazendo versos que incluem elementos da natureza, como ondas quebradas e pássaros voando, com uma voz bem carregada.

“Cada Despedida” possui uma Bossa Nova com flerte na Valsa e na Música Clássica no seu aspecto sonoro, e isso é nítido na letra que convida o ouvinte para uma dança a dois, onde o lírico sentirá falta da pessoa a cada despedida, mas que se renova espiritualmente e amorosamente a cada chegada, com intenção de demonstrar que o tempo faz unir pessoas quando o amor chega para elas, e isso é feito com um romantismo muito bem feito.

“Quem Sou Eu” é a última faixa e a mais curta, com seus 2:53 minutos de duração. É mais um samba presente, mas, diferente da segunda canção, esse possui um tom mais festivo e alegre, sentindo referência musical de João Nogueira e Zeca Pagodinho, para mostrar que o amor é uma essência da personalidade do lírico, ao trazer elementos temporais, naturais e rotineiros para mostrar quem ele é, trazendo um ótimo e digno encerramento para esse trabalho.

Em resumo, 'Convenções do Tempo' reafirma Leandro Borges como um nome interessante e ótimo na música brasileira que deve ser apreciado continuamente, ao trazer canções que conversam sobre o tempo, seja de forma mais romântica, íntima ou reflexiva, para trazer um EP que se apresenta tão excelente quanto 'Ambiguidades', seu álbum de estreia. A diferença é que ele amadureceu de forma significativa e apresenta seu repertório com grande maestria.