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Constellations For The Lonely é a bela resposta do Doves para contornar os percalços enfrentados pelo grupo

Foto do escritor: Eduardo SalvalaioEduardo Salvalaio


Aquela viagem cinematográfica

A banda Doves
Crédito: Brian Stevens

O fim de uma banda é sempre doloroso, muitas vezes até inaceitável, sobretudo se ela ficou famosa com o tempo e deixou marcas entre público e crítica. Talvez esse caso nem caia tanto para o grupo Doves de Manchester. Tanto que muitas pessoas nem tinham noção do fim do grupo após o lançamento do álbum “Kingdom Of Rust” em 2009.

 

Verdade seja dita, o Doves não alcançou um sucesso tão impactante como aconteceu com outras bandas de identidades praticamente similares e que surgiram no mesmo tempo, por exemplo, podemos citar algumas como Coldplay e Elbow (também de Manchester). 

 

Justiça seja feita, o trio merece uma conferida. Com esse tempo facilitado de vasculhar música pela internet, seria um crime deixar passar discos como "Lost Souls" (2000) e "The Last Broadcast" (2002). Por si só, eles já posicionariam o grupo como uma dos mais importantes surgidos entre o final dos 90’s e o começo da década de 2000 (convenhamos, uma época ótima de novidades musicais).

 

Contrariando em parte o início do texto, é muito reconfortante ouvir sobre a volta de uma banda, inclusive quando existe um latejante pensamento de que ela tem muito para mostrar e que seu fim, certamente, foi prematuro e até injusto.


Dessa forma, após 11 anos, o grupo voltava discretamente com “The Universal Want” (2020). Um disco que não recebeu tanta divulgação um tanto por problemas de saúde do vocalista Jimi Goodwin que acabaram acarretando na falta de shows do Doves.

 


Em “Constellations For The Lonely”, o novo disco, tudo se completa para uma mistura que funciona para o resultado final: a competente produção de Dan Austin (Pixies, Massive Attack), o desempenho amadurecido dos integrantes e a adição de camadas instrumentais criativas que agregam mais sabor ao Dream Pop/Indie Rock que o Doves soube criar em seus discos anteriores.

 

‘Renegade’ começa com pianos e sintetizadores, a batida contagiante se junta à voz inconfundível de Jimmy, a guitarra chega com efeitos, uma prova eficiente que o Doves continua elaborando músicas que agradam prontamente. Por sua vez, ‘Cold Dreaming’ pode causar estranheza. Vocais diferentes? Sim, aqui eles ficaram por conta dos irmãos Williams (o guitarrista Jez e o baterista Andy). Mas é só questão de mais uma audição para entender essa mudança e sentir gosto pela mescla de Soul e Psicodelia da música.

 

‘In The Butterfly House’ é conduzida por uma bela guitarra dedilhada que lembra bastante a linha melódica de canções do Radiohead pós-Ok Computer. Certamente, um dos grandes destaques do álbum. ‘Strange Weather’ condensa dois momentos: uma primeira parte com efeitos e distorções, enquanto a segunda fica mais raivosa com os instrumentos formando uma parede sonora maciça e barulhenta.

 

Chegando à metade do disco, é hora de se deliciar com ‘A Drop In The Ocean’. Uma das melhores canções não apenas do disco, como da banda desde sua origem.  ‘Last Year’s Man’, outra faixa cantada pelos irmãos Williams, se esquiva de um padrão Indie Rock e se aproxima de um Folk com direito a harmônica e um instrumental que adquire peso conforme a canção avança.



‘Orlando’ abre espaço para um lado cinematográfico do grupo, dando ênfase na voz de Goodwin em paisagens sonoras orquestradas suntuosamente. ‘Southern Bell’ fecha o trabalho prezando arranjos acústicos, envolta numa melancolia que não tira a vibração do álbum e nem o brilho de uma banda disposta a seguir adiante depois de alguns percalços e de um término que, para nossa sorte, foi desfeito.

 

 

Constellations For The Lonely

Doves


Ano: 2025

Gênero: Indie Rock, Alternativo, Indie Rock, Dream Pop

Ouça:  ‘A Drop In The Ocean’, ‘Orlando’, ‘Renegade’ 

Pra quem curte: Super Furry Animals, Manic Street Preachers

Humor: Empolgante, Noturno, Reflexivo

 

NOTA DO CRÍTICO: 8,0

 

Veja o vídeo oficial de ‘A Drop In The Ocean’:



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